365 Dias De Reino [COMPLETA/DEGUSTAÇÃO]

[👑] - Capítulo 05: A minha doce florzinha.

          Acordo de um dos inúmeros cochilos. Ainda estou no castelo e por isso, não consigo dormir profundamente, além das coisas que passam em minha cabeça devido aos acontecimentos recentes, sinto falta de casa. Levanto devagar da enorme cama coberta com seda e abro a porta, preciso urgente tomar um pouco de ar puro. Caminho em direção ao jardim, sendo cumprimentado vez ou outra por algum criado do castelo que ainda está acordado e respondendo de forma negativa quando me perguntam se preciso de algo. Respiro fundo, deixando o vento gélido da noite preencher meus pulmões, sinto-me melhor. Sento no banco frio feito de madeira de salgueiro. Os detalhes delineados com delicadeza e o entalhe das três Pedras da Ilha dão um toque majestoso na peça.

          Da direita para a esquerda, há a Pedra de Safira, a Pedra de Diamante e por último a Pedra de Rubi. O brilho da noite em suas cores parece torna-las mágicas. Olho para cima e vejo que o céu está tomado de estrelas e lembro de tudo o que se passou até o presente momento, em como minha vida havia mudado de maneira repentina e que talvez as mudanças mais extremas aconteceriam a partir daqui. Mesmo que tudo pareça fantasia é real. Preciso confessar que estou com medo.

          Depois da morte do rei da Terra de Diamante, as Terras de Safira e Rubi obtiveram poder absoluto sobre a província com grandes influências nas províncias aliadas e não aliadas. O governo tem poder político independente do Império Inglês, principalmente depois de estabelecer o Lei das Castas entre as duas terras, com minha chegada, a lei terá de ser alterada ou voltar ao que era antes e claro que essa ideia não será aceita. Retomar meu lugar de direito será uma grande batalha. Suspiro sentindo o mundo sobre minhas costas.

— Será que o rei Ethan se sentia pesado assim? – Penso por um simples momento, até um intruso sentar-se ao meu lado no banco.

          O Príncipe Michael olha-me em silêncio. Seu traje de dormir parece um sobretudo, com a diferença de ter sido confeccionado na mais bela e luxuosa seda azul safira, a cor que representa seu reino. Desvio meu olhar do seu.

— Aqui é um bom lugar – comenta ele. Não respondo, dando apenas um longo suspiro.

          Ele espera mais um pouco por uma resposta e ao não obter, tenta novamente:

— Você deveria trocar suas vestes e colocar algo mais confortável. Trajes sociais não são roupas adequadas para dormir.

          Viro para encará-lo em silêncio, o coração entre o pulmão e garganta gritam para que eu diga tudo o que sinto, mas apenas outro suspiro sai de meus lábios. Ele me imita e volta seus olhos para um ponto qualquer a sua frente. Somos dois estranhos tentando continuar algo que nunca existiu.

          Preciso confessar que o sentimento de que o Príncipe Michael tenha sentido algo especial por mim como senti por ele, possa ter sido uma completa invenção de minha mente traiçoeira, nada passou de uma ilusão criada unicamente por mim. Uma armadilha das minhas emoções onde eu mesmo caí. Não posso culpa-lo por me sentir frustrado. Passo suavemente minhas mãos por meus cabelos. Minha cabeça ferve pelo silêncio instalado entre nós. Por fim me levanto, mas sou impedido de andar quando sinto sua mão delicada envolvendo meu pulso, em seu rosto vejo lagrimas escorrendo em ritmo lento.

— Thomas... — ele sussurra.

— Sim, Vossa Alteza — digo tentando controlar meus sentimentos, soando de forma ríspida.

— Poderia me perdoar?

          Seu olhar penoso faz meu coração saltar uma batida. Minha mente está em branco e tenho certeza que ele pode sentir meu corpo trêmulo em sua mão. A voz falha na hora de responde-lo e um olhar vazio é tudo o que ele pode ver em meu rosto.