Capítulo III - 33 horas até o fim
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— Então... Qual é o plano? — Thomas perguntou enquanto forçava pela décima vez as correntes contra a barra de ferro, ressoando um alto som por todo o barracão.
— Eu deveria ter um plano? — Resmunguei, calçando meu All Star de volta. — E dá para fazer menos barulho? Podem ouvir a gente.
Ele bufou para as correntes. Podia jurar que o ouvi as xingando, mas preferi acreditar que escutei coisas e o garoto ainda não estava enlouquecendo.
— Não há ninguém aqui para nos ouvir. — Ele disse. — Berrei feito um louco enquanto você estava desacordada. Eu socava essas correntes no chão e atirava pedras o mais longe possível. Ninguém ouviu e ninguém apareceu. Estamos sozinhos.
'Sozinhos'... minha mente repetiu.
— Não tenho certeza se estamos sozinhos. — Deixei que uma incômoda sensação de estar sendo observada me alcançasse. — Enfim, me deixe ver as algemas.
Thomas arregaçou a manga do seu moletom e me estendeu o pulso.
De perto, seus ferimentos pareciam piores. O vergão pulsava em seu braço. Seus músculos se retraíram com meu toque e sua sobrancelha franzida transparecia o incômodo.
— Isso está feio. — Falei, examinando. — Deve estar doendo bastante.
— Doendo? Tem noção que parece que um caminhão te atropelou, não é?
— Sim. Obrigada.
— Certo, isso soou mal. — Thomas fechou sua expressão. — É que o machucado no seu joelho parece muito fundo. Você está inteira ensanguentada. Não faz ideia do que aconteceu?
— Não. Nem uma migalha de lembrança. — Minha cabeça latejava sempre que eu a forçava a se lembrar. — Talvez seja melhor assim.
Ele concordou com a cabeça.
Girei o braço do rapaz e observei a algema. Não era do tipo convencional.
Era dourada. Um dourado desgastado pelo tempo, escurecido em algumas partes e enferrujada em outras. Me perguntei se Thomas estava com sua vacina antitetânica em dia.
A algema era totalmente ilustrada com símbolos e escrituras ilegíveis. Ou talvez só uma decoração de mal gosto. Era grossa e extremamente pesada. No centro, não havia entrada para chaves, mas sim, uma combinação de cinco dígitos.
— Uma algema com segredo?? — Perguntei confusa.
— Nem me pergunte. Passei as últimas horas tentando combinações. Foi extremamente divertido.
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Alone | Tom Holland
Misteri / ThrillerElla não se lembrava de nada. Não se lembrava de que horas eram, em que dia estava ou como havia chegado alí. Não sabia como perdeu seu all star favorito ou por que seu corpo ensanguentado, fétido e sujo doía tanto. Tão escuro quanto sua memória, o...