Cicuta

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Tempi sentia pavor, desespero, dor, insegurança, medo, seu corpo todo formigava, lutando contra o veneno que dominava rapidamente seu corpo, apodrecendo o que passava na sua frente. Percebia tudo ao seu redor, principalmente os gritos, que parecia explosão nos seus ouvidos. Era agonizante, basicamente. Não imaginou que sua morte ia ser assim, morta por flechas. Achava que seria numa batalha contra seu Pai, ou até mesmo contra Ares, mas não foi assim.

Ouvia a voz Zeus, gritando em estado de pura raiva. Não, ela não conseguia ver. Sentiu seu corpo cair no chão, causando grande impacto, bom, pelo menos para ela. O chão estava frio como o pior inverno que já passou. Sentiu sua cabeça ser colocada em algo macio, provavelmente alguém a colocou no colo, algo molhado caía no seu rosto, lágrimas de alguém que prometeu para si mesmo que nunca deixaria alguém machucá-la, não depois de tudo que ela fez.

Um estrondo ecoou no Olimpo, mas para a Tempi foi como nada, estava começando a se sentir mais fraca. O estrondo não foi um aliado caindo, foi alguém jogando algo em cima de alguém. Acho que já sabemos quem jogou e quem foi machucado. Tempi sentia seu corpo cada vez perdendo mais força, perdendo cada vez mais a batalha que ela nunca pensou que iria acontecer. Todos a sua volta estavam loucos. Loucos da cabeça, por que ninguém imagina que aquilo iria acontecer. Bom, ninguém ouviu Ares ou perguntou do porquê ele estava agindo daquela forma. Ninguém ouviu a Tempi sobre aquelas vozes. Acharam que tudo estava muito bem. Bem até demais.

Ares estava perdido no labirinto da sua cabeça, tentando achar alguma forma de ela sobreviver. Pensou em dar Néctar, mas sabia que se desse o suficiente para curar a Cicuta, mataria ela por ser incompatível com seu sangue de semi-deusa. Pensou também em dar Ambrosia, já que também era uma comida dos Deuses, mas sabia que iria acontecer o mesmo que o Néctar. Não tinha outras ideias que pudessem ajudar a garota tão jovem, nada passava pela sua cabeça. Claro, em seu rosto caía lágrimas. No rosto de todo mundo naquele local estava assim, cheio de lágrimas. Não houve palavras, apenas pensamentos, pensamentos que doía no coração de cada um só de pensar nessa possibilidade. A Tempi Peters, filha do Titã Cronos e de sua mãe ainda não encontrada, estava morta então?

A respiração não tinha abandonado o corpo dela, mas estava tão devagar, tão fraca. Seus olhos estavam abertos, sim, mas não conseguia ver nada. Seu corpo lutava contra a cicuta, mas a cada batalha ganha, perdia outras cincos em seguida. Sentia tudo, sentia ser tocada, mas perdia os sentidos a cada minuto. Era fim de Tempi? Ela realmente iria morrer assim? Como disse antes, não acreditava que aquilo estava acontecendo. Sendo sincera, se sentia indignada por aquilo estar acontecendo, não era para acontecer assim. Bom, na verdade era, mas era para acontecer muito mais mortes e destruição naquele lugar. Não entendia o porque ter tido aquele "sonho", não fazia sentido ter visto ele, não era uma visão. Então por que teve? Era alguém avisando ela que aquilo iria acontecer? Se era alguém, quem é capaz de ter tanto poder para transmitir uma "visão"? Quem era essa pessoa? Seria sua mãe? Seria obra do destino? Mas ela vê ele, por que avisaria ela? Tantas perguntas rodavam sua cabeça e nenhuma capacidade de respondê-las.

Sentiu de leve seu corpo ser carregado, estava quase no seu fim, ela sentia aquilo. Foi colocada sobre algo macio e confortável, seu cabelo foi arrumado para que conseguissem ver seu belo rosto. Uma porta foi fechada bruscamente, quase sendo estraçalhada. Tempia sabia quem era, o que apertou mais ainda o seu coração. Não queria que vissem ela morrer, queria que saíssem dali, que não vissem aquilo. Mas conhecia cada um deles, iriam ficar e ver o que menos queriam. Bom, a porta foi aberta de novo, alguém havia conseguido convencer Ares e Zeus de ficarem, pois achava, que a Tempi iria gostar daquilo.

Mal conheciam os sentimentos dela. Tempi sentia seu coração diminuir seus batimentos cada vez, sua respiração então, falhava cada vez que tentava puxar ar. Era aquilo, era seu fim. Sentiu uma lágrima caindo delicadamente sobre seu rosto, não foi enxugada porque ninguém via mais ela. O último suspiro foi dado, o último batimento foi ouvido. Seu rosto agora estava pálido, sem vida e sem cor. Naquele quarto, as pessoas foram indo embora aos poucos, não conseguiram mais ver ela daquele jeito, precisavam de um tempo para digerir.

A Filha Escondida Do Olimpo IOnde histórias criam vida. Descubra agora