Seu nome era Thomas Westwell, popularmente conhecido por "sem olhos", aberração, bicho-do-mato, inútil, monstruosidade, imprestável, coitadinho, viado, "sem-talento", esquisito, otário, "zé-ruela", emo, babaca, arrombado e de vez em quando, Tom.
Tom tinha cabelos curtos e praticamente arrepiados na cor castanho claro, jogados pra cima. O típico olhar cansado varrido por olheiras e uma expressão de um senhor de idade rabugento. Graças à genética de sua mãe - que teve os olhos inteiros manchados após a recuperação de uma hifema -, os olhos dele eram completamente escuros, quase como se este não os tivesse. Resumidamente, ele era um jovem qualquer por volta dos seus 18 anos, que felizmente - e infelizmente ao mesmo tempo - estava no terceiro ano do ensino médio. O sonho de 80% dos estudantes sempre será se livrar da escola de uma vez por todas; mas ao mesmo tempo, muitos desses entram em desespero sempre que o fim desse tormento se torna mais próximo.
A sensação de estar mais perdido do que cego em tiroteio conforme a tão esperada formatura se aproxima é simplesmente assustadora. O medo de não ter a mínima ideia do que há pela frente e a dúvida se você vai conseguir sobreviver ao mundo lá fora, coisas que te devoram como traças e você só percebe isso quando já está 60% desgastado.
Mas, ei, por um lado bom, de alguma coisa você vai se livrar - seja lá essa sua atual maior preocupação ou apenas uma dor de cabeça banal -. Você pode tanto estar prestes a tirar um pesinho das suas costas quanto escapar de um esmagamento. No caso de Thomas? Esse rapaz estaria prestes a se distanciar de uma das maiores pragas da sua vida: adolescentes.
Sim, adolescentes. Mas não, não qualquer um deles, Thomas não era do tipo que se achava superior e odiava jovens simplesmente por existirem do seu lado - ele podia ser reclamão, mas não era tão chato a esse ponto -. Com "adolescentes", estou dizendo especificamente dos que cercavam o seu redor e frequentavam o mesmo ambiente de pesadelo coletivo do que ele.
Sabe, nada contra alguns deles ( tem uns que são só chatinhos mesmo) mas a grande maioria parece fazer questão de querer infernizar a vida dele a cada minuto. Na visão de Thomas, a escola era um teste de paciência diário ou uma disputa entre diversos fatores sobre qual deles fazia ele surtar primeiro.
E já vou dizendo que se tem uma coisa que essa competição menos exige é esforço, pois essa era apenas a quarta semana de aula e ele já queria explodir a escola inteira usando um sobretudo e com uma raspadinha na mão.
Mas paciência, se aguentou até aqui é porque consegue chegar até o final - e isso vale para você também, meu queridíssimo leitor! -. A essa altura do campeonato, jogar a toalha era a última opção. Tentava enfiar em sua mente pessimista que em breve ele seria liberto - isso até à faculdade, claro -.
É divertido fantasiar sobre o fim de um ciclo e o início de outro, mas ainda temos um longo ano pela frente, e no momento, um longo dia. Dia iniciado por uma melodia e uma pequena vibração vindas de seu celular, despojado ao lado do seu travesseiro. E aqui vamos rumo a mais uma história clichê adolescente protagonizada pelo personagem com síndrome de protagonista zé-ninguém.
Acordado pelo barulho repentino, Tom abriu os seus olhos inexistentes e deu uma conferida ao redor. Levou em torno de alguns segundos para que ele se sentasse na cama, esperando sua visão ganhar foco com o tempo. As coisas só começaram a fazer sentido quando percebeu que a melodia era o seu despertador, programado para tocar diariamente às seis em ponto da manhã - com exceção de finais de semana, claro -.
Só com essa informação, seu humor não deveria se encontrar num de seus melhores estados, mas este estava sonolento demais para identificar qualquer emoção. Além do mais, a música que seu despertador tocava foi escolhida exatamente para fazer com que suas manhãs se tornassem menos angustiantes.
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Tomtord - We don't believe whats on TV
RomanceThomas era apenas mais um adolescente qualquer com problemas familiares. Como uma solução para seu estresse diário em casa, ele desesperadamente procura alguém para dividir aluguel. O que ele não sabia era que toda a sua pressa o levaria à morar no...