Capítulo 36

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De uma só vez, peguei a pequena pilha de roupas em cima da tv e coloquei-as dentro da mala já aberta no chão. Fechei-a, pegando outra mais vazia e coloquei a outra pilha de roupas dentro, tirando também os lençós do sofá-cama e guardando na mesma mala.

Recolhi os pares de sapatos e a bolsa de mão que estava com ela, colocando tudo em uma bolsa e deixando um par de tênis verdes para que ela calçasse quando saísse do banho. Olhei em volta e me certifique de que tudo estava guardado, então transferi o conteúdo de uma mochila pouco ocupada para outra bolsa e deixei-a vazia sobre o sofá.

Fiz duas viagens de escada para levar toda a bagagem até a mala do carro. Coloquei o par de tênis perto da porta e desarmei a cama, transformando-a novamente em um sofá. Então, sem mais nada a fazer, sentei e esperei que Lili terminasse seu banho.

Algum tempo depois, que me pareceu longo, ela finalmente saiu. Permaneci sentado, enquanto sua figura entrava no meu campo de visão. Blusa branca comum, jeans rasgados, os cabelos molhados e descalça. Não era a primeira vez que eu tinha a impressão de sentir o frescor da sua pele recém enxugada só de olhar para ela, e embora ela estivesse vestindo roupas casuais e nem um pouco atraentes, por pouco não sorri ao vê-la daquela forma.

Ela ainda conseguia estar linda, até mesmo com aquelas roupas, e fiquei grato por não estar mais usando aquele vestido abominável e aqueles saltos ridículos.

Tomei fôlego e me levantei, indo de encontro a ela, e pela primeira vez pude notar o ar de surpresa em seu rosto. Tirei de suas mãos o bolo de roupas sujas e coloquei dentro da mochila vazia sem olhar. Passei por ela e abri o armário do banheiro, empacotando sem prestar atenção todos os produtos ali. Alcancei a sandália de salto e guardei-a, peguei a toalha e chequei uma última vez para me certificar de que nada havia sido esquecido. Então, saí do banheiro, tentando guardar na mochila já cheia a toalha molhada.
Finalmente consegui fechar o ziper, então encarei-a outra vez, e ela continuava na mesma posição de antes. Pela primeira vez me dei conta de que eu não havia dito a ela do que se tratava aquilo tudo, e que ela devia estar muito confusa. Eu estava tão concentrado na minha estratégia que esqueci de esclarecer as coisas para ela.

Bem, de qualquer forma, agora ela provavelmente havia se dado conta do que estava acontecendo. Eu não precisava explicar nada.

- Tem alguma coisa na geladeira?

Ela negou com a cabeça, ainda muda, com os olhos levemente esbugalhados fitando nenhum ponto específico em minha barriga. Notei que ela tremia, e imediatamente me senti um idiota outra vez.

- Vem.

Querendo que ela se sentisse melhor, me apressei em chegar mais perto dela, então peguei sua mão com firmeza, tentando passar um pouco de confiança e apoio. O que eu tinha em mente não aconteceu, primeiro porque Lili pareceu começar a tremer com ainda mais violência, segundo porque eu mesmo vacilei com o choque resultante de nosso contato.

Ainda assim, tentei parecer firme, apertando com o máximo de cuidado e delicadeza sua mão. Guiei-a para a saída. Ela calçou o tênis que a esperava na porta e então nós saímos. Tranquei o apartamento com as chaves dela e a acompanhei pelas escadas. Quando chegamos ao carro, ela ainda parecia um pouco atordoada. Abri a porta do carona e ela se acomodou no banco.

- Fica aqui. - Eu comecei, fechando a porta do carona - Onde mora a dona do seu apartamento?

Ela demorou um pouco, mas finalmente pareceu lembrar o número do apartamento da mulher.

- Eu já volto.

Como não sabia o que estava passando pela cabeça dela naquele momento, achei muito arriscado deixá-la sozinha dentro do carro e simplesmente sumir dali. Eu não sabia o que ela estava arquitetando.

De Repente, Amor| Sprousehart (√)Onde histórias criam vida. Descubra agora