Prólogo

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*Londres, 17/03/2004 — Escola primária St. Marcus*

Harry,

Você foi um anjo que caiu na minha vida. Seu sorriso é encantador, e eu acho que a cor do seu olho é muito bonita, e também sua risada, ela é engraçada, mas não tem problema, porque a minha também é.

Você tem furinhos nas bochechas e eu acho muito fofo, e quando você ri seu olho fica todo enrugado, e isso é fofinho também!

Quando eu vi você chegar eu queria te chamar pra brincar comigo, mas eu fiquei com vergonha.

Eu acho que gosto de você, Harry, mais do que bolo de chocolate ou sorvete de flocos.

Você gosta de mim?

Com amor, Louis... :)

O pequeno Louis havia terminado de ler sua cartinha e, incrivelmente, todas as crianças que haviam se acomodado em forma de roda em volta dele estavam em completo silêncio.

Sentado ao seu lado, o aluno novo, o jovem Harry, trazia uma enorme carranca no rosto infantil, as sobrancelhas estavam enrugadas e a boca curvada em um completo sinal de insatisfação.

— E então, Harry? — Louis incentivou, com um sorriso doce e esperançoso no seu rosto delicado. Os olhinhos azuis brilhavam com a expectativa da resposta.

— É, Harry, o que você achou? — uma menina gorduchinha e loira perguntou, seu tom de voz era fino, e seus olhos sorriam como se estivesse assistindo a um filme romântico da Barbie.

— O que eu achei? — Harry finalmente se pronunciou, fazendo Louis até prender a respiração. — Você é um menino, assim como eu! Isso é nojento, eu NUNCA amarei você, eca! — Ao final de sua frase, o rosto do pequeno Styles se contorceu numa careta enojada, e em seguida o menino se levantou do banco em forma de centopeia e praticamente marchou até a sala de aula.

O jovem Tomlinson estava sem reação. Sua boca caíra alguns centímetros e seus olhos haviam perdido o foco. As mãozinhas apertavam a folha de papel quase a amassando.

Algumas das crianças haviam saído de perto, outras soltavam risadinhas maldosas, e a minoria apenas encarava Louis, sem saber o que fazer. Na verdade, nem o próprio menino de olhos azuis sabia ao certo o que fazer.

Porém, a inocência do garoto moveu seus pés até a sala de aula, sem se importar com quem estivesse lá dentro.

Com lágrimas pesadas escorrendo sobre seu rosto, o jovem Tomlinson sentou ao lado do lixo que se encontrava perto da porta, e, pedaço por pedaço, foi rasgando a carta que há dias atrás ele escrevera com tanto cuidado e carinho.

Ele não conseguia entender, o que havia de errado em ser um menino e gostar de outro menino? Será que Harry ficara ofendido quando Louis lhe falou sobre os furinhos nas bochechas?!

Porém, naquele momento, a única coisa que possuía "furinhos", era o coração do pequeno Louis, que nem havia percebido que, no fundo da sala, o menino de cabelos cacheados se encontrava, inocentemente brincando com alguns cavalinhos de brinquedo.


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