capítulo 1

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Sky

Seul... Eu esperei tanto por você!
Pra andar em suas ruas coloridas e animadas, pra sentir o seu vento em meu rosto e contemplar diferentes estilos de pessoas passar por mim.
Hoje, nessa noite fria de sábado, me sinto aquecida ao seu lado, Seul.

São 21:45 da noite, eu estou andando sem rumo pelas ruas, tentando conhecer mais da cidade que eu sempre sonhei estar.
Neste momento, estou atravessando uma pequena ponte que une dois lados do rio Han. É lindo aqui.
Observo as pessoas andando lá embaixo, algumas sentadas a beira do rio, namorados fazendo picnics e andando de mãos dadas. Exatamente como eu sempre sonhei.

Coloco minhas mãos vermelhas e geladas no bolso largo de meu sobretudo preto e abaixo um pouco a cabeça, tampando a boca com meu cachecol.

Um garoto começa a andar ao meu lado, com passos largos.
O encaro discreta e dou passos tão largos quanto os dele tentando o alcançar.
Fazer o que, eu sou uma infantil garotinha de 20 anos haha.
Acho que ele percebeu, pois começou a andar mais rápido ainda, me olhando de rabo de olho.
Cerro os olhos e começo a correr devagar. Mas ele vai mais rápido.

- seu cadarço desamarrou - aponto pro tênis preto que ele usa e ele olha pra baixo.

Aproveito a deixa e saio correndo, tentando chegar no final da ponte antes dele.
Ele percebe minha técnica infalível e corre nervoso.

- yaaa, você tá roubando - suas pernas cumpridas não demoram muito pra me alcançar.

Ele pisa na parte de trás do meu tênis e... É vergonhoso contar o resto.
Só posso dizer que a nossa sorte foi ter começado a nevar e a neve amorteceu a queda.

- eu não roubei, você que é besta. Não tem cadarço no seu sapato - rio alto e ele sorri me acompanhando.

- vem, eu te ajudo a levantar - ele se coloca de pé e me oferece a mão.

Me levanto com sua ajuda e limpo a neve branca que marcou meu sobretudo. Ele faz o mesmo com suas roupas.

- Sua bochecha está machucada - ele diz abafado através da máscara e tira a luva preta de sua mão.

Ele leva seus dedos pálidos e cumpridos até meu rosto, tocando com cuidado.
Recuo com a dor e me encolho.

- vem, vamos cuidar disso aí. E da próxima vez, eu te deixo ganhar - ele ri.

- eu não vou, nem te conheço. vai que você é um tarado querendo abusar do meu frágil corpinho - abraço meu próprio corpo.

- ta bom, fica assim até sua cabeça cair - ele ri nasal e eu suspiro.

- se você encostar em mim, eu te dou um tapão grande!

- prometo que não vou deixar sua cabeça cair - ele diz antes de começar a andar a minha frente.

Mordo o lábio sem saber o que fazer e decido o seguir. Se acontecer alguma coisa, ligo pra polícia!
Nós andamos uns três quarteirões até ele parar na frente de um grande prédio de vidro chique.
Ele digita a senha na porta da frente e entra. Eu o sigo.

- ei, eu moro ali na frente - aponto através na porta para um outro prédio que há do outro lado da rua, só que menos chique.

- não acredito. somos vizinhos. tente não se apaixonar por mim quando eu vier aqui em baixo trazer o lixo, ta? - ele diz com a voz fofa entrando no elevador.

- vai achando - entro atrás dele, sabendo que é uma má idéia.

ele aperta o botão pro último andar. esse prédio tem 37 andares. sinto meu corpo gelar.

- ta tudo bem? Você está pálida - ele me encara assustado.

- e-eu... Tenho muito medo - digo fraca sentindo minhas mãos suarem

- medo do que? está tudo bem, se acalma.

- e-elevador. tenho m-m-medo.

abaixo minha cabeça e me agacho no chão, escondendo a cabeça nos braços.

percebo ele tirar a máscara e se sentar ao meu lado.

- ja ta chegando, hum? so mais um pouquinho. você consegue - ele diz baixinho - nós podemos descer de escada depois.

- sério? - eu levanto um pouco a cabeça, sem o encarar.

- sério. de verdade. eu prometo - ele coloca sua mão com o dedinho esticado e eu ergo a minha com dificuldade, entrelaçando nossos dedos.

Taehyung

Ela levanta devagar, parecendo sem graça.

- desculpa, eu sou patetic... - ela para de falar ao olhar para mim.

- não grita, vão achar que eu tô sequestrando você - rio nasal.

- pode sequestrar se quiser - ele diz rindo e depois arregala os olhos - mentira eu não falei isso, você tá sonhando. vamos sair daqui

a porta do elevador se abre, por sorte, e nós saímos. rio pequeno e coloco a senha fazendo a porta do apartamento abrir.

- mi casa, su casa - brinco dando espaço pra ela entrar.

- uau, lugar legal - ela entra olhando ao redor.

- senta aí, vou buscar as coisas - digo me dirigindo até a dispensa.

pego a caixa de primeiros socorros, alguns salgadinhos e suco e volto pra sala.

- você pode comer isso aqui, se quiser - jogo os pacotinhos em cima dela que pega de primeira.

- obrigada.

me sento na mesa de centro em sua frente, pegando algumas coisas de dentro da matela branca e vermelha.
passo algodão com soro biológico limpando o machucado em sua bochecha, concentrado.
Em seguida, passo uma pomada com cuidado e coloco um band-aid por cima do machucado.
Ao terminar, percebo o quanto nossos rostos estão próximos.
Seu olhar cativante me puxa pra si e parece que vê minha alma.
Ela tem olhos grandes como jabuticaba, puxadinhos e claros, tipo Hazel. Sua pele pálida deixa seus lábios vermelhos ressaltados, e os cabelos negros caem livres e uniformes sobre seus ombros.

- acabou? - ela diz com a voz calma, me trazendo de volta pra terra.

- sim, sua cabeça não vai cair - digo sem graça

- é uma pena, você não vai poder ficar com ela e usar como abajur pra ver minha beleza todos os dias.

- você é psicopata - rio nasal.

ela gargalha alto, mostrando duas covinhas fofas.

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