Era humilhante, mas de certa forma também acolhedora. Mirio estava sentado do lado de fora enquanto eu estava dentro da banheira. Eu chorava com a mão no rosto, o sentimento angustiante ainda estava presente e firme em meu peito.
Togata tentava sorri, mesmo com os lábios trêmulos e olhos inchados de choro. O clima mórbido permanecia sobre o cômodo frio e silencioso. Ninguém ousava em abrir a boca, nenhum dos dois tinha condições de manter um dialogo. O loiro tentou por diversas vezes falar, tentou me tocar para passar a mensagem de "está tudo bem", como sempre, mas estávamos destruídos demais para encontrar apoio.
"Calma... estar tudo bem".
"Vai passar..."
"Mas talvez não passe".
Tudo aquilo estava acabando tanto comigo, estava me destruído e eu não poderia fazer nada para apaziguar. Era como se todo o peso do mundo estivesse sob minhas costas, me forçando a afundar mais e mais.
"Se eu não o tivesse rejeitado no começo...".
"Se eu não fosse desse jeito, talvez ele estivesse aqui."
- Nos... - Mirio tentou iniciar um dialogo, mas logo a voz fugiu. - Qual nome você queria dar a ele, Amajiki? Estava pensando em Aoi ou Naoki. Sabe? Sempre achei muito bonito. - Olhei pra ele com a cabeça em uma virada em sua direção, fazendo-o levantar uma das mãos e limpar as lágrimas que não paravam de descer, deixando-a sobre minha bochecha e, assim dando carinho com a ponta dos dedos. - Se não quiser conversar sobre isso agora, eu posso parar.
- NÃO! - Gritei desesperado, segurando sua mão para impedi-la de fugir de meus toques. - Continua falando. Por favor! Eu preciso ouvir tua voz. Não me deixa sozinho... - Mirio se viu pasmo com aquela situação, olhando para mim preocupado.
- Calma vida. Eu não vou a lugar nenhum. - Sem pensar, ele me abraçou, molhando sua roupa e eu estava frágil demais para pensar - Eu te amo muito. -Ele murmurou com a voz tremula.
Seus dedos me procuravam ainda mais para um abraço mais forte para curar e apaziguar a dor de, não só um mais sim dos dois naquele maldito cômodo. Eu tremi todas as minhas estruturas com o beijo na testa que havia ganhado. Meus olhos não tinham mais condições de permanecerem abertos, muito menos minha cabeça a qual não parava de girar e gritar enlouquecida.
"Eu preciso de ajuda! Eu preciso de ajuda!", minha mente pensava na mesma frase, nas mesmas coisas o tempo todo e isso me deixava louco.
Antes não permitiria ser tão transparente, não me permitiria chorar com tanta facilidade na frente dele, mas aquela dor não saia do meu peito.
"Calma!"
"Pare de chorar agora!"
"Pare de jogar seu peso para cima dele, seu alfa não merece!"
Respirei fundo, passando as mãos nervosas pelo cabelo, sentindo-as puxando tudo em uma forma descontrolada de parar de chorar. Os soluços chegavam vagarosamente, e, uma crise de ansiedade chegou para terminar de acabar com a minha vida.
Mirio percebeu rapidamente, pegando uma toalha e me ajudando a me secar, carinhosamente me levou para o quarto, me vestindo com roupas confortáveis. Sempre repetindo a mesma frase "Calma. Está tudo bem, respire e inspire vai passar".
E ela não passava.
Ela não queria ir embora de dentro do meu peito.
- Você quer ir para um médico? -Disse Mirio preocupado, se abaixando sobre meus joelhos e segurando mias mãos. Neguei com o corpo já tomado pelos sintomas descontrolados.
Eu julgava a começar a sofre com a fumigação nas pernas e o ar faltando cada vez mais. Como se eu estivesse isolado no espaço com o capacete de oxigênio faltando como nos filmes que sempre assistir. A cabeça queria explodir com tantos pensamentos de uma só vez.
"Calma! Por que você não consegue se acalmar?"
"Calma Tamaki!"
Um dois e três... Com essa contagem minúscula, fora o bastante para me render, fora o bastante para me enlouquecer... Fora o bastante para me destruir.
"Você não merece ser pai."
"Você o perdeu por que o rejeitou no começo".
"Você é um Omega de merda!"
"Você o rejeitou..."
- Chega! - Gritei em meio às lágrimas e a dificuldade de se concentrar. O coração batia forte no peito, e parecia que não ia parar de acelerar ao ver Mirio sem saber o que fazer com tal situação. - Vão embora da minha cabeça! - Gritei de novo, gritei bravo e choroso.
- Vou te levar pro hospital. - Mirio tomou a iniciativa.
Eu estava enlouquecendo...
Eu estava destruído.
Eu, não era aquela pessoa sentada ali...
Eu...
*****
Ninguém no mundo conseguiria descrever essa dor tremenda que acabou invadindo o meu peito e por ali ficou. Nem mesmo especialistas ou até mesmo eu seria no mínimo capaz de explicar com palavras. A realidade que nem mesmo palavras foram criadas para descrever como é perder um filho. Como é perder um pedaço de você e suportar viver como o mundo quer.
Isso dói...
Machuca bastante...
Chorar. Por que essas lágrimas não param de rolar de meus olhos?
Quando elas vão embora e por que eu não tenho mais o controle disso?
Ansiedade.
Desespero.
Medo.
Culpa.
"Se eu não o tivesse rejeitado no começo, talvez ele estivesse bem."
"Se eu não fosse tão merda, ele estaria aqui."
"Sou uma pessoa ruim para não ter um filho?"
"Eu seria um pai ruim?"
"eu faria algum mal?"
"Eu..."
Pensamentos. Minha cabeça estava entrando em colapso. O coração acelerando e as mãos tremendo junto com os pés que não o queria me manter de pé deixava uma trilha de desespero dentro da minha alma. Gritei choroso, segurando na parede enquanto Mirio buscava meus documentos. A sensação de querer desmaiar estava me enlouquecendo.
"Eu não o merecia"
A tentativa em vão de tentar me acalmar veio como sempre, me deixando cada vez mais ansioso ao entender que isso não funcionava não importava o quanto eu repita. As lágrimas escorregavam aflitas, parecendo querer fugir do monstro que sou. Sorri na esperança de dizer com aquilo que, "estar tudo bem", mas o extremo daquela ocasião não deixava.
O problema era que sentimento estava tão intenso que, pela primeira vez me deixei dominar. Deixei-me chorar na frente de todos que me viam segurando a barra de ferro do portão, lutando para não cair.
Era humilhante.
Torturante.
Desesperador.
"Calma, respira e inspira, vai passar.."
"Mais talvez não passe."
"Se não passar, o que irá fazer?"
"Como vai agir? Afinal, você já perdeu o controle... você perdeu tudo"
"Respira e inspira..."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Desalento (Miritama)
Fiksi Penggemar- Papa-fa! - a pequena falou suas primeiras palavras no colo de Mirion que mal se aguentou em pé com tal fofura. - Muu... Mufa... Papa-fa? - Sim meu amor, papai Alfa. - Eu disse já correndo com um sorriso no rosto para pega-la no colo e morde suas...