19. Dor no peito

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O peito de Hoseok doía, por algum motivo. Uma dor dilacerante, que esmagava, triturava e machucava. Muito. Ele não sabia exatamente o que estava acontecendo consigo. Não sabia se era sentimental ou se estava com algum problema de saúde. E, na realidade, só se importaria se estivesse ao ponto de morrer.

Por isso ele se importava um pouco.

Mas continuava trancado em seu quarto. Em sua casa. Em cima de sua confeitaria. Já era a décima vez que Namjoon batia em sua porta, mas ele se recusava a abrir. Recusou a tarde inteira. Assim como recusou seus próprios sentimentos. Seus próprios pensamentos. Suas vontades.

Recusou que sentia, sim, algo a mais pelo seu amigo e chefe de cozinha, Kim Taehyung. Recusou pensar em uma possibilidade de ambos ficarem juntos em um relacionamento além da amizade. Recusou a vontade que tinha de atacar o mais novo e beijar-lhe os lábios, provar do doce coração que o outro carregava e se esbaldar numa onde de sentimentos com ele.

Oh, e Hoseok percebia as investidas do mais novo, os olhares, os gestos. Tudo. Não sabia se ele poderia o ver como apena sim troféu, como a mãe do garoto tinha dito que o pequeno Tae via os chefes. Mas, realmente, não se importava, nem com possibilidades, nem com esses pensamentos maus, nem com sentimentos ruins. Queria Taehyung, mesmo sendo apenas uma conquista para ele ou não.

Mas não poderia, não poderia deixar de sentir dor, não poderia esquecer tudo o que aconteceu de mal na sua vida amorosa no passado. Esquecer a garota que havia bagunçado sua mente por tanto tempo. A garota que havia o deixado tempos atrás. Hoseok sempre foi alguém que defendia a ideia de que devemos tentar superar.

E ele estava.

Com a ajuda de Taehyung, mesmo que inconscientemente.

Até ver seu melhor amigo beijando o outro na cozinha.

Mais uma vez, tinham escolhido outra pessoa a si. Ele sempre era a segunda opção. A outra escolha. Os restos. E ele pôde chorar o que não tinha conseguido na primeira vez que Namjoon contou que tinha ficado com Taehyung, na primeira vez que viu seu amigo dando em cima do outro. Da primeira vez que percebeu que Kim Namjoon era uma opção melhor que Jung Hoseok.

Já Taehyung estava agoniado do lado de lado de fora. O quarto de Hoseok ficava em cima da cozinha, e aquilo doía. Por não poder estar lá. Quando finalmente conseguiu empurrar Namjoon de perto de si, de um beijo que não queria que acontecesse, ouviu os choros e resmungos do Jung. Perguntou ao menino Jeon se o chefe havia passado ali por perto, e Jungkook o contou sobre as lágrimas que viu descendo pelo rosto do outro.

Namjoon correu para cima, mas Taehyung precisava continuar trabalhando, confeitando bolos que deveriam ser entregues ou buscados naquele final de tarde, batendo massas e recheios e tirando biscoitos do forno.

O relógio não parecia estar colaborando, mas os últimos cinco minutos passaram tão rápido quanto nos outros dias. Quando finalmente entregou o último pacote de bolo, arrancou o avental de seu corpo e correu até o andar de cima, expulsou Namjoon de lá e chorou, dizendo ao Jung do outra lado da porta, dizendo que tudo ficaria bem.

E talvez ficasse.

Ficaria se o Kim não fosse tão covarde.

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