Ocasionalmente, Arthur se cansava de todo mundo; da escola cheia, dos corredores lotados, mas especificamente da cantina da escola. Nesses dias ele apenas sinalizava para a irmã e eles dispensavam os amigos e iam comer nas arquibancadas, no alto dela eles observavam as pessoas no campo de futebol.
Naquele dia, Jonah se juntou a eles.
Havia algumas semanas agora que ele vinha comendo com Taylor e os outros jogadores no campo. Podia até mesmo ver alguns deles virando o rosto na direção dos três de tempos em tempos.
—Como vão as coisas entre você e a Taylor? —Melissa perguntou.
Arthur preferia que ela não tivesse.
—Vamos dizer que eu estou feliz em sentar aqui com vocês dois —Jonah disse mordendo seu sanduíche.
—A não, porque você simplesmente não dá um pé nela?
—Isso é rude— ele respondeu simplesmente.
—Todo mundo sabe que ela é louca —Melissa continuou— Ela vai continuar grudada em você até você acabar com tudo. Mas se acabar e ela te odiar, prepare-se para a raiva de metade da escola cair em você.
—Ótimo —Jonah revirou os olhos— O que você acha, Arthur?
Os dois olhavam para ele agora.
Como se a conversa já não fosse desconfortável o bastante para o garoto, ele teria que opinar agora?
O que ele falaria? "Largue a Taylor e fique com outra pessoa"? E se ele perguntasse quem? Ainda não tinha ficado louco o bastante para se declarar à Jonah, aquilo não era uma opção verdadeira.
—Talvez... você deveria dar uma chance a ela.
—Pra demônia? —Melissa quase gritou com a resposta do irmão.
—Porque? —Jonah falou com um tom parecido com o da garota e com um pouco de, magoa, talvez?
—Porque eu não sei— Arthur sentia o desespero em sua voz, só esperava que os outros não sentissem— Vocês estão nisso a quase quatro meses e você nunca deu um fora nela, vocês já ficaram várias vezes. Talvez você goste dela.
Se alguém lhe desse uma máquina do tempo e ele só pudesse mudar um momento da sua vida, talvez ele pudesse apagar a quantidade de merda que saíra de sua boca naquele momento. Mas ele não conseguia parar.
—É isso que você pensa? —Jonah perguntou— De verdade?
Não.
—Sim— Arthur respondeu querendo se socar no rosto— Talvez você entrou nisso não vendo as coisas claramente.
Jonah passou a língua nos lábios como ele fazia quando refletia sobre algo.
—Não acho que sou eu que não estou vendo as coisas claramente.
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Só para ver você
RomanceCONTO LGBTQ+ Arthur e Jonah se encontravam, em plena madrugada, todos os dias e caminham até um lugar deserto da praia sem nenhum motivo aparecente. Ou pelo menos era o que Arthur queria desesperadamente acreditar. Sentavam e conversavam por horas e...