Eu andava entre os sinuosos arbustos grandes e esverdeados a passos lentos procurando a saída. A cada passo, meu coração estremecia com medo de que meu azar crescesse e eu fosse pego por um guarda e, não importa de qual reino seja, eu com certeza estaria em maus lençóis. Por acaso, encontro uma pequena saída, onde é possível perceber a iminente divisão de reinos. Olho para os lados e avisto a estátua de prata do meu rei, Ethan e abaixo dela, seu túmulo. De modo engraçado, é confuso e pesaroso saber que seus restos estão enterrados neste local, bem no centro da divisão de reinos. Suspiro e impulsivamente ajoelho-me na frente da estátua e caio sobre meus pés chorando emotivamente.
Balbucio coisas sem sentido e minhas lágrimas escorrem deliberadamente pelo meu rosto. Minha cabeça começa a latejar, os olhos embaçam e uma terrível sensação de enjoo invade meu estômago. Sinto que posso perder o sentido a qualquer momento. De repente, lembranças do meu passado até então completamente esquecidas começam a surgir. Lembranças essas que de alguma forma apareceram assim que meu ajoelhei aos pés da estátua de um rei bondoso e gentil.
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— Você precisa levar ele daqui! — Ouço os berros ao longe.
Olho para meu corpo e percebo que ainda sou criança, devo ter em média apenas cinco anos de idade. Tudo está girando, há cheiro de fumaça e fogo por quase todo o lugar. Eu mal consigo enxergar o que está a minha frente, nem mesmo a silhueta de uma pessoa próxima a mim, a única coisa que consigo identificar é que se trata de um homem.
— Meu... – ouço ele dizer, mas não consigo entender por causa do som de meu choro. — Como ele vai sobreviver? Como vamos chama-lo?... Tão novo... Talvez...
— Cale-se! – Grita impaciente. Meu choro aumenta pelo espanto. — Eu preciso pensar, imundo!
Uma outra pessoa me toma nos braços, uma mulher. Ela suspira e começa um embalo suave na tentativa de me acalmar. O embalo me parece familiar e logo o choro cessa e me aninho em seu colo quentinho. De repente, me assusto novamente, pois, ouço o som de portas pesadas se abrindo e um guarda aparece, o homem que vi alguns retratos, o Chanceler Rubert II, com suas vestes antes brancas, agora manchadas pela fumaça e algo que talvez seja sangue grita a plenos pulmões que deveríamos deixar o castelo. Ele guia eu e a mulher por um local que nunca vi antes, corredores de pedra escuras e úmidas, não esquecendo de cobrir meu rosto com a mão para que inalasse menos fumaça. De repente, não ouço mais o som do fogo ou de qualquer outra coisa, estamos fora do castelo. Assim, o homem alto, anda a minha frente, sua grande mão está na frente da minha face, prejudicando a percepção clara, por fim o mesmo entrega-me um pingente simples de diamante puro com pincelados de ouro, a marca de nossa terra.
— Agora vá! — Ele diz a mulher.
Antes de irmos, ele coloca sobre mim um pingente onde há gravado o brasão da Terra de Diamante, o símbolo do nosso povo. Sinto um leve afago na cabeça e em seguida, o som de sua armadura se distanciando. A mulher volta a correr comigo em seu colo e em pouco tempo, devido a tontura de tanto inalar fumaça, perco os sentidos.
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Com a mão na cabeça para tentar afastar a tontura e o rosto inchado, levanto-me devagar. Pensativo com minhas novas lembranças, tentava assimilar tudo o que tinha visto, além de me perguntar onde foi parar o tal pingente que nunca havia visto entre meus pertences.
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365 Dias De Reino [COMPLETA/DEGUSTAÇÃO]
RomanceLivro Degustação 1-5 capítulos. Você pode ler o livro completo adquirindo seu exemplar através do meu link na bio! O jovem príncipe bradou sentando-se a mesa olhando a todos a sua volta, rapidamente procurou ao meio de tantas cabeças, uma específica...