Elementais das Trevas - Os Nove Portais Demoníacos #1

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A Hobart Street continuava com sua decoração de Halloween.

A brisa soprava nos cabelos de Selene, enquanto olhava para as duas malas cheias dentro da parte de trás do carro. Ela se mudaria pela segunda vez, e sabia que ficaria na Academia por um tempo indeterminado. Iria se despedir do pai quando chegasse no Frick Park, mas não sabia como faria com a despedida de Cindy. Naquela hora da manhã de domingo, a amiga ainda estaria no décimo terceiro sono.

Contudo, o problema era Cindy. Não guardava nenhum segredo dela, mas agora tinha a história dos demônios... Ela acharia que era invenção de Selene – ou que ela era realmente louca. A casa de Cindy não estava muito longe, mas não fazia ideia de como falar sobre a nova mudança. Se perguntasse para qual escola iria, o que ela ia dizer? Nunca foi boa em mentir. Respirou fundo, tombando a cabeça para o lado. Despedir-se por telefone parecia a maneira mais ridícula, então descartou a ideia.

— O que houve? – Jack saiu de casa, indo em direção ao carro.

— Não sei como vou falar para a Cindy sobre a minha nova mudança – disse, sem desviar o olhar das malas. – Ela vai enlouquecer, perguntando onde é a nova escola...

— Você tem sorte – disse Jack. Selene arqueou uma sobrancelha, confusa. Sorte? Sorte por ter que mentir para sua melhor amiga? – Eu já bolei algo para que você possa contar a ela. – ele sorriu, encostando-se no carro azul com os braços cruzados.

Selene franziu os lábios, gesticulando com o queixo para que ele continuasse.

— Eu sei que é difícil mentir para uma amiga, mas você precisa fazê-lo. Você pode dizer que vai para um internato, mandado pela senhora Judith.

Selene deu risada, passando a mão na testa.

— Internato? E pela senhora Judith? Qual é o sentindo disso?

— Você não diz que ela é louca? Já vi isso acontecer em filmes e livros. Não seria um problema – ele cruzou os braços. Ele falava como um adolescente.

Selene abriu levemente a boca. Lembrou-se de um livro onde mãe apenas brigava por coisas banais com o pai, até queimando sua cueca. Qual era mesmo? Ah, sim, "Nascida à Meia-Noite".

– Bom, é uma ótima ideia. Mas Cindy vai querer me visitar e quando notar que é no Frick Park... – suspirou, prevendo o pior das situações.

— Ela pode te visitar, mesmo que seja no Frick Park. E você vai ficar só um tempo lá para ver como tudo vai ser. Não é para sempre. – Jack fechou as portas traseiras.

— Tudo bem... – Selene passou a mão no rosto. Estava sentindo um pouco de calor dentro daquela jaqueta velha vinho. Teria que fazer de tudo para tampar a Marca enquanto estivesse ali, principalmente para falar com Cindy. – Vou até lá antes de irmos – avisou ao pai, afastando-se do carro.

Cindy era sua melhor amiga e teria que inventar algo para falar a ela. A sensação de mentir era horrível, mas, tecnicamente, a Academia poderia ser considerada um internato. Tudo bem, não teria que mentir cem por cento. Selene virou a esquina para entrar na Phillips Avenue, onde Cindy morava e onde ficava sua antiga casa. A rua ainda estava coberta pela decoração do Halloween. Selene avistou moradores da casa ao lado retirando cuidadosamente as abóboras. Ela sorriu para eles como cumprimento, mas eles pareceram fingir que Selene nem passava pela rua. Ah, os Gilbert. Os moradores que me odiavam desde o dia do meu nascimento. Nunca me esquecerei deles.

Selene se aproximou de uma casa cheia de morcegos de enfeites. Selene parou em frente à porta onde havia uma bruxa horrorosa pendurada. Ela tocou a campainha da casa, o som ecoando junto a passos apressados vindos de dentro, como se fosse a própria Cindy. Abrindo a porta, uma mulher vestindo um roupão verde-claro apareceu, abrindo um sorriso.