Raio

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Tempi

Acordei, olhando para o teto branco, sentindo que, pela primeira vez, eu não tive um sonho estranho. Não sabia se e sentia aliviada ou preocupada com aquilo, já estava tão acostumada com eles, que, sendo sincera, já até sinto falta.

- T? - Ouço a voz de Zeus ao longe.

Fecho os olhos por um breve momento, antes de sentar na cama e responder Zeus.

- Já acordei - Digo e já vejo a porta abir.

- Está acordada a muito tempo? - Ele pergunta se sentando na cama, ao meu lado, segurando minha mão.

- Na verdade, não - Digo, sincera - Acabei de acordar.

- E você sonhou alguma coisa? - Ele pergunta, receoso.

- Não - Digo, abaixando a cabeça - Fiquei até um pouco feliz, mas também preocupada.

Ele me encara confuso, ficou um pouco pensativo. Não tenho certeza se ele entendeu.

- Você devia ficar aliviada, não preocupada - Ele diz, ainda me encarando - Por que está se sentindo assim, T?

- Sim, de certa forma estou aliviada - Digo, e ele segura minha mão - Mas eu já me acostumei tanto com eles, que tenho até medo de nunca mais ter eles.

Ele respira fundo, ainda segurando a minha mão. Olho o colchão, brincando com o lençol com a mão que Zeus não acariciava. Estava receosa com o que ele iria falar.

- T, olhe para mim - Diz ele, e eu olho nos seus olhos - Nunca se acostume com esse sonhos, tá bom? - Eu assinto, um pouco confusa - Tens que entender que eles sempre vão mudar e sim, eles podem te machucar, te fazer feliz, te fazer ficar, te deixar tudo confuso! Mas nunca se acostume com eles pois, quando menos perceber, vai ficar sem eles.

Após aquilo, ele pergunta como eu estava. Eu apenas sorri...

Será que ele falou a verdade? - Penso comigo.

Ele se levantou, me entregando uma muda de roupa. Pediu para que eu tomasse um banho, que depois conheceríamos o Olimpo.

Realmente, aquilo me animou. Sendo sincera, nunca acreditei em Deus ou Deuses, sempre fui eu e minha sorte (muitas vezes azar), sempre andando um ao lado da outra. Mas, agora com tudo isso, não tenho dúvidas de quem eu sou ou o que eu sou. Eu tenho dúvidas de quem eu vou me tornar, mas isso eu vou me ajeitando aos poucos.

Depois de um belo banho e conseguir me acalmar. Quando eu abro a porta do quarto em que estava, vi Zeus me esperando, o que deixou muito feliz.

- Vamos? - Ele pergunta, animado.

- Com certeza - Digo, sorrindo.

[...]

Nunca fiquei tão confusa dentro de um lugar, mas o Olimpo era enorme!

Foram muitos quartos, muitas salas, muitas pessoas também... Era muita coisa. Nunca imaginei que o Olimpo fosse tão enorme, até cheguei a cogitar em morar aqui, mas desisti...

- Ainda tem mais um lugar para você ir - Digo, e eu arregalo os olhos - É o último, prometo!

- Você falou no últimos três salões que fomos - Digo, sorrindo.

- É o último, depois eu te levo para o Acampamento, tá bom? - Ele pergunta.

Acampamento... Estou com saudade de lá.

- Pode ser - Digo, e começamos a andar novamente.

Ele me leva para um corredor, que no final mostrava um lance de escadas. Subimos em completo silêncio, sem nenhuma palavra, mas toda vez que ele subia os degraus um sorriso brotava no seu rosto, como se estivesse se lembrando de algo, se lembrando de algo muito bom.

- Está muito sorridente, Zeus - Digo, desconfiada - Não vai me levar para um calabouço para depois me matar, ou vai?

- Não vou, Bobinha - Ele diz, sorridente - Chegamos.

O encaro e a sua expressão é feliz. Nunca vi ele assim...  Parecia que iria me mostrar a coisa mais importante da sua vida.

- Pode abrir - Diz, ele.

Coloco a minha mão na maçaneta e giro lentamente. Ao abrir, me deparo com um quarto simples. Mas em seu cento havia um tipo de cúpula e dentro dela havia um raio.

- Zeus - Digo, olhando pro raio - É lindo!

Ele da um leve sorriso e se aproximo da cúpula, ele pega o raio tentando me entregar, mas assim que eu encosto no raio... Só sinto um peso na minha cabeça.

¨¨¨¨

Outra visão? Não sei, mas essa era diferente.

Olho em volta e estou no Olimpo com uma espada na mão e lutando com monstros.

Uma guerra? Isso! Uma guerra, é isso que eu estou vendo.

Deuses brigando com monstros e muito conflito, todos estavam apavorados e eu... Bom, a guerra era por minha causa... Pelo menos era o que eu sentia.

Meus olhos estavam vermelhos de raiva, mas por dentro me sentia triste, acabada, desapontada... Como se me dissessem algo que  havia me destruindo da pior maneira possível.

- Tempi, entenda! - Grita, Apolo, se defendendo - Nós fizemos isso para o seu bem!

- VOCÊS MENTIRAM NA MINHA CARA! - Grito, furiosa, e faço um Minotauro virar pó.

- NÃO QUERÍAMOS QUE SOUBESSE DISSO POR ESSE MODO - Grita, Zeus.

- A CULPA É SUA! - E corro, ou melhor, fujo. Me defendo pela última vez e fujo.

- Tempi! - Grita, Zeus, indo atrás de mim.

Assobio e um cavalo aparece pra mim, monto nele e corro para fora daquele lugar.O lugar onde um dia chamei de casa...

- Tempi! - Grita, Zeus, parando de correr.

"Me perdoe, Zeus, mas sou obrigada a fazer isso" - Penso comigo mesma e uma lágrima escorre no meu rosto.

- TEMPI! - Grita de novo Zeus, com esperança de que eu de a volte, mas não. Hoje não.

¨¨¨¨

- Tempi! TEMPI! - Grita Zeus me chacoalhando.

Meus olhos voltam ao normal, mas minha respiração ainda estava alterada. Estava colada na parede com Zeus me encarando assustado.

- O que aconteceu, Tempi? - Pergunta ele, arrumando meu cabelo - Uma hora estava sorrindo, depois estava gritando coisas e seus olhos estavam brancos.

Foco nos seus olhos azuis, que estavam desesperados para uma resposta.

- Parecia um sonho - Digo, o abraçando - Mas não estava dormindo.

- Calma - Diz ele, fazendo carinho no meu cabelo.

- O que está acontecendo comigo, Zeus? - Digo. chorando.

- Isso iremos descobrir logo - Diz me soltando dos seus braços e limpando minhas lágrimas - Eu prometo!

...

Bu!

A Filha Escondida Do Olimpo IOnde histórias criam vida. Descubra agora