A Constelação De Oreo

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Eu, desde muito pequeno, mostrei ser uma criança diferente de todas as outras, eu gostava mais de ler livros do que de brincar na rua. Preferia tentar aprender sozinho a tocar piano do que assistir televisão e odiava carne ou doces. Além disso, eu era também uma das crianças mais animadas que já existiram na Terra.

Todavia era incompreendido, meus pais não conseguiam entender o porquê de eu ser assim, nem sabiam por que eu era tão diferente de todo o resto da família. Eu tinha dois irmãos mais velhos, Jungyeon e Junghyun, que sempre foram crianças normais como todas as outras e de certa forma isso causava certa inveja em mim, por eles serem normais e eu não.

Os psiquiatras sempre apontaram para hiperatividade ou deficit de atenção, mas nenhum deles jamais conseguiu explicar o que tinha de errado com os meus olhos. Acontece que, desde que nasci, sempre tive uma visão do mundo completamente diferente de qualquer outra pessoa.

Eu era capaz de enxergar, em volta de alguém, uma aura que representava através de cores o estado de espírito das pessoas. Eu sabia diferenciar o que cada pessoa estava sentindo apenas ao ver a cor da luz que a envolvia e eu não tinha medo disso. Eu adorava quando me encontrava com pessoas verdes ou amarelos e sempre me surpreendia com pessoas violetas, que raramente apareciam.

As cores as vezes mudavam, como por exemplo a do meu melhor amigo, Min Yoongi. Quando o conheci, vi que ele tinha uma aura verde pastel e tinha gostado dela, descobri que por causa daquela cor o Min era uma pessoa calma e feliz. Entretanto, lembrava-me também que logo depois que os pais de Yoongi se separaram, sua aura virou vermelha e eu podia sentir toda a raiva que ele havia acumulado dentro de si.

Na realidade, era muito comum que as cores mudassem constantemente e eu me alegrava por isso, por saber que as pessoas nunca eram as mesmas o tempo inteiro e que se sua aura tivesse uma cor ruim, mais tarde ela poderia evoluir para uma aura de cor boa e vise versa.

Mas obviamente quase ninguém acreditava no que eu dizia. Como se estivesse pregando algum tipo de religião inexistente, as pessoas me chamavam de pilantra, acusando-me de falsas profecias e crenças. Mas na verdade, eu nunca tinha profetizado nada e sequer tinha uma crença ou religião.

Eu apenas gostava de ajudar pessoas com auras ruins e de me tornar amigo de pessoas com auras boas. Achava até engraçado ir até a escola e dar uma olhada nas turmas de lá. A turma “A” tinha 90% dos seus alunos rodeados de cor amarela, que simbolizava a inteligência; enquanto a turma “F” tinha diversos alunos com auras laranja, que apenas indicavam que eram pessoas comuns e neutras.

Quase todo mundo era laranja ou verde, quase todos os políticos eram vermelhos, quase todos os religiosos eram violetas e quase todas as crianças eram rosas. Mas quando me olhava no espelho, eu percebia que a minha cor era única. Eu era azul. Claro que já havia visto outras pessoas azuis por aí, na realidade era comum encontrar médicos com cores azuis, entretanto nenhum azul era como o meu. Eu era azul índigo.

E de certa forma eu gostava de ser assim, único. Com toda certeza deveriam ter outras pessoas com cor índigo, mas provavelmente eu era o único da redondeza, já que nunca me encontrara com cor igual.

Com dezesseis anos de idade, eu acabei por descobrir outro dom proveniente desse meu poder esquisito: eu conseguia ver linhas.
Elas nunca haviam aparecido para mim antes, todavia logo depois que dei meu primeiro beijo, eu vi uma linha vermelha no dedo mínimo do garoto no qual havia beijado. De imediato eu não entendeu o porquê daquela linha se ligar diretamente com uma professora do ensino fundamental. Mas tudo fez sentido quando, meses depois, a escola se chocou com a notícia de que aquela mesma professora havia se demitido por querer poder ter um relacionamento com um dos alunos do segundo ano. Com o aluno que eu havia beijado.

O Menino ÍndigoOnde histórias criam vida. Descubra agora