Capítulo 1

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Mariana

Só havia quatro meses que eu fazia parte dos colaboradores da Amarílis Cosméticos em Geral, mas parecia bem mais que isso, afinal, eu nunca poderia imaginar que trabalhar para o sr. Perfeitinho fosse tão difícil. Quando vi a oportunidade sendo divulgada em um site de vagas de emprego nunca passou pela minha cabeça que todas as secretárias dele não ficavam mais de seis meses no emprego, que Henrique tinha uma mania de perfeccionismo incontrolável e que era um petulante sem tamanho.

Neste exato momento estava pela quinta vez na xerox por uma folha ter saído torta. Pelo amor de Deus! Não dava nem para ver o desalinhamento do papel, só se tivessem o olho de águia que aquele homem tinha. E que olhos!

Enfim, isso não vem ao caso. O problema maior era ter que matar mais uma árvore por ter que imprimir uma mesma coisa pela quinta vez. E no momento o meu instinto assassino estava realmente querendo matar, mas não a coitada da árvore e sim: Henrique Baleroni.

Assim que finalizei a impressão, tentei voltar a passos largos para o seu escritório. Minha saia tubinho meio que prendia minhas passadas o que estava me irritando sobremaneira, quanto mais tentava andar rápido, mais ela fazia com que eu ficasse ainda mais lenta.

Ao chegar à sala de Henrique o encontrei como sempre: com o cenho franzido demonstrando aquela expressão de homem malvado que eu só conseguia enxergar nele. Os cabelos jogados para trás, o rosto limpo, sem um fio de barba, o queixo quadrado retesado fazendo a expressão de homem de negócio fazia com que ficasse perfeito. Henrique era a perdição para qualquer uma, mas infelizmente tudo que ele podia ter de bonito usava para afastar todas que se aproximavam dele.

Eu tinha a leve impressão de que ele só fazia isso, para evitar a sociedade que adorava comentar sobre a sua vida, e também por não querer os abutres ao seu redor. Não discordava dele, pois ninguém merecia ser lembrado só por ter dinheiro, ou por ser dono de uma das redes Amarílis.

— Pronto, sr. Henrique. — Coloquei os papéis em cima de sua mesa e fui retirando-me, pois já sabia que ele não era um homem de agradecer por nada. Um verdadeiro embuste - como dizia Paula, minha amiga que dividia o apê onde eu morava.

— Mariana, você está dispensada por hoje, terei que ir embora mais cedo e como sei que todos os seus compromissos estão em dias, você está liberada.

Parei abruptamente, pois não acreditava que ele estava falando sério. Voltei-me em sua direção e questionei:

— Ainda faltam quatro horas para o expediente acabar. O senhor tem certeza?

— Sim, pode ir. — Focou aqueles olhos em mim e um milagre aconteceu, ele deu um leve sorriso para mim.

O mundo com toda certeza ia cair em São Paulo, aquele homem nunca sorria. Algo estava muito errado. Muito mesmo!

— Tudo bem — respondi meio atônita e prossegui: — Bom final de semana para o senhor.

— Igualmente.

Saí da sala de Henrique em choque, ainda não tinha acreditado que ele havia sorrido para mim, e para completar me dispensado mais cedo. Só poderia estar alucinando.

Eu tinha que avisar isso a Paula. Desliguei meu computador, peguei meu casaco que estava no aparador que ficava ao lado da minha mesa, minha bolsa e logo achei meu aparelho celular.

Acessei o WhatsApp e enviei a mensagem para minha amiga.

Mariana: Acredita que o sr. Perfeitinho sorriu para mim?

Paula: Isso é um milagre, está aí há quatro meses e já ganhou um sorriso dele, daqui a pouco ele te pede em casamento.

Mariana:Larga de ser ridícula.

CEO Abandonado - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora