O vento, a praia, a areia fofa e...

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As ondas iam e vinham se juntando aos pés descalços dos dois garotos, a areia se entrelaçava entre seus dedos, a maré ainda estava cheia e o sol já tinha nascido completamente agora

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As ondas iam e vinham se juntando aos pés descalços dos dois garotos, a areia se entrelaçava entre seus dedos, a maré ainda estava cheia e o sol já tinha nascido completamente agora. Ele checou o relógio no pulso, 6:09.

—Você acha que deveríamos voltar? — Arthur perguntou.

—Você quer voltar? — Jonah usualmente respondia uma pergunta com outra.

—Não.

—Isso é um sinal que provavelmente deveríamos voltar.

Arthur sorriu e Jonah sorriu para ele.

Não fazia 3 meses que os dois se conheciam e era quase como uma eternidade, mas se as idas a praia de madrugada acabassem hoje, não iria ser o suficiente. Eles não se falavam muito, nem pouco, o suficiente. E o silencio nunca era desconfortável, era apenas silencio, usado para apreciar algo em sua volta que não necessariamente precisava ser dito.

Desde do princípio houve uma inexplicável conexão; Jonah disse em uma das noites que o universo e quem quer que estivesse o controlando—e consequentemente controlando a nós— liberava às pessoas pequenos presentes.

—Como uma forma de agradecimento, quase— o menino havia dito— Eu acho que é uma forma de nos dizerem que não estamos realmente sozinhos.

—Isso é o que você acredita? —Arthur havia perguntado.

—Sim.

—Que tipo de presente o universo já te enviou?

—Olha para a frente— Jonah apontou para o horizonte onde os primeiros raios do sol começaram a surgir— Eu poder ver isso é um presente, não? A praia, o vento e a areia fofa.

Arthur ainda olhava para o horizonte, ouvindo cada palavra que o garoto ao seu lado dizia.

—E você.

Arthur enterrou suas mãos na areia e não falou nada, mas sorriu de lado e olhou de relance para Jonah, que ainda olhava com a mesma expressão para a frente.

Ele ainda pensava sobre essa conversa, não conseguia evitar.

Essa conversa lhe dava mais vontade para acordar as 4:30 da manhã e pular a janela do quarto para encontrar Jonah na frente da calçada da sua casa—bem em frente à casa de Arthur— todos os dias e andar dois quarteirões até a praia, irem para o lugar onde os dois pudessem sentar na areia sem ninguém os incomodar, e ver o nascer do sol.

—Vamos — Arthur se levantou bruscamente—Já passou da hora.

—Okay.

Jonah se levantou e começou a andar ao lado do menino, em um momento, ele colocou a mão no ombro de Arthur, como um gesto diligente quase que o puxando para mais perto.

O corpo de Arthur se incendiava sempre que Jonah o tocava assim, simples, gentil, rápido demais para o garoto pudesse assimilar o que estava acontecendo exatamente, como se o toque não fosse nada. Ele tentava não pensar muito sobre isso ou como isso o afetava, ou porque o afetava ou como afetaria Jonah se ele viesse a saber.

Ele não sabia o que nada daquilo significava, mas se aproximou de qualquer jeito.

—Te vejo na escola? —Jonah perguntou quando eles chegaram em suas casas.

—Claro.

Jonah sorriu e derreteu Arthur por dentro, ele ficou vendo o garoto andar pela lateral de sua casa, abrir a janela que ele imaginou ser do seu quarto e entrou, fechando a janela logo em seguida, mas não sem antes dar Arthur um pequeno aceno.

Ele sempre tentava não olhar, mas sempre acabava olhando.

Só quando viu que Jonah estava dentro e seguro no quarto, Arthur virou para entrar em casa. Prontamente se jogou na cama, ainda tinha uns 45 minutos ou algo assim até que o despertador tocasse, o avisando que ele teria que se levantar e ir para a escola.

Ele ainda estava um pouco cansado, fora a dose de adrenalina que os encontros injetavam em seu sangue, então ele rapidamente pegou no sono, não dando tempo de pensar em mais nada.

Ele preferia assim.

Ele preferia assim

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