Trinta e dois

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Capítulo 32, por Marjorie Hayes
Bem-vinda, Susan Davis

Faltavam menos de 48 horas para o grande evento beneficente acontecer e toda a empresa estava eufórica. Por acontecer todos os anos, esperava que os funcionários e organizadores já estivessem familiarizados, contudo, a ocasião ainda parecia ser assustadora.

Acabara de passar todo o cronograma da noite para Elliot, que prestava atenção cautelosamente em todas as palavras desajeitadas e ansiosas que saiam da minha boca freneticamente, não deixando transparecer o meu medo de não estar o agradando.
Mas, ao finalizar, ele elogiou o nosso empenho e pediu que ligasse para Ethan, certificando a sua presença no prédio.

Em dois toques, Ethan atendeu.
Sua voz estava como sempre, áspera e ao mesmo tempo sonolenta, como quem não faz nenhum esforço para ser gentil.

Não demorou muito para vê-lo perambular com seu terno alinhado sob a sala do seu pai, onde eu também ainda estava. Trocamos um olhar cúmplice e tentei não sorrir ou encará-lo demais — o que normalmente era um trabalho difícil.

— A senhorita Davis estava na reunião hoje mais cedo, com Susan. Pretendem ficar esse fim de semana em Long Beach. — o meu chefe comentou, analisando a expressão confusa do filho. — Estava pensando que você poderia chamar Susan para o baile, seria uma grande jogada.

Desviei o olhar para o iPad na minha mão, faiscando.

Ele estava sendo modesto, pois eu também presenciei a reunião que Elliot comentou, e sinceramente, Srta. Davis e sua filha, sem dúvidas eram as mulheres mais bonitas que eu já cheguei a ver. E não podia negar que eram muito influentes no mercado australiano, uma aliança entre esses dois impérios seria bem mais que uma grande jogada, sejamos claros.

— Pai, eu já tenho uma acompanhante. — respondeu, como se dissesse o óbvio. Mexi rapidamente a minhas pernas, querendo chamar atenção de Ethan, suplicando com um olhar que ele não fizesse o que achei que estivesse fazendo. — Todos os anos levo Rebecca, é uma tradição.

Suspirei aliviada, apesar de estar um pouco decepcionada por sonhar demais.

— Rebecca entenderia, ainda há tempo para que ela encontre outro acompanhante. — Elliot rebateu, decisivo.

Ao que parece, aquilo não foi uma sugestão. Ethan iria levar a menina de ouro para o baile, de qualquer modo.

— Tudo bem, posso falar com ela mais tarde. — cedeu e deixou a sala poucos minutos depois, quando o seu celular tocou.

Não podia dizer que estava chateada com a situação, entretanto, feliz me parecia ser uma palavra muito forte para definir o meu humor. Obviamente não iria ser a acompanhante de Ethan por conta do nosso relacionamento secreto, porém, não passou pela minha cabeça que ele poderia levar outra pessoa em meu lugar.
Mas agora já estava feito, e eu não podia sequer reclamar.

Passei o restante do expediente na minha sala, fazendo ligações e me programando para que tudo saísse perfeito. Evitei olhar o celular ou me distrair com qualquer coisa que não fosse relacionado ao trabalho.

Estava tão absorta que mal percebi quando a hora de ir embora chegou. A ligação de Becky anunciando a chegada do meu táxi me fez saltar.

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Quando cheguei, apartamento ainda estava silencioso, denunciando que os meus universitários prediletos haviam saído — ou nem sequer chegado.

O meu jantar foi uma simples lasanha requentada e vinho tinto. Já estava me preparando para deitar quando o meu celular tocou.

O número era desconhecido, mas poderia reconhecer àquela voz com mais facilidade que qualquer outra.

— Te acordei? — Ethan perguntou.

— Não, estava jantando. Aconteceu alguma coisa?

— Ainda estou preso na empresa com o seu chefe chato. — seu tom de voz era debochado, quase cansado. — Queria estar aí.

Sorri com o comentário. Ethan não fazia o tipo romântico, então sempre suspeitava se estava brincando ou falando sério ao dizer certas coisas melosas.

— Também gostaria que estivesse.

Escuto o barulho de alguns papéis se mexendo logo em seguida.

— Está frio. Preciso que vista algum casaco e desça para o estacionamento do prédio. — olhei para o aparelho confusa, sem saber se estava falando comigo ou não. — Não desligue o celular.

— Ainda está falando comigo?

— Claramente. — ouvi seu riso abafado.

Caminhei até a porta sem me importar com a sua indicação sobre o clima. O meu guarda-costas estava em frente ao elevador, me esperando.

Não demorou para que chegassemos até o local indicado. O estacionamento estava praticamente vazio, a não ser por dois carros cobertos por poeira.

Ainda estava confusa com a situação, então encarei Tommy, que me fez olhar para a direção contrária com o seu queixo.

Só podia ser uma pegadinha. E de muito mal gosto.

Havia a porra de um Ford Fusion com um laço exageradamente grande na garagem do prédio!

Vacilei ao tentar dizer alguma coisa, ainda perplexa com a visão do carro brilhante à minha frente.

— Diga alguma coisa, estou preocupado. — a ansiedade na voz de Ethan o denunciava.

— Você está de brincadeira. — foram as únicas palavras que consegui pronunciar minutos depois de analisar toda a situação.

Ele estava rindo do outro lado da ligação.

Olhei para o lado e Tommy estava com as chaves balançando na mão, me mostrando que o presente realmente era meu. Balancei a cabeça em sinal negativo incontáveis vezes.

— Gostou?

— Se eu gostei? Watson você enlouqueceu? — minha voz estava alta, e agradeço por estar sozinha naquela vasta garagem. — Eu não posso aceitar que me dê um carro, isso é... demais.

— É um presente, o que há de errado?

— O anel foi um presente, isso aqui é um exagero imenso. — rebati.

— Dê uma olhada nele, passei a tarde inteira escolhendo, bebê. — sussurrou, de um jeito quase inaudível. — Aposto que você o adorou.

Maldito manipulador.

Sem ao menos perceber, peguei as chaves e já estava destravando as portas. Não podia negar que era lindo mesmo.

— Não sei o que fazer com você.

— Tenho algumas idéias. — brincou. — Não acha que podia usá-lo para ir ao meu apartamento esta noite?

Meu peito queimou em excitação ao ouvir suas palavras saindo. Fechei os olhos, lutando contra a vontade de mandá-lo para o inferno.

— Tenho algumas economias no banco, vou pagar este maldito presente quer você queira ou não.

Seu riso agora foi mais agudo.

— Chego por volta das 22h00, esteja lá. — sibilou, ignorando mais uma vez minhas palavras e desligando logo em seguida.

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Estou de voltaa!

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