COMEÇAM OS PREPARATIVOS

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O príncipe abre os olhos lentamente e com dor de cabeça sem saber onde estava. Havia um ar acolhedor naquele quarto pequeno de madeira. Uma figura grande com a armadura da brigada dos lobos olhava para Hilbert. Estava com uma tigela de madeira com sopa na mão ao qual entregava ao príncipe. O jovem fala para Hilbert com uma voz branda e familiar:

— Eu tenho que salvar sempre a sua pele, não é mesmo? — o jovem dá uma risada com tom de provocação. — Ainda bem que eu estava patrulhando nas proximidades enquanto eu vi aquele clarão, senão os guardas teriam achado seu corpinho real petrificado. Coitadas das donzelas do reino. Quem as consolaria? — diz o jovem dando outra risada.

— Bom, nesse caso, seria feriado nacional e você não teria que ficar se esfregando na terra, ou se esgueirando pelos bosques! Não é mesmo, Goedell? De qualquer forma, acho que você ainda iria fazer isso no mesmo dia, depois do meu funeral, assim espero. — o príncipe debocha de seu amigo enquanto toma a sopa com uma careta.

Goedell é o Vice Comandante da Brigada dos Lobos. Sempre está com sua armadura de couro cinza adornada parcialmente com pelos que lembram os de lobos cinzentos. É mais alto que o príncipe e possui um corpo magro, porém com grandes músculos bem definidos e duros como rocha, sua pele é morena clara. Seus cabelos lisos são de tom castanho claro, muito longos e presos como rabo de cavalo por um laço cinza. É amigo de infância de Hilbert, sempre treinavam juntos e estiveram em várias batalhas, desde os tempos de cadetes da Guarda Real. Ali fica a cabana de Goedell, na parte de fora da muralha do castelo ao qual ele usava como posto de observação, preparação e repouso. É um local muito camuflado e discreto.

— A sopa não está boa para seu paladar real, Vossa delicadeza? — Goedell gargalha da cara de nojo do príncipe. — Coma logo essa sopa, seu fresco! Ela tem ervas raras que eu encontrei. Elas nascem no cadáver decomposto de um Basilisco. São antídotos potentes para petrificação! Já não bastam tantas estátuas de você por ai, uma a mais ia ser uma ótima aquisição, não acha? — diz Goedell de forma sarcástica.

— Eu fico imaginando o que vocês comem por ai enquanto estão patrulhando. Já me embrulha o estomago o suficiente pensar no cardápio da sua brigada. — o príncipe olha para Goedell tentando disfarçar a careta, produzida pelo cheiro da sopa. — Obrigado por salvar a minha pele Goedell, depois dessa você me deve umas três eu acho! — os dois riem.

— Eu acho que é o contrário, não é mesmo? Você se esqueceu daquelas ruínas enfestadas de vampiros? — o Vice Comandante olha para o príncipe com um sorriso desafiador.

— Mas aquela foi apenas uma de nossas missões Goedell! Eu não vou discutir nosso placar de novo até você parar de passar bosta velha de lobo para se camuflar e usar a mesma armadura um dia sim outro também. — Hilbert ria da cara de seu amigo. Goedell ficou irritado com seu amigo, embora tudo isso fosse verdade.

— Hilbert, seu ingrato! Conte-me o que você estava enfrentando encima da biblioteca e o que diabos têm velocidade para conseguir tocar em você? Você não anda bebendo de novo por causa da Charlotte lá da cozinha real, não é? — o Vice Comandante questiona Hilbert com cara de surpresa. Hilbert fica calado por um momento e responde.

— Nunca vi uma criatura daquelas, me parecia uma espécie de espectro com braços gigantes, seus olhos eram como luzes vermelhas. Quando eu desferi um ataque em seu peito, a espada parecia ter atravessado o ar! Parecia estar procurando a entrada da biblioteca, mas existem encantamentos de proteção por todo aquele local, isso deve ter confundido a criatura, eu suponho.

— Seja lá o que for aquilo, agora é fumaça, pelo menos eu vi virar fumaça, enquanto seu corpo promíscuo caia no chão. — responde Goedell olhando pela janela e continua. — Esse veneno paralisante não é muito diferente do veneno das serpentes medusa do bosque de Edengard, para a sua sorte. É só uma variação bem mais forte. Eu me pergunto como essa coisa passou despercebida pelos patrulheiros, os brigadistas e a Guarda Real.

As Crônicas do Reino de Whitecastle: Livro I - A  Jornada do PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora