Treze

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Capítulo 13, por Marjorie Hayes
Camuflagem

Levando em consideração os acontecimentos desse fim de semana, percebi que quanto menos você deseja uma coisa, maiores são as chances dela acontecer.

E eu já estava prestes a enlouquecer no meu apartamento quando tomei a pior decisão da minha vida: pedir conselhos à uma amiga.

Deixe-me ver se entendi: você saiu para um encontro com um cara e acabou indo dormir na casa do melhor amigo do cara, que é o filho do seu chefe? — Alla gargalhava do outro lado da ligação, enquanto atravesso a rua para entrar no táxi.

— Basicamente isso. — respondo, ainda tendo flashbacks da noite anterior.

E você acordou e, simplesmente, fugiu dele?

Fugir é uma palavra muito forte, e até pensei em corrigir Allana, mas provavelmente ela não entenderia a minha situação.

Quando acordei, me troquei e ainda consegui me despedir de Max, entretanto, seu dono ainda estava sonhando no sofá. Seria uma falta de educação da minha parte o acordar e, melhor, acordá-lo para dizer o que exatamente?

Sair do seu apartamento dessa forma possivelmente me trará problemas, mas quem eu estou tentando enganar? Ethan não é de se importar com suas acompanhantes ou de acordar cedo e preparar um café da manhã pra elas.

Para ele, foi só mais uma noite e, por sorte, eu entendo muito bem disso.

— É, não tive outra opção. — digo entediada demais, rezando para que ela entenda que não quero mais falar disso.

Escuto seu riso abafado e posso imaginar sua cara de descontentamento.

E fizeram tudo que se tem direito?

Então foi a minha vez de rir.

— Não transamos, se é isso que você quer saber. — digo baixinho e encaro o taxista que nitidamente escutou a frase que acabei de soltar.

Eu não acredito, você é uma maldita mesmo. — suspirou e mexeu em alguns papéis. — Tenho que desligar agora, me mantenha informada.

Balancei a cabeça, mesmo sabendo que ela não era capaz de ver o movimento e desliguei.

Continuo o caminho observando as ruas de Long Beach e pensando em mil hipóteses do que me espera na empresa.

Ethan não era o maior dos meus problemas, porque acho muito difícil ele ter visto alguma significância naquela noite, agora minha preocupação era Tyler. Esqueci completamente de responder suas mensagens, onde ele se desculpava e perguntava como havia chego em casa após o nosso "encontro".

E também teria que conversar sobre com Rebecca que, obviamente, já sabe o que houve entre Ethan e eu. Preciso suplicar pelo seu silêncio, esse assunto é delicado demais para chegar aos ouvidos de Elliot, o meu chefe.

15 minutos depois estava encarando a fachada da empresa. Um dos prédios mais modernos e bem estruturados de toda Califórnia.

Cumprimento os seguranças e apresento meu crachá, antes de pegar dois cappuccinos.

Na recepção, encontro Rebecca debruçada e pela sua fisionomia, a noite foi animadíssima.

— Aceita? — ofereço um dos copos.

Ela faz uma careta.

— Já é o quinto que bebo essa manhã.

— Wow. — fico surpresa. — Cada um com o domingo que merece.

Rebecca sorriu e tirou algumas pastas do balcão para me entregar.

— Acabaram de chegar. São as fichas das pessoas que você e Ethan devem analisar para mandar os convites do evento.

Assenti, recebendo a papelada e caminhando em direção ao elevador.

Achei estranho Rebecca não tocar no assunto, e isso me faz pensar se o próprio Ethan pediu para que ela não comentasse nada por aqui.

A minha sala estava vazia, indicando que o sr. Watson ainda não havia chegado. 2° coisa estranha da manhã pois Elliot nunca se atrasa.

Organizo algumas pendências e abro o meu e-mail.
Um dos primeiros era justamente do meu chefe, lembrando-me de que hoje ele havia viajado à negócios com sua esposa.

Watson já tinha falado a respeito semana passada, mas acabei esquecendo completamente. Que ótima secretária eu sou!
Sem ele aqui, o meu trabalho diminui bastante, o que me deixa com tempo livre para adiantar os preparativos para o tão esperado evento beneficente.

Batidinhas na porta principal me fazem sair da conversa que estava tendo com o meu eu interior irresponsável.

— Posso entrar? — escuto a voz de Tyler.

Meu estômago embrulhou.

— Oh, sim. Sr.Watson não está, mas se quiser deixar algum recado... Fique à vontade.

Tyler sorriu, se aproximando da minha mesa.

— Não vim falar com ele, você sabe.

Sei?

— Sou todo ouvidos. — encarei o seu semblante relaxado.

— Bom, — olhou para a porta. — você não respondeu minhas mensagens, achei que estivesse chateada comigo por...

— Estragar o nosso encontro? — concluí seu comentário, automaticamente.

Seu olhar surpreso me fez rir, mostrando que ele não esperava que eu fosse tão direta.

— Me desculpe por isso, de verdade. Fiquei preocupado porque você foi embora sem me avisar.

— Sem problemas, só não quis atrapalhar. Consegui um táxi.— sorri pra ele.

Sou uma péssima mentirosa e fico totalmente grata por Tyler não reparar isso. Que táxi ficaria ali até tão tarde? Isso foi um erro de iniciantes, nem uma criança seria tão burra em soltar uma dessas.

— Então, minhas chances de te levar para sair novamente não estão mortas?

Tentei sorrir novamente, mas ver o seu corpo se aproximar do meu me deixou sem reação nenhuma.

— Claro que não. — respondo, tentando ser o mais gentil possível.

Viro meu rosto na direção aposta do seu, para dar simplesmente um abraço e, a sensação ruim que senti ao ver Tyler entrar naquela sala não foi nada comparado ao que senti ao abrir os olhos e ver Ethan Watson presenciado àquele abraço.

— Atrapalho? — sua voz sai neutra, não me dando chances para sequer imaginar o que diabos está passando na sua cabeça.

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