Capitulo dois

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Cara, cê tá super sexy e assustador assim, mas pra não considerar você uma ameaça poderia sair do lado negro e se apresentar? -- Digo, completamente embriagada de sono. Já tinha me arrependido de ter dito aquilo quando príncipe Christopher saiu de seu abrigo de sombras com um leve sorriso no rosto; seus cabelos pretos estavam bagunçados e seus olhos vermelhos estavam visivelmente inchados atrás dos óculos quadrados, provavelmente estava chorando, ele está completamente diferente desde a última vez que o vira nos treinos de mamãe, porém continua lindo
--Me chamo Christopher-- Diz, tentando demonstrar alegria em socializar com um plebeu e estende a mão para mim
--Não precisa se preocupar comigo, não sou uma ameaça--Diz ele em um tom mais sério do que eu esperava
--Pode me chamar de Lia-- Digo, percebendo que ele obviamente não lembrava de mim e estendendo a mão para o cumprimento,  mas ele leva aos lábios e beija minha mão com toda delicadeza "apaixonei".
--Não sei bem com o que devo meu preocupar ou em quem devo confiar—digo relembrando as palavras de Arthur pouco tempo antes da cerimônia, ele é meu melhor amigo desde sempre e com certeza uma das únicas pessoas que eu consigo confiar

-- Olha, nem é tão ruim assim, não fomos exilados, mas ainda podemos fugir -- falo tentando iniciar um assunto tentando tirar a energia negativa de extrema tristeza rodeando o príncipe, pois talvez ele não me conhecesse mas eu o observava, não me parecia má pessoa sempre se esforçava, até quando seu pai passava o olhando com desprezo. 
- Nunca vamos sair daqui, você sabe disso e só não quer aceitar Lia, entenda que não estou sendo pessimista, eu que vigiava essas celas, isso não tem saída e é um fato!- Disse ele um pouco alterado, mas não dei atenção à isso e ele continuou com uma voz calma 
-- É que eu cresci aprendendo como governar, aprendi a não fazer distinção de pessoas sabe? Ricos, Pobres, Fadas ou duendes...Agora, porque sou um demônio eu não posso cumprir o objetivo da minha vida entende?, mesmo não concordando com esse sentimento, eu estou  decepcionado comigo mesmo e ao mesmo tempo com raiva dele, por que o que dói mais é que ele me olhou como se já soubesse disso e como se eu fosse uma aberração -- Diz ele com o olhar vazio
A história estava se repetindo e ele teria o mesmo destino que o irmão, isso o deixava frustrado e perdido, a partir disso pude vislumbrar melhor a história e a fragilidade do meu novo companheiro de cela, eu pelo menos, sabia que minha mãe nunca me rejeitaria. Imediatamente a cena de mamãe chorando e os olhares de reprovação voltam a minha mente
--minha mãe sempre me protegeu de tudo, eu sou sua única filha e meu pai foi embora há muito tempo sabe? Ela sempre teve muitas responsabilidades com os alunos dela, mas sempre demonstrou que a prioridade era eu, eu.. queria poder me despedir...-- digo, soltando algumas lágrimas silenciosamente, só queria que ela tivesse orgulho da filha dela entende e nem isso eu pude dar à ela..
O sentimento de culpa me domina e começo a chorar pela primeira desde que entrei naquela sala.
--Não entendo...Porque é tão ruim assim?-- Digo limpando o rosto 
-- O que fizemos afinal?-- Eu realmente não odiava os demônios, no entanto nunca me importei com a situação deles, mas, por mais egoísta que seja, só agora percebo que essas pessoas não tiveram culpa nenhuma para morrer presos ali, me dá uma mistura de tristeza e raiva ver o rei machucar pessoas inocentes e nosso reino não fazer nada!

A criatura roxa na cama que tentava se sentar interrompeu meus pensamentos, ele olhava para o guarda que abria a pequena portinhola na parte de baixo da porta para deixar alguns pratos de sopa, então abaixei para pegar dois deles e o guarda puxou minha mão. Gritei de susto.
--Não se preocupe vai ficar tudo bem, tentarei ajudá-los...mas me diga, ele está vivo?-- falou quase num sussurro e rápido demais, levei um tempo para recuperar do susto e ponderar se ele devia estar falando do ser roxo que era o único morrendo ou da figura do príncipe que parecia muito frágil naquele momento, deduzi que devia estar falando da criatura roxa já que o príncipe e eu tínhamos acabado de chegar
--Sim-- respondi sem nem mesmo pensar e por que só queria que ele me soltasse.

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