Capítulo 3

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Mariana

Ainda estava sem acreditar no que tinha descoberto. Enquanto a chuva ainda caía forte do lado de fora do carro, meus pensamentos gritavam que Henrique Baleroni era pai. Quem poderia imaginar que aquele homem, grosso, sem coração pudesse ser pai?

E pela forma que olhava o garotinho, ele o amava. Porra! Meu chefe era pai, e ninguém deveria saber disso, ele deixou bem claro para mim. Engoli em seco com o pensamento, eu tenho quase certeza que não deveria ter descoberto isso. E se agora ele resolvesse me demitir?

Tentei parar de pensar nas piores hipóteses ao chegar em casa. Abri a porta do apê e estava em completo silêncio. Provavelmente Paula ainda estava dormindo. Caminhei para o meu quarto e me joguei na cama ainda tentando entender o que vivenciei algumas horas antes. Tudo bem, era um filho, normal... várias pessoas tem filhos, mas porra! Era Henrique! O sr. Perfeitinho... era quase impossível pensar que aquele homem pudesse ter um coração.

Em algum momento dos meus pensamentos caí no sono, e só acordei ao ouvir alguns sons do lado de fora. Paula devia estar faxinando, afinal, esse final de semana era o dela de arrumar a casa. Levantei-me espreguiçando-me, tinha dormido do jeito que me joguei na cama e isso não foi bom, já que acordei do meu cochilo com um torcicolo do caralho.

Saí do quarto e vi Leonardo jogado no sofá assistindo TV, e Paula estava terminando de colocar o lixo para fora.

— Você saiu? — questionou, assim que me viu.

— Sim, tive que levar alguns documentos para Henrique.

— Nossa, nem na sua folga esse homem te deixa em paz — comentou, enquanto lavava as mãos na pia da cozinha.

Encostei-me a bancada que dividia o cômodo da sala, e fiquei olhando minha amiga; pensando se contava ou não para ela sobre o que tinha descoberto. Olhei para trás localizando Leonardo, e resolvi deixar o assunto para lá. Meu chefe tinha deixado bem claro "não conte para ninguém". E não era da minha conta o filho de Henrique, muito menos da conta de Paula.

Depois de preparar um sanduíche natural para mim, voltei para o quarto. Odiava ficar no mesmo ambiente que minha amiga e seu namorado, eles não se importavam com quem estava ao redor deles, e sempre que se beijavam quase faziam sexo explícito.

Mexi um pouco no meu notebook, verificando minhas redes sociais, e logo desisti, voltando a tirar um cochilo. O que se resumiu no meu final de semana todo. Na segunda de manhã estava de pé. O dia havia amanhecido novamente com fortes chuvas. Por isso, optei por um terninho preto composto de uma calça para não congelar no ar-condicionado da empresa.

Aproveite para calçar um scarpin que amava. Saí um pouco mais cedo de casa, pois resolvi pegar um táxi. Não queria ir para a Amarílis de metrô na chuva que estava caindo. Cheguei à sede da empresa mais cedo que o habitual e Joana a nossa recepcionista do térreo nem havia chegado ainda.

Cumprimentei os seguranças e subi para o último andar. Mal saí do elevador e estranhei, pois a porta da sala do sr. Perfeitinho estava aberta, e ele nunca... nunca mesmo, havia chegado antes de mim na empresa em todos esses meses que eu trabalhava aqui.

Coloquei minha bolsa no lugar de sempre, e resolvi ver se ele precisava de alguma coisa. Caminhei até a sua porta e o vi sentado em sua cadeira de costume, olhando algum documento que eu não conseguia identificar qual era. Dei duas batidinhas na porta e Henrique direcionou os olhos em minha direção.

— Bom dia, sr. Henrique, está precisando de algo? — questionei, assim que percebi que era minha deixa para falar.

— Não estou Mariana, mas entre e feche a porta que preciso falar com você.

CEO Abandonado - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora