L U K EO gotejar da água no chão era como uma contagem; um, dois, três, silêncio. Meus pés pareciam afundados em sua profundidade, e de tão espesso, não tinha certeza que eu chegaria tão longe.
Tudo ao meu redor era escuro, apenas se via um ponte luz longe, que abria e fechava lentamente pela corrente de vento tempestuosa. Tento gritar, mas nada sai.
O meu desespero aumenta.
—Olhe além do que vê.
Uma voz feminina sussurra quase me meu ouvido, consigo sentir os pelos em minha nuca se eriçarem e grunho, de pura agonia e medo.
—Olhe para mim.
E ela repete mas mal consigo andar, muito menos mover meus calcanhares. Sinto a água subir até meu peitoral, completamente molhado pela falta de tecido em meu corpo.
Quando meus olhos descem, um par de mãos pálidas e finas me circulam e me puxam, fazendo voltar a o que eu pensava ser a realidade.
Meu quarto.
Não havia água, muito menos ausência de luz. As persianas já indicavam que estava de manhã e Petunia também; me encarando com seus olhos mais pidões possíveis.
Após despejar a quantidade de sempre em seu pote, encontro meu celular jogado sobre o balcão, sem fio algum conectado o que fazia sua bateria estar fraca.
Ao meio de diversas notificações perguntando sobre músicas, a banda, ou até mesmo minha saúde, encontro o nome de Calum e algumas ligações.
"Café?"
Respondo sem muito ânimo, sabendo que eu precisava comer algo que se aproximasse do saudável e que meus armários também iriam querer algo melhor que torradas e ração de cachorro.
Ao encarar meu reflexo consigo ter certeza que precisava de um banho. Meus cabelos estavam presos e bagunçados, levemente escuros já que precisavam ser lavados. Grandes bolsas escuros ocupavam a área abaixo dos meus olhos e minha barba deixava a desejar.
Mais uma semana naquele estado e me levariam para uma área de reabilitação social.
—Tudo bem, se alguém estiver aqui..—Resmungo ao meio da sala, olhando para cada um dos lados vazios ao meu redor. Cortinas, mesas e portas e nada parecia anormal.—Eu sei seis tipos de orações diferentes.
Minha cozinha ainda estava vazia e limpa, o quarto do jeito que eu deixei, o estúdio menos intocável ainda. Não havia sinal do que o que eu havia visto era real.
Meus olhos azuis param na última porta do corredor, completamente branca e sem vida. Engulo em seco já que era o meu destino e naqueles últimos cinco segundos, havia virado a coisa mais aterrorizante do mundo.
Minhas grandes mãos circulam a maçaneta e escuto a madeira estralar, como se fosse um filme de terror prestes a te fazer cair do sofá. Sussurro uma prece, sabendo que se dentro daquele banheiro houvesse um enorme pentagrama, era o meu fim.
Quem cuidaria de Petunia?
Em um resquício de coragem, a impulsiono de forma que se abriria e grito. Grito tão alto que Petunia late imediatamente e tenho certeza que uma boa multa viria parar em minha porta.
E não havia nada lá. Nada além do meu medo e falta do mínimo de coragem.
—Me desculpa, me desculpa linda.—Sussurro para Petunia latindo incansavelmente em meus pés, talvez pronta para me proteger com bem mais coragem que um dia eu tive.
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Invisible; lrh (Reescrevendo)
FanficApós uma pausa de meses com sua banda e um término ruim de namoro, Luke Hemmings decide que é hora de recomeçar sua vida do zero e seu primeiro passo é se mudar da casa de seu amigo Ashton. Seguido de meses de procura, Luke compra um apartamento que...