Como tudo começou

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Quente está muito quente, meus olhos ardem devido a fumaça expessa que me envolve, não sei onde estou ou como vim parar aqui. Fogo está tudo pegando fogo, eu não posso morrer aqui eu não posso!

Tento convencer minha mente de que há uma saída deste lugar, e que sairei viva porém, a cada passo que dou mais fraca eu fico. " Por favor senhor, não me deixa morrer aqui." É o que peço silenciosamente, asas eu vejo asas aparecem em minha frente, elas me envolvem e então uma sirene alta começa a tocar muito alta, sirene dos bombeiros...

-Lupi, acorda temos trabalho!-sinto meu corpo balançar, enquanto a voz continua a repetir a mesma frase. -Lupita vamos!

Meu torpor pós sono se evaporou assim que percebi a gravidade da situação, corri para as barras escorregando para o térreo junto com minha parceira. Na minha profissão um segundo pode significar vida ou morte, eu preferia que meus pacientes ficassem com a primeira opção. Depois de vestir o casaco e pegar minha maleta saímos a toda velocidade seguindo o grande caminhão de bombeiros.

Ainda não havia amanhecido e as ruas da cidade estavam com um pequeno fluxo de carros, o que facilitava nosso deslocamento até a ocorrência. Cinco minutos de adrenalina mas ruas de Chicago e finalmente chegamos a casa em chamas, a família estava dormindo quando o incêndio começou. O pai conseguiu sair com uma das crianças, porém a mãe ficou presa com o bebê no segundo andar.

Mesmo com todo o meu treinamento não tinha como não se emocionar com o desespero da mãe para salvar seu bebê, felizmente ela estava na sacada da casa o que facilitou o resgate, os bombeiros utilizaram a escada para chegar até eles e finalmente tirar mãe e filho das chamas. Eu como paramédica fui a primeira a receber o bebê nós braços e prestar os primeiros socorros, enquanto a mãe era atendida por minha colega, ao lado do filho. A criança maior e o pai não tiveram nenhum dano, já a mãe e o bebê foram levados ao hospital para monitoramento.

-Finalizando o último dia grande estilo em Rodriguez.- Brincou Zack um dos bombeiros.

-Se não for para ter adrenalina eu nem levanto da cama.- Devolvi a brincadeira.

-Tem certeza que quer ir para tão longe filha?- perguntou Doc, meu chefe e pai de todos no corpo de bombeiro. - Com esse novo vírus pode ser perigoso viajar.

-Eu sei Doc, mas minha família está lá eles estão preocupados. E não precisa chorar não sei velho sentimental, eu volto afinal "vírus novo" aparece um a cada ano e todos prometem o apocalipse.

-Mesmo assim se cuida garota, e nos mantenha informados.

-Pode deixar!- reclamei batendo contingências para irrita-lo. 

Me despedi de todos no trabalho e fui para casa, tinha exatamente quatro horas para embarcar para Atlanta. Deitei para dormir um pouco e sonhei novamente com as asas de anjo a me envolverem.

Me arrastei para um banho e desci com minhas duas malas para garagem, ia deixar meu carro no estacionamento do aeroporto para Mary minha amiga pegar mais tarde. Meu vôo estava marcado para o meio dia, cheguei com antecedência para fazer o check in e  comer algo na lanchonete.

O aeroporto estava lotado como nunca havia visto, pessoas gritavam e brigavam com os atendentes no balcão, a segurança parecia que não estava dando conta da confusão. Eu não sou uma pessoa de se assustar facilmente porém aquela situação me deixou receosa, talvez o tal vírus fosse mesmo algo grave. Peguei a fila quilométrica da minha companhia aérea e fiquei escutando as pessoas conversarem ao meu redor.

"O jornal disse que o vírus deixa todos doentes e que depois de algumas horas as pessoas ficam agressivas e incontroláveis."

"Meu irmão está no exército e disse que o presidente mandou que todos os soldados voltarem para casa"

"Estão restringindo as informações para não criar pânico."

Não criar pânico, pensei olhando ao redor. Meia hora de fila até que os alto falantes do saguão anunciaram que nenhum avião levantaria mais vôo, e que essa era uma ordem nacional.

Merda, isso está muito errado!

Uma confusão generalizada começou, com violência e empurra, empurra. Aproveitei que estava um pouco atrás da confusão e voltei para meu carro quase correndo. Joguei minhas malas de volta no porta-malas e peguei a estrada. De uma forma ou de outra eu chegaria em casa.

Era uma viagem de 11hs e 15 min até a casa dos meus pais em Atlanta. Depois do que vi naquele aeroporto não queria parar e correr o risco de ser pega pode essa doença no caminho, então apenas parei em um posto para comprar litros de gasolina e comida. Parei para comer uns salgadinhos e descansar a vista por volta das 19hs e logo depois voltei a dirigir agora um pouco mais perto de meu destino.

Cheguei em casa poucos minutos para meia noite, encontrei minha mãe fazendo guarda na janela me esperando. Reparei que haviam taboas pegadas em todas as janelas da casa e fiquei ainda mais preocupada.

-Ainda bem que chegou filha, estava preocupada já. Encontrou com alguns daquelas coisas pela rua?- mamãe perguntou enquanto me abraçava.

-Que coisas mãe?

-Ainda não viu nenhum infectado?- ela parecia descrente.- As pessoas ficam estranhas querem comer umas as outras. Parece filme de terror.

- Tem certeza que não é invenção mãe?

- Não menina, eu vi o senhor Holks atacar a mulher no gramado de casa. Um policial teve que atirar nele, e nem com cinco tiros no peito ele parou, teve que atirar na cabeça para matar aquela coisa.

- Que horror mãe, como a senhora ficou aqui sozinha? - Meu padastro que considerava um pai morreu a um ano deixando minha mãe sozinha em casa, eu e Rosita a filha dele já havíamos nós mudado.

-Fiquei morrendo de medo minha menina, mas não por mim por você e sua irmã.

-Rosita está vindo?

-Não consegui falar com ela, sabe como é essas coisas de exército né?- Falou ela nervosa, se tem algo que desestabiliza dona Guadalupe é a segurança de suas meninas.- Disseram que ela estava em uma missão fora e que passariam meu recado quando ela voltasse.

-Tá bem mãe, vamos nos manter o mais seguras possível aqui, isolar o contato com o mundo exterior e principalmente a entrada desses infectados.

Chequei todas as portas e janelas e graças aos céus todas estavam vedadas com taboas, apenas a porta da garagem estava livre porque o portão de ferro nós dava alguma segurança. Foram dias assistindo tv e aprendendo que quantas barulho, movimento ou contato pode chamar atenção daquelas coisas, permaneciamos o mais silenciosas possível, o mínimo de tempo na parte de baixo da casa e sempre com luzes apagadas.

O bairro que mamãe morava ficava um pouco afastado do centro o que nos permitiu mais segurança e menos avistamentos daquelas coisas. Acompanhamos os meios de notícia caírem, os serviços de saúde e segurança, e o pior o governo. Estávamos apenas uma pela outra. Infelizmente nosso isolamento acabou com o último enlatado, tive que tomar a difícil decisão, morrer de fome ou me arriscar.

Infelizmente para mim essa decisão custou a vida da pessoa mais importante da minha vida, minha mãe.

Olá leitores fantasmas, essa é minha primeira história nesse perfil, tenho outro perfil onde posto meus originais se quiserem conhecer FernandaGomz. E espero que gostem dela. Me digam o que acharam desse primeiro capítulo, estou esperando ansiosamente.

Sob Suas Asas (Daryl Dixon)Onde histórias criam vida. Descubra agora