L U K E
Meus olhos demoram a se acostumar com a falta de luz no apartamento, denunciando que a soneca que eu havia tomado, após arrumar algumas caixas, havia demorado bem mais do que eu pensava.
Uso dos meus dedos para pressionar o botão que leva eletricidade até o abajur, iluminando cada canto escuro do meu quarto. Consigo ver o edredom branco dobrado perfeitamente sobre a cama e Petunia estirada ao seu lado, com certeza aproveitando do meu momento de cansaço.
Levo alguns minutos até levantar da cama e conseguir visualizar minha casa sem tremores, usando do óculos de grau para auxiliar no caminho até o banheiro. Minha camiseta é jogada no cesto vazio e me apoio sobre o balcão para que pudesse lavar meu rosto, inchado e vermelho pelo sono.
A água gelada me desperta, mas deixo de acreditar tanto nesse fato assim que endireito minha postura e tenho a visão do espelho, qual revela a mesma figura de mais cedo.
Suas pernas finas são extremamente rápidas e sua roupa larga parece acompanhar o vento que sua velocidade causa. Eu nunca havia visto alguém correr tão rápido na minha vida, mas era cercado de pessoas não atléticas.
—Quem tá aí?—Quebro o meu pavor no instante que grito, abandonando o banheiro e abrindo cada uma das portas do apartamento. Não havia nada, tudo no lugar, tapetes e decorações ainda guardadas em caixas.
Petunia parece farejar, mas é questão de tempo até ela se deitar no tapete felpudo, esticando suas pernas gorduchas e peludas.
—Seu pai tá ficando doido, não é?—Pergunto carinhosamente a minha grande filhote, que parece se encontrar em meu carinho, mas não deixa de lado seus olhos pidões.—Vem, vamos jantar.
Os grãos da ração de Petunia tilintam no pote decorado e o cheiro da comida me faz fazer uma careta, acabo por me questionar o quão triste seria comer algo assim todos os dias, mas Petunia nem parece se importar quando ataca o seu jantar com toda voracidade.
Praticamente me arrasto até a geladeira na esperança de que houvesse qualquer ingrediente atrativo para meu jantar, mas tudo que encontro são garrafas de água, cerveja e um par de ovos abandonados do meu almoço.
—São vocês as vítimas dessa vez.—Brinco ao agarrar o alimento e uma vasilha que fosse resistente, quebrando ambos com agilidade e o mexendo lentamente.
Petunia levanta sua cabeça assim que ouvimos um barulho fraco na sala, como se algo se movesse. Eu prendo a respiração e dou curtos passos até escutar a melodia.
Um dos meus discos parecia tocar na vitrola que Ashton havia me dado de presente, mas isso era quase impossível já que a vitrola estava desligada, sem qualquer contato com a energia.
Prendo a respiração e atravesso a sala da forma mais rápida que consigo, sem nem lembrar das caixas ou sacolas que estavam espalhadas. Tudo que eu quero é desligar a maldita vitrola.
—Terapia. Você precisa de terapia.—Sussurro para mim mesmo quando tudo que há no meu apartamento é o silêncio e o mais puro e genuíno medo em meu corpo.
Meus olhos caiem sobre o carregador jogado no chão, me lembrando que antes ocupava a tomada que ligava a vitrola. A tela pisca algumas vezes e tomo coragem de me aproximar, vendo algumas mensagens destacadas por meu fundo de tela.
Calum, Michael, Andy.
E ela.
Seu nome ainda continha o sobrenome Hemmings, sua foto destacava seu sorriso e seus olhos tão profundos.
Eu precisava ouvir sua voz, então sem ao menos pensar meus dedos permitem sua mensagem reproduzir.
—Huh...Luke? Eu não sei se vai me responder ou...só ouvir. Enfim, eu queria saber como você está, como vocês estão? Eu sinto a sua falta. Aqui é legal, você iria gostar e...eu sou péssima com isso. Desculpa.
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Invisible; lrh (Reescrevendo)
FanfictionApós uma pausa de meses com sua banda e um término ruim de namoro, Luke Hemmings decide que é hora de recomeçar sua vida do zero e seu primeiro passo é se mudar da casa de seu amigo Ashton. Seguido de meses de procura, Luke compra um apartamento que...