Capítulo 2

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Henrique

Há exatamente três meses eu conseguia ter algumas noites de sono completas, afinal, Lucas em seus primeiros seis meses foi um bebê que chorou muito e teve noites inquietas de sono. Mas a sua pediatra sempre me informou que isso era normal. No entanto nessa madrugada algo o incomodava, foi a partir das onze da noite que ele começou a ficar enjoadinho e tudo piorou às três horas da manhã. As mamadeiras, os banhos, e até mesmo os chás – que fiz para ele pensando ser algum tipo de cólica – não adiantaram.

Quando descobri que seria pai, fiquei extremamente preocupado, desesperado e sem saber qual rumo seguir. Afinal, eu não sabia o que era ser pai, eu nem sabia segurar um bebê de forma correta. Sem contar a desconfiança, por isso, morro de vergonha de assumir que no primeiro dia que ele esteve no berçário fiz o teste de DNA e deu positivo, então aí eu sabia que deveria assumir meu pequeno pacotinho de gente.

E mesmo antes de eu ler o exame com o positivo bem grande, já estava encantado por Lucas. Seus dedinhos pequenos em volta dos meus eram a prova que eu precisava para saber que no lugar no meu peito que eu achava que existia somente pedra, tinha um coração.

Agora vivíamos ele e eu nessa cobertura enorme para nós dois, mas tudo ia conforme o combinado. A mídia não sabia do meu filho, e só quem eu confiava tinha essa informação. Eu não queria que ele caísse na boca dos tabloides, já que eu sabia o quanto a sociedade podia ser malvada, principalmente as pessoas que queriam fazer o pior na minha vida.

Agora estava aqui tentando acalmá-lo, já que era perceptível que ele estava sentindo alguma dor que eu não sabia o que era. E tudo desmoronou quando eu soube por Joca, um dos meus sócios de uma das filiais da Amarílis que nosso maior cliente, estava querendo romper contrato e eu sabia que Albuquerque era responsabilidade minha. Por isso, sem saber o que fazer, com um filho chorando, a babá de folga e perto de perder um cliente importantíssimo, não tive escolha a não ser ligar para Mariana.

Só que não previ as consequências até estar a encarando do andar de cima, com meu bebê nos braços e ela com sua expressão de curiosidade gritante. Senti quando engoli em seco.

Nenhum de nós falou nada, pois acho que assim como eu ela também estava chocada. Sabia que tinha errado em deixar a porta aberta, mas ela também por entrar sem ser convidada. Estava tudo calculado, quando ela tocasse a campainha, eu deixaria Lucas no quarto dele e iria atendê-la, só que agora estava tudo arruinado e uma pessoa que eu não confiava plenamente sabia do meu filho.

— Deixe os papéis em cima da mesa e pode ir, Mariana. — Eu sabia que tinha soado grosso, mas não pude conter, o nervosismo estava me tomando por completo.

Ela não respondeu nada, apenas assentiu e deixou os papéis em uma mesinha de canto perto da escada. Vi quando girou as costas sem nem ao menos me direcionar o olhar novamente. Só que antes de sair, parou abruptamente e voltou em minha direção.

— O senhor precisa de ajuda? — questionou levantando sua sobrancelha.

— Não, está tudo bem — respondi de forma rude, mas por dentro eu quase pedia misericórdia que alguém me ajudasse. Estava exausto e precisava de ajuda, no entanto nunca daria meu braço a torcer.

— Não está — dizendo isso ela sem pedir autorização subiu as escadas e quando menos imaginei já estava à minha frente.

Desde o dia que contratei Mariana, eu sabia que minha vida seria um martírio, pois ela era tudo que eu admirava em uma mulher: extremamente inteligente, não abaixava a cabeça para questionamentos, tinha uma opinião formada sobre tudo, educada, sabia ter soluções para qualquer problema, e além do mais era linda, com uma expressão angelical, ruiva, e maldita seja, mas usava umas roupas que a deixavam extremamente desejável.

CEO Abandonado - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora