Capítulo 4

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Henrique

Se tinha uma coisa que odiava em toda a minha vida era atrasos, e Mariana sabia disso. Por isso, quando cheguei à Amarílis e encontrei sua mesa vazia eu sabia que algo não estava certo.

Ela sempre chegara antes de mim, então, eu podia sim estar achando tudo muito estranho. E para piorar tinha uma reunião sem falta muito importante com um fornecedor, precisava de sua ajuda, e ela simplesmente sumiu.

Liguei em seu celular uma, duas, três e mais várias vezes, e nada...

Eu tinha relevado por ela ter descoberto sobre Lucas, já que vi verdade em seus olhos quando disse que não contaria a ninguém sobre ele. Acreditei, e isso era raro, eu não confiava em muitas pessoas. Só que esse motivo não dava o direito de ela faltar ao serviço sem nem ao menos explicar o que havia acontecido.

Tentei mais algumas vezes falar com Mariana, mas não deu em nada. Então, fui para a reunião. Ocorreu tudo bem, como sempre, e o dia passou em passos lentos. Quase me esqueci de alguns compromissos que estavam na minha agenda, mas consegui sobreviver sem a maldita secretária que eu achava linda. No entanto isso não vinha ao caso, eu teria que ter uma conversa séria com ela, por sua falta de compromisso.

Quando estava quase indo embora, para chegar na minha casa e matar a saudade que estava do meu filho, meu celular vibrou. Peguei-o e vi ser uma mensagem no WhastApp, assim que abri o aplicativo confirmei ser de Mariana. Eu não queria ler, mas queria ver qual era sua desculpa.

Desculpa, senhor Henrique, por não ter comparecido hoje. Amanheci indisposta e não consegui avisá-lo antes, pois estava no hospital e sem celular. Sinto muito! Amanhã estarei aí sem falta.

Se eu recebesse essa mensagem há uns oito meses atrás eu não daria moral, não me importaria, já que eu não costumava ligar para ninguém que não fosse eu. Só que desde que Lucas entrara em minha vida eu havia mudado. Tinha começado a ter empatia pelas pessoas, compaixão, e tudo o que um ser humano deve ter pelo outro.

Por isso, me senti mal por ter julgado Mariana o dia todo. Decidi que daria mais uma chance a ela, amanhã veria seu estado e resolveríamos as pendências.

Cheguei em casa, e dispensei a babá para curtir meu filho sozinho. Hoje ele estava mais alegre que o normal, tudo que eu falava o fazia abrir um sorrisinho.

— Conta para o papai como foi seu dia. — Eu jurava que ele responderia, já que Lucas era tão esperto que nem parecia uma criança de seis meses, quase sete.

Ele já estava conseguindo se sentar sozinho, e enquanto estava em meu colo segurando meus dedos, olhava para mim com os olhos tão azuis quanto os meus. Era um pedaço de gente que eu amava.

Soltou uma das minhas mãos e levou a sua boca chupando os dedinhos, eu continuei o encarando, amava demais esse moleque. Puta que pariu! Eu realmente era um pai muito babão.

Depois de passar mais tempo com ele, dar banho e alimentá-lo, Lucas dormiu, e eu fui tomar um banho relaxante. Estava precisando, pois o dia foi estressante. Depois me joguei na cama e só acordei quando o despertador tocou avisando que já era hora de levantar para ir para o trabalho.

A babá já havia chegado, então, quando desci as escadas apressado; dei um beijo na cabecinha do meu filho que já estava acordado e parti para a empresa. Subi até o último andar com a minha pose de homem de negócios, assim que saí para o corredor cumprimentei alguns empresários que passaram por mim, e fui caminhando até minha sala.

De longe vi a mesa de Mariana e lá estava ela, sentada em sua cadeira, fazendo alguma coisa que deveria ser importante, pois estava extremamente concentrada no computador, porém, algo estava diferente. Ela estava com o cabelo um pouco jogado na frente do rosto, e o brilho que irradiava do seu corpo tinha sumido.

CEO Abandonado - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora