Eu estou aqui na frente do branco porque eu precisava falar alguma coisa.
Não dá pra ficar impronunciável pra sempre.Eu não quero falar de qualquer jeito, tem que ser bonito, tem que ter graça.
Mas quando eu sentei, aqui na frente do branco, me dei de cara com a realidade.Esse poema não tem a graciosidade de um poema.
Ele não tem a epicidade de uma epopéia, nem tem a beleza de uma rosa.
Tudo o que eu deixei nesse branco foram letras que parecem pontos pretos e pontos pretos que parecem buracos...Deixei nesse branco os buracos que eu não consigo preencher só com palavras.
Talvez se você olhar mais fundo você vai ver a planta que eu deixei nascer aqui, dentro do meu vácuo.Eu deixei ela crescer porque no começo todo mundo me perguntava dela, e eu amava ter alguém se preocupando com a minha planta.
Por isso eu deixei ela crescer.
Ela cresceu, e prendeu as suas raízes no meu vazio. Ela ficou grande e espinhosa. Não, não é uma rosa, é erva daninha.
É difícil lidar com ela, porque agora meu vazio sangra com os cortes que ela fez com os espinhos dela.
Esse poema não tem nada a não ser espinhos.
Eu aprendi a desgostar das minhas palavras e a valorizar meus vazios.
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Foi depois de morrer que eu vivi
Poetrypoemas que eu escrevi depois de morrer, e poemas da morte que me ensinaram a viver. flores azuis, pessoas depressivas, sol e a vida.