A Chave da Vida

O Sonho

Estava tudo escuro, então viu-se uma luz surgindo de uma superfície externa. Estava submersa. Nadando e sentindo a água brincar com sua pele, os seus cabelos dançando com acima de sua cabeça, flutuando como se não houvesse gravidade... De repente, sentiu uma presença e logo soube de quem era, se esperneou a procura da figura, procurando um rosto pra tal sensação.

- Mamãe?
- Mamãe?...

A água abafava o som e fazia com que em vez de notas sonoras, saíssem bolhas.
Sem conseguir encontrar uma face pra associar e acalmar seu batimento intenso no peito, a garota se desesperou.

- MAMÃE! MAMÃE!!- Apesar de estar gritando a plenos pulmões o único som que se ouvia era dos barulhos das bolhas saindo de se nariz e o grito tão abafado que o que se dizia era irreconhecível.

A procurava em todos os cantos, até que a luz começou a se intensificar e observou alguém mergulhando. Viu as inúmeras bolhinhas e o fenômeno da água indo para todos os lados, que pra quem está esta dentro da água é um espetáculo de se ver, para admiradores de pequenos detalhes.

Viu uma figura com cabelos tão escuros que a luz o deixava azulado, se parecia com uma sereia, uma deusa e estendeu a mão.
A figura era sua mãe, com a mesma aparência da última vez que a viu anos atrás na época de sua morte.
Tocaram as mãos.
Sorriram ao mesmo tempo.
As duas lacrimejando.
Então sua mãe tocou no canto de seu rosto com a palma da mão e a menina esfregou seu rosto com carinho que faziam quando era bebê e disse:
-Desculpa mamãe...-Soltou um suspiro e reparou que o que abafava sua voz havia sumido.

- Ei! Ei Ei ! Minha filha... Minha Laguna... Eu tenho o
Orgulho de você. Você vai conseguir, acreditamos em você. Será grande, o que tem se preparado pra você, só... não desista. 

- O que? mamãe?
Então esta desapareceu.

Seu ar sumiu, procurou respirar mas não conseguia então acordou num grito:
-MAMÃE

Seu corpo estava suado e seus olhos, mesmo durante o sonho, molharam o travesseiro de lágrimas quentes.

Laguna pois se de pé e caminhou até o banheiro e encarou seu reflexo. Seus cabelos eram tão escuros quanto o de sua mãe e seus olhos em cor de mel estavam vermelhos de sono, sua boca carnuda lhe faltava um sorriso, que um dia já foi tão belo quanto de sua mãe.

Mas sua mãe estava morta.