Shampoo de morango

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Tom e Tord quase viraram a noite, indo se deitar somente quando bateu às três horas da madrugada. Atualmente, marcavam seis e meia da manhã no relógio, ambos jogados em seus colchões (numa posição que provavelmente seria desconfortável se não estivessem anestesiados pelo cansaço). Thomas quase caindo da cama e Tord agarrado a um travesseiro com a foto da Ibuki Mioda.

Assim que os ponteiros se moveram, os despertadores de seus celulares começaram a tocar. A mistura das duas melodias distintas tocando simultaneamente tornou o ambiente desagradável e caótico.

Os rapazes abriram os olhos lentamente, e sussurrando resmungos sonolentos, eles se sentaram na cama e trocaram aqueles olhares exaustos e abatidos. Pareciam zumbis se encarando a poucos metros de distância; agiam, falavam e se comportavam como uns.

— A gente precisa mesmo ir pra escola hoje? — Perguntou, Tom, completamente acabado.

Até pouco tempo atrás, a resposta seria "sim, lógico, obviamente". Sua mãe o jogaria da janela se ele matasse aula por ter virado a noite acordado! Entretanto, a realidade ali já era outra...

— Precisar, não precisamos... — Tord esfregou os olhos. — Mas acho que dá pra aguentar numa boa.

— Numa boa? — Indignou. — Nós tivemos tipo: três horas de sono!

— Você não consegue? Ah, saquei. Você não está acostumado a dormir tarde, não é? — Arkel provocou-o propositalmente, mas fingiu agir com naturalidade. — Relaxa, eu entendo. Sei que deve ser demais pra você, Tommy.

O norueguês se enrolou nas cobertas novamente e virou para o lado, para que assim pudesse esconder seu sorrisinho travesso. Thomas, agora com o ego ferido, levantou da cama num só instante e puxou agressivamente o lençol com que o rapaz se cobria.

— Demais é o cacete! — Exclamou, irritado. — É óbvio que eu consigo! Você não consegue?

— Ora, ora. — Ele riu. — Não era você que estava com tanto sono que nem conseguia falar direito?

— Você quer é me arrastar pra não ter que ir pra escola sozinho. — Thomas reclamava enquanto puxava o outro garoto pela camisa. — Vai, sai dessa cama e faz o que você tem que fazer.

— Tá certo, tá certo. — Tord murmurou de volta, afastando as mãos do rapaz ao se debater. — Vou só tomar um banho rápido e já podemos ir.

— Claro que não! Não vai dar tempo de nós dois tomarmos banho! Estamos no ritmo de dois mortos-vivos!

— Eu tomo e você fica sem, simples assim. — Indagou, Arkel. — Se a gente acordar tarde amanhã você vai no meu lugar e a gente fica nesse rodízio de banho. Problema resolvido.

— Não, nada disso! Veste uma roupa decente e prepara a sua mochila. Nós vamos sair do jeito que estamos.

Westwell deu um tapa fraco no braço do jovem e começou a fuxicar suas gavetas em busca do seu moletom azul. Tord continuou parado ali, descontente e de braços cruzados.

— Ah, sério isso? — Arqueou uma sobrancelha. — Não topa entrar junto comigo pra economizar seu tempo, não? — Ele brincou e então riu da própria piada. Thomas o respondeu com um dedo do meio.

— Mantenha seus comentários depravados pra você e essa sua cabeça imunda.

— Eu não tenho uma cabeça imunda! — Teimou. — Eu uso shampoo de morango, ó! Sente só o cheirinho do pai!

Tord se aproximou do britânico e curvou-se para que ele pudesse sentir o doce aroma de produto infantil para cabelo nos seus fios de cor caramelada.

Tomtord - We don't believe whats on TVOnde histórias criam vida. Descubra agora