Dez

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Capítulo 10, por Marjorie Hayes
Apostas


— Qual é o prêmio dessa aposta?

Ethan sorriu e demorou alguns instantes para responder.

— Se você ganhar, você escolhe o lugar que eu devo te beijar. Se eu ganhar, eu escolho.

— Não vejo tanta vantagem nessa aposta. — retruquei.

— Aqui é um cassino e o jogo é meu, então você não tem a opção de desistir mais. — sorriu de lado. — Minha jogada é um pouco mais de 30 minutos, e a sua?

— Ela parece não estar tão interessada. Aposto que ele não consegue em menos de 2 horas. — encaro o semblante do cara que segurava a mão da mulher ao seu lado.

Ethan balançou a cabeça em sinal negativo.

Depois de umas três doses, nós já estávamos socializando e eu, pensando demais.
Pensando demais ao ponto de reparar em como os primeiros botões abertos da camisa de Ethan o deixava mais atraente e comentar isso em voz alta.

Espero que eu esqueça o quão embaraçoso foi formular uma desculpa convincente depois de ver o seu sorriso exibido se formar.

Merda, ele era um homem e tanto.

Já estava prestes a desistir de tudo quando o homem se levanta e segura a mão da loira ao seu lado, levantando ela também.

— Eles estão indo para o banheiro juntos?

— 32 minutos e 7 segundos. Mais sorte da próxima vez. — vez um brinde e deu um gole na sua bebida forte.

— Eles não vão... transar no banheiro, vão? — fiz cara de nojo.

Ethan sorriu com isso.

— Ah, vão, sim. — seu sorriso aumentou ao ver mais um pouco de ânsia no meu rosto. — Me diga, qual foi o lugar mais inusitado que já fez sexo?

Olho para os lados na esperança de estarmos realmente longe de ouvidos alheios. Seria uma vergonha que alguém escutasse esse tipo de pergunta.

— Não sei.

— Não sabe o quê? Vamos lá, é fácil. — insistiu.

Pensei em mentir, uma pena não ter sido tão rápida quanto o seu cérebro que, aliás, percebeu quase instantaneamente o meu desconforto ao falar no assunto e, então: bingo!

— Não. Você não é virgem. Não é mesmo. — falou descompassadamente, negando com a cabeça, não me deixando perceber se estava fazendo uma pergunta ou uma afirmação.

— Certo, vou virar alvo de zombaria ou algum tipo de aposta vai ser feita para saber quem vai ser o primeiro a perverter a virgem Maria aqui?

— Não estamos no colegial. — agora foi a sua vez de fazer cara de nojo. — Apesar dessa informação tê-la deixado três mil vezes mais atraente.

Sorri ao ouvir a última parte e dei mais um gole cru.

— Fico aliviada por saber disso.

Ethan chama o barman mais uma vez e ele traz consigo mais dois copos cheios.

— Achei que vocês não existissem mais, sabe? "A lenda das mulheres que escolhem esperar pelo casamento". — fez aspas e recitou o final com uma voz que certamente é uma vergonha alheia.

— Não estou esperando por um casamento e, qual é? Eu só tenho 23 anos, não é como se eu fosse uma coroa virgem. — zombei do seu posicionamento.

— E então, só resolveu esperar?

— Bom, digamos que nos meus terríveis relacionamentos anteriores, meus parceiros sempre resolviam me foder de outras formas. — disse com certo divertimento, contudo, ao visualizar o semblante descarado de Ethan, percebi que não estávamos caminhando na mesma linha de raciocínio. — Maldita ambiguidade! Não estou me referindo à essas outras formas que você está pensando, Watson.

— Oh, sim. Quis dizer psicologicamente? — afirmei com a cabeça. — Sinto muito.

— Não deveria, porque eu não sinto. Talvez sentisse mais se tivesse acontecido as outras coisas, se é que me entende.

Sua gargalhada foi alta.

— Você é engraçada. Devia beber mais vezes.

— É bom saber que meus desastres amorosos divertem alguém. — dei de ombros.

— Marjorie, erros são necessários para que venham os acertos.

Seu polegar vêm até o meu lábio inferior e faz um breve contorno, provavelmente limpando a parte borrada do batom deixada pelo copo.

— Seu amigo vai ficar triste ao saber que está soltando cantadas horríveis à mulher que ele trouxe para um encontro.

Seu sorriso aumentou ao ouvir isso, me mostrando que ele esperava tudo, menos essa resposta. Porque como é perceptível, Ethan não é tão acostumado a ver mulheres resistindo ao seu encanto barato.

— Primeiro: só foi uma única cantada e ela foi ótima. — pausou um instante para checar o horário no seu relógio exagerado. — Segundo: ele vai ficar mais triste ainda quando souber que eu a deixei em casa.

Levantou da cadeira e deu a volta na mesa, deixando algumas notas na mesa e vindo em minha direção.

Talvez fosse melhor recusar o convite, mas diante desta situação, que outra opção eu tenho?

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