A tribo dos manáos era uma dentre as inúmeras tribos que habitavam a Grande Mãe. Era uma tribo de guerreiros valentes e índias corajosas, uma poderosa nação espalhada pelos quatro cantos da floresta. Uma aldeia manáos poderia ter até mil índios, sem contar com as índias, curumins e cunhantãs, entretanto, esse número variava, sendo possível encontrar uma aldeia com mais de dois mil índios e outras com menos de quinhentos, como era a de Kawã.
As aldeias dos manáos eram construídas em um grande círculo. Um local descampando, terra batida, chão limpo onde o sol e os ventos entravam facilmente todos os dias. Dentro do círculo, eles levantavam suas malocas grandes ou mesmo pequenas dependendo da família. E por falar em famílias, elas eram geralmente numerosas. Uma aldeia era composta com aproximadamente quinze a vinte famílias. Todos se conheciam e se ajudavam, vivendo com suas diferenças de maneira harmoniosa. Os manáos construíam de forma diferente suas malocas, pois algumas delas construíam apenas uma única e grande maloca onde toda a aldeia se abrigava e onde tudo era realizado.
As malocas eram feitas de itaúba, madeira forte e resistente, tirada ainda nova da mata, senão seria quase impossível cortá-la. Os índios fincavam os troncos em buracos profundos para assim resistir ventos fortes e chuvas demoradas. O inverno era sempre rigoroso e longo na selva, às vezes, chovia por semanas sem tréguas, intercalando entre chuviscos e tempestades. As malocas eram bem trabalhadas e os detalhes eram observados com muito cuidado, sendo feitas para resistir ao tempo e os invernos sem deixar passar uma única gota de chuva sequer, quando eram bem construídas resistiam por décadas. As malocas eram cobertas com as palhas da pupunheira, árvore símbolo dos manáos junto com a garça branca, ave pernuda e de penas brancas que povoava às margens do lago de águas escuras próximo à aldeia. Era uma bela paisagem ver um bando de garças às margens do lago todas as manhãs. Os manáos ficavam anos e até mesmo décadas em um mesmo lugar, era algo bastante raro se mudarem, porém, se isso acontecesse era porque algo grave acontecia, como por exemplo: a escassez de alimentos na sua região, rios pobres de peixes ou quando eram atormentadas por algum espírito mal. Assim, quando algumas coisas dessas aconteciam todos entendiam a necessidade de mudança de local e levantavam toda a tribo para ir em busca de outro lugar e começar tudo novamente.
Dentro das malocas os índios atavam suas redes e dormiam embalando-se durante as noites quentes e abafadas na mata, outros preferiam dormir no chão sob uma esteira tecida com palha feitas pelas próprias índias. Para eles as esteiras eram bem confortáveis e tão boas ou até melhores que as redes, mas, com certeza, melhor do que o chão duro e batido dentro das habitações.
Suas construções eram simples, porém bastante confortáveis, não havia muitas divisões, apenas um pano de algodão tecido pelas índias para resguardar a privacidade do casal. Outras mulheres teciam uma cortina de palha e faziam uma separação entre os filhos e o casal. Quanto aos móveis, haviam poucos dentro da maloca, pequenos tocos serviam de acentos; redes para cada membro da família; esteiras de palhas para variar; armas e objetos de pesca como: redes, zagais e arpões.
Tinham poucas louças, somente o necessário, a grande parte da comida era feita fora da maloca e repartida com várias famílias. A água para beber ficava em um pote de barro, pois conservava a água sempre fria durante o dia, inclusive nos dias de calor. Eles usavam cuias como copo e nelas os índios bebiam o vinho do açaí, da bacaba e buriti.
Havia na maloca um espaço onde as frutas frescas e maduras eram colocadas, elas ficavam sempre à mão e eram comidas a qualquer hora do dia. A Grande mãe sempre foi bondosa com todos da floresta, entretanto, os índios só tiravam dela o necessário. A preservação da mata era algo vital para qualquer índio de qualquer tribo, seja manáos ou não, todos entendiam o dever de viver bem e em harmonia com ela. Os manáos construíam malocas depósitos, malocas destinadas à guarda de armas, os equipamentos dos jogos, arcos, zarabatanas, arpões e cordas. Outras para a guarda de cerais e frutas por amadurecer. A Grande mãe era uma dádiva de Tupã.
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Saga Amazônica - Mistérios da Floresta - Livro I
FantasyKawã é um índio adolescente, um jovem guerreiro manáos. Campeão por duas vezes dos jogos tribais e um excelente caçador. Certo dia, viu sua vida virar de pernas para o ar quando em uma caçada com seu pai, o viu sendo morto por uma das criaturas lend...