Capítulo 20

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Fiquei admirando-a como um cachorro admira um frango sendo assado na padaria, mas estava muito bêbado para me sentir envergonhado por isso. Ela continuava tentando secar melhor o cabelo com a mesma toalha, enquanto também me encarava com um olhar curioso e ainda um pouco irritado.

- Por que não veio ontem? - Ela quebrou o silêncio, indo se sentar na cama.

- Porque não quis. - Achei melhor resumir toda a situação do "quero-parar-de-pensar-em-você" com essa pequena frase. Não que eu me importasse em falar a verdade, dado o alto nível de álcool no meu corpo, mas simplesmente não queria falar muito.

- Ah. - Ela desviou o olhar, e imediatamente notei que minha resposta pareceu grosseira - Pensei que você viesse todos os dias, já que pagou por eles...

Eu também havia pensado nisso, mas graças ao pânico e confusão recentes em que eu me encontrava ao me pegar pensando nela ou a desejando, tive que mudar meus planos. Sim, no final das contas, eu era um covarde.

- Você deve ter notado que eu bebi. - Tentei mudar de assunto, indo me sentar do lado dela, um pouco mais próximo do que o ideal. - Mas não vou machucar você.

- Eu sei que não. Que besteira. - Ela falou, soltando um sorriso sarcástico.

Sem pensar muito, levei minha boca ao pescoço dela, beijando-a de leve embaixo da orelha. Senti a temperatura fresca de sua pele com os lábios, e imediatamente notei que ela estava arrepiada.

Apoiei-me com o braço esquerdo na cama, enquanto levava minha mão direita até sua nuca, trazendo-a mais para perto. Intensifiquei o beijo em seu pescoço, deixando lufadas de ar em sua pele e sentindo, com o rosto, a maciez do rosto dela.

- Por que não está usando o seu perfume?

- Não precisei do creme essa semana. - Ela falou, ofegante.

Era verdade, o tal creme servia para melhorar os hematomas que ela conseguia com os clientes. Como eu paguei pela semana inteira, ela obviamente não tinha adquirido novos machucados para a coleção. Fiquei satisfeito com esse fato, mas eu realmente, realmente gostava daquele perfume.

- Quer que eu passe pra você?

Para mim. Ela não passaria porque estava machucada, porque precisava. Ela passaria para mim. Porque ela sabia que aquela porra daquele perfume me deixava louco.

Inconscientemente, tirei a mão esquerda que apoiava meu corpo do colchão e a deslizei para dentro do seu robe, fazendo movimentos circulares em uma de suas coxas.

- Quero... - Falei, tentando conter um mínimo de firmeza em minha voz, ainda respirando em seu pescoço.
Protestei quando ela se afastou, levantando-se e caminhando até o banheiro. Fiquei encarando a porta feito uma criança abandonada, mas para minha felicidade, segundos depois ela estava de volta, trazendo um frasco de um líquido cremoso, e meu membro latejou dolorosamente com a aproximação de um desejo intenso.

Lili me girou um pouco, de forma que meus pés tocassem o chão fora da cama, como se estivesse perfeitamente sentado em uma cadeira. Posicionando uma perna de cada lado do meu corpo, ela sentou no meu colo, me encarando com um olhar que conseguia ser doce e provocante ao mesmo tempo.

Então, certamente com o objetivo de me matar, ela desfez o nó em seu robe e o puxou para baixo, deixando-o deslizar pelas minhas pernas e cair no chão. Ainda me encarando, Lili segurou uma das minhas mãos e espremeu uma gota do conteúdo do frasco em minha palma, enquanto eu tentava controlar minha respiração.

- Passe em mim.

Ela realmente achava que eu ia conseguir passar aquela merda nela? Ela não podia achar isso. Eu mal conseguia raciocinar, e parecia estar debilmente congelado, enquanto meu olhos varriam seu corpo de cima a baixo e eu tentava arquitetar um plano de como tirar todas as minhas peças de roupa em menos de um segundo e me enterrar dentro dela tão fundo que meu orgasmo viesse na primeira investida.

De Repente, Amor| Sprousehart (√)Onde histórias criam vida. Descubra agora