21. Beijos salgados

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- Já pode ir embora, Taehyung. Já deu o seu horário de trabalho - Disse a voz do outro lado da porta, tentando parar com os soluços que insistiam em sair de sua garganta.

- Não vou embora até conversar comigo do jeito certo, Hoseok! - Ele se recostou na porta do quarto de seu chefe, descendo até o chão e se mantendo ali.

- Não temos o que conversar - Logo após isso, Hoseok deixou alguns pequenos indícios de que as lágrimas haviam voltado a rolar por seu rosto.

- Eu te devo uma explicação, Hobi - A voz saiu manhosa, talvez embargada, entristecida. Ele apenas queria consertar a porcaria de um erro.

- Não me deve, não. Sou apenas seu chefe, seu amigo, e não preciso de explicações adicionais sobre sua vida amorosa e seus relacionamentos - Hoseok secou as lágrimas e foi até a porta, se sentando de frente para ela, tentando escutar mais claramente a voz de Taehyung - Não preciso saber se está ou não namorando com alguém, foi só um beijo. Apenas estou chateado que foi no meu ambiente de trabalho.

- Hoseok, eu não queria! Eu não fazia ideia de que ele iria me beijar! Juro pra você - O loiro se ajoelhou diante da porta, sabendo que o Jung estaria mais perto de si do que nunca.

- Se não queria... por que correspondeu? - Sua voz foi baixa, mas Taehyung tinha conseguido escutar a pergunta.

- Não correspondi! Eu juro! Nunca quis que ele me beijasse de novo, achei que tinha deixado claro de que eu gostaria de manter apenas uma amizade com ele. Não era minha intenção - Ele tentava conter as lágrimas, passando diversas vezes a palma da mão pelo rosto. O pequeno Jeon escutava tudo do andar de baixo, terminando lentamnete de guardar as últimas coisas.

- Eu vou... conversar com o Namjoon - Hoseok disse por fim, depois de longos minutos em absoluto silêncio.

- Não acredita em mim? Hoseok se para ele, obviamente irá negar! Confia em mim, é tudo o que eu te peço agora - O Kim se sentiu traído, apesar de saber que Namjoon e Hoseok eram melhores amigos desde a infância, não sabia que sorria tanto ouvir o Jung dizer que não confiava em si, praticamente.

- Não! Não é isso. Vou perguntar o que deu na cabeça dele para fazer algo assim. Taehyung, se for verdade mesmo, ele cometeu um assédio contra você. Beijar alguém sem o consentimento e afirmação da outra pessoa é um crime. Vou ver o que deu na cabeça daquele idiota e questionar os motivos - Hoseok entendia muito bem a sensação de ser assediado por alguém, ou viver em um relacionamento abusivo, e não ter ninguém acreditando em si - Eu confio em você.

Naquelas quatro palavras, Taehyung encontrou uma esperança. A frase era uma das únicas coisas que ele gostaria de ter ouvido de alguém quando foi lretsra queixa contra a sua ex namorada. Mas nunca tinha ouvido nem metade daquela sentença, então sabia o peso que aquilo carregava e achou melhor consolar o Kim, apesar de ambos estarem destruídos, mesmo que por motivos diferentes, causados pela mesma pessoa.

- Muito obrigado, Hoseok - Voltou a chorar, pondo a cabeça entre os braços, tentando diminuir a intensidade de suas lágrimas.

- Está tudo bem - Hoseok disse enquanto abria a porta, abraçando o mais novo logo em seguida.

- Obrigado por confiar em mim - Os dedos de Taehyung se alertavam contra a camisa que o mais velho usava, o choro de ambos sendo escutado pelo Jeon, que estava parado nas escadas que levavam para o apartamento de Hoseok, ouvindo toda a conversa.

- É o mínimo que eu poderia fazer por você - Dito isso, ele apenas deixou um leve selar na testa do mais novo. E isso significava esperança. Hoseok significava a esperança. Esperança para um futuro bom, bonito, onde as coisas não davam errado da maneira que estava acontecendo. Uma esperança válida para todos que pisavam no mundo.

Uma esperança de outras vidas.

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