Capítulo 6

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O céu estava nublado. Naquele dia o sol não ousara sair de trás das nuvens, o vento quente trazia a leve sensação de calor. As ruas estavam abarrotadas de pessoas com casacos. Karina vestia uma jaqueta e luvas de couro quando entrou na concessionária.

Ansiosa, andou por toda loja admirando todas as motos expostas. Aquele era a segunda paixão dela, depois das facas. Nunca tinha tido a oportunidade de ter uma moto, sempre utilizava uma das dezenas de motos do pai. Com o pagamento alto de Logan pelos serviços, teria a chance de comprar uma só para ela.

Nenhum dos vendedores se aproximaram para oferecer algum produto, todos a ignoravam apenas pela forma simples de se vestir. Caminhou até o balcão de atendimento.

— Bom dia, quanto está aquela Kawasaki Ninja 1000? — perguntou apontando para uma das motos pretas no expositor.

— Aquela custa 45.000,00. — respondeu de forma indiferente.

— Quero ela, vou pagar metade agora e a outra daqui a algumas semanas.

Karina jogou 22.500,00 no balcão, deixando a atendente pasma. Todos pararam para observa-la e Karina sentiu certa satisfação. A moça pegou uns papeis e Karina os assinou, pegando a chave da moto. Funcionários iniciaram uma sessão de bajulação, mas Karina apenas colocou o capacete que veio junto com a moto e subiu na motocicleta, dando partida e saindo da loja.

A moto ganhava velocidade nas avenidas, o barulho característico era música para os ouvidos dela. Após alguns minutos finalmente chegou na universidade. A euforia invadia o corpo da assassina enquanto esperava sentada em cima da moto. O vento abafado a obrigou a tirar o capacete, o apoiando em cima do tanque. Precisava esperar Logan sair da aula, a missão dos dois não esperaria. Ao ver o rapaz saindo pela porta da frente, abriu um largo sorriso.

Logan havia tido uma longa manhã cheia de contas e equações. Inutilmente tentava estalar a coluna que teimava em doer. Ao sair da instituição, caminhou rumo a rua. De relance ele notou Karina parada em cima de uma moto o chamando. O coração de Logan disparou a medida que caminhava, queria entender o motivo de sempre se sentir assim na presença da assassina.

— Nossa, não sabia que gostava de motos. — comentou surpreso ao analisar o veículo a sua frente.

— Tem muita coisa que você não sabe sobre mim, querido. — respondeu abrindo um sorriso felino. — Sobe ai, temos que fazer algo.

Logan pegou o capacete e subiu na moto assim que Karina a ligou. Sem cerimonias, ela acelerou pelas ruas, fazendo com que Logan segurasse firme na cintura dela. Karina costurava por entre os veículos de forma perigosa, mas com uma maestria que só ela tinha. A adrenalina ainda continuava no corpo deles quando finalmente pararam em um parque. Os dois caminharam até um banco e se sentaram um do lado do outro.

— O que estamos fazendo aqui? — questionou curioso

— Seu irmão trabalha naquele prédio, precisamos saber a hora que ele vai chegar. — anunciou apontando para o enorme arranha-céu do outro lado da avenida. — Agora me conta, qual o motivo para querer matar o próprio irmão?

—Meus motivos não são da sua conta! — brigou fechando o semblante.

— Calma ai garotão, eu estou encarregada de matar seu irmão. O mínimo que mereço é saber a história sórdida.

Karina soltou um longo suspiro ao ver a carraca estampada no rosto dele. Pelo que estava vendo, seria mais difícil trabalhar com Logan do que imaginava. Logan praguejou mentalmente por deixar sua sede de vingança falar mais alto a ponto de se sujeitar a ver o próprio irmão morrer lentamente e ainda ter que aguentar muitas perguntas pessoais. Mas diante daquele pedido, ele se permitiu confiar naquela mulher que conhecia a apenas alguns dias.

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