A Chave Para O Meu Coração

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Talvez parte de mim realmente tivesse acreditado que seria fácil completar a minha missão e fazer Taehyung ter uma aura melhor, parte de mim acreditava impiedosamente que eu conseguiria tal feito com mais facilidade porque ele era minha alma gêmea. Eu tinha achado que ㅡ assim como havia acontecido com o nosso choro ㅡ eu poderia passar qualquer emoção minha para ele, achava que se eu estivesse feliz, ele também estaria.

Mas eu percebi que isso não era verdade quando notei o primeiro corte em seu braço.

Taehyung e eu tínhamos ficado mais próximos nesse meio tempo ㅡ aproximadamente três semanas depois de termos nos beijado no momento mais cômico possível ㅡ, ou pelo menos eu acreditava que estávamos mais íntimos. Para falar a verdade, nossa intimidade toda se resumia a eu enchendo o seu saco e aparecendo praticamente todos os dias em seu estúdio.

Eu não fiz outras tatuagens como desculpa para aparecer lá, nem esqueci minha carteira de identidade de novo. Na realidade, minhas desculpas quase sempre envolviam um copo de mocaccino e um pacote de cookies. Eu tinha lido em algum lugar que fumantes gostavam de café e que geralmente uma bebida em base de cafeína amenizava sua vontade de fumar por algum tempo.

Mas o engraçado era que mesmo que Taehyung fosse um cara consideravelmente sério demais e depressivo demais, ainda assim ele gostava de coisas doces. Ele repudiou completamente quando lhe dei café preto, mas sorriu quando lhe trouxe mocaccino no dia seguinte. Ele gostava de chocolate e também de balas, dentro do seu “café com chocolate” sempre tinha que vir açúcar em cubos ㅡ três cubos!

E mesmo que ele continue fumando tanto quanto antes, notei que pelo menos agora ele enchia o cinzeiro com menos velocidade. Talvez tenha diminuído um pouco o número de cigarros que usava por dia, mas ainda assim não era nada que não pudesse o fazer realmente morrer depois.

E por mais cruel que parecesse, às vezes me perguntava o porquê dele simplesmente não amarrar uma corda em seu pescoço, ou atirar em sua própria cabeça com a pistola que ele mantinha escondida na última gaveta do caixa de seu estúdio.

Mas depois de pensar, pensar e pensar, eu notei que a resposta era bastante óbvia. Ele apenas não tinha coragem de fazer com que aquilo fosse rápido, ele preferia se matar aos poucos do que ter que lidar com a cena de tirar sua própria vida de uma vez só. De qualquer modo, eu achava horrível a sua iniciativa e também a sua vontade, mas pelo menos com ele se suicidando aos poucos eu poderia tentar encontrar alguma maneira de fazê-lo desistir daquilo.

E foi por isso que me assustei quando olhei o seu pulso cortado. Não era profundo ao ponto de romper alguma veia importante ou precisar levar pontos, mas era fundo o bastante para deixar uma cicatriz ali para o resto de sua vida. Se ele realmente queria se matar aos poucos, por que ele estava se automutilando?

Eu queria ter coragem de lhe perguntar isso na íntegra, de poder o indagar sobre tudo o que se passava consigo e saber exatamente como ajudá-lo. Mas alguém como Taehyung não queria de ajuda, eu sabia pela sua aura que ele acreditava que nem toda ajuda do mundo seria o bastante para fazê-lo melhorar. E certas vezes eu também acreditava nisso.

Não queria acreditar que o caso de Taehyung não tinha volta, de jeito nenhum. Eu queria que ele aprendesse a amar a sua vida e queria que aprendesse a me amar também. Porque mesmo que eu não esteja apaixonado por ele, sabia que era a minha alma gêmea e que nós deveríamos, de alguma forma, nos amarmos que nem todas as outras.

Mas a única coisa que eu notava entre a gente era a atração. Eu não vou mentir em dizer que isso já não é um bom começo, porque eu tinha conhecimento de que toda paixão vinha procedente de uma atração, mas parece que aquilo não era igual as outras.

O Menino ÍndigoOnde histórias criam vida. Descubra agora