Legível

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com a língua no céu da boca , observo a situação...
pequena bailarina dançando entre cacos de vidro
Eu ainda não despertei do último sonho
Onde tirava minha vida na rua das flores de plástico
Perto de um bar velho onde se
encontrava meu coração entre pedaços mergulhados nas bebidas de amantes rejeitados

Enrolando meus cabelos entre os dedos Posso lembrar de uma canção que já foi a minha preferida
E tudo que me restou foi esse corpo velho em que me encontro após a guerra de quinhentos anos..
Eles dizem que enlouqueci
" poetas não amam , eles viciam " Murmuro essa frase entre soluços
E estou em decadência

Atirando copos de vidro transparente na parede enquanto ouço mais uma vez o homem agredir a mulher na casa ao lado
e por Deus, minha arma não está carregada (silêncio)

o jazz toca no fundo em uma vitrola e eu nunca notei , que aquilo me deixava embriagada e eu gostava
não sei se isso que escrevo é legível
São muitos dias submersos e preciso respirar
Por que a ferida está aberta
Deitada entre os estilhaços sangrando Mais uma vez, só mais uma vez
Dou um sorriso amarelo , eu nunca pedi pra sentir tanta dor nem mesmo ser assim
o que querem de mim?

silêncio
a água lava meu rosto e danço como se respirar não fosse o suficiente então estou me rasgando outra vez , porque são muitos sentimentos
e pouco tempo para senti - los
escrever foi o que fiz desde o início
então eu vou abrir a caixa de brinquedos
deixar meus demônios brincarem
enquanto me deixo levar nesse frenesi
você não entendeu (como sempre)
silêncio
as luzes piscam ofuscando minha visão
correndo em alta velocidade
a língua no céu da boca
pensativa observo o céu escurecer.

A Doce Poetisa loucaOnde histórias criam vida. Descubra agora