Capítulo 2 - Vicent Brassard

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Deitado no sofá repenso todas as minhas atitudes da noite passada. Trazer uma garota desconhecida para casa não foi uma atitude bem pensada. Por mais que ela tenha o jeito inocente, não conheço sua ficha criminal. Posso ter me metido em uma enrascada. Mas o que poderia fazer? Ela desmaiou na cadeira e não acordou por nada! Eu fiquei tão desesperado que a trouxe para cá.

A coitada estava tão bêbada que só falava coisas sem sentido. Ela lembrou minha juventude. Eu era muito pior. Não sou velho, mas ter uma filha com apenas vinte anos nos faz amadurecer muito rápido. Hoje ela tem quatro, mas parece que faz tanto tempo.

Não consegui achar nada sobre a garota. Ela está sem celular ou qualquer outro tipo de documento. O que me faz pensar que os perdeu enquanto estava bêbada. Talvez quando ela acordar já saiba voltar para casa.

Grace entra correndo pela porta de entrada. Me levanto para recebe-la com um abraço apertado. Só dormiu uma noite fora e parece que fiquei anos sem vê-la. Quando você vira pai, todos os planos e ideias giram em torno dos filhos.

— Oi papai. O tio Henry me trouxe para casa. — Fala grudada no meu pescoço, enquanto a tiro do chão. — Sentiu saudades?

— Muitas, minha princesa. — Dou um beijinho em seus cabelos loiros.

— Quem é ela? — Diz apontado para atrás de mim.

Me viro e a estranha está nos olhando na ponta da escada. Ela parece assustada. Seus cabelos estão meio bagunçados, a roupa um pouco amassada e a suas bochechas estão vermelhas.

— Ela é uma amiga do papai. O que acha de ir lá na cozinha pegar cereal para você?

Grace desce do meu colo, mas antes de sair correndo com seu vestido de princesa azul, fala para a desconhecida:

— Bom dia, moça. — Acena em forma de tchau e some de nossas vistas. Essa criatura ainda me mata.

— O que estou fazendo aqui? — A desconhecida sussurra descendo alguns degraus envergonhada. Quem tem audição ruim não escutaria o que disse.

— Você foi até meu estúdio fazer uma tatuagem, mas acabou dormindo na cadeira. — Me sento no sofá novamente. Aponto para ela fazer o mesmo em uma poltrona do meu lado. — Eu não quis fazer sua tatuagem pois estava muito bêbada.

Ela me olha assustada. — Eu ia fazer uma tatuagem? — Diz surpresa.

— Sim, parece que era um desafio. Você queria fazer em seus... — aponto meu peito. — Seios. — Termino a frase.

— Nossa. — Solta o ar como se não acreditasse. — Obrigada por não deixar. Não sei o que aconteceu comigo ontem, acabei bebendo demais.

— Por nada. Fiz isso pensando na minha filha. Não gostaria que se aproveitassem dela bêbada, por mais que ainda seja uma criança. — Rio do meu jeito desengonçado de explicar. — Eu não sabia nada de você e também estava sem celular, por isso te trouxe para cá.

— Tudo bem, obrigada. Deixei meu celular com uma amiga minha ontem. Falando nisso eu já vou, ela deve estar preocupada. — Se levanta com as bochechas vermelhas. Acho que ela vai explodir.

— Quer tomar café? Eu já arrumei a mesa, não custa nada. — Falo rápido sem pensar.

— Não quero incomodar. — Nega e coloca as mãos no bolso de trás do short jeans.

— Não vai. — Me levanto. — Vamos para cozinha. — Aponto a direção para ela ir na frente.

Essa garota é bonita. Deve ter um sessenta de altura, com o corpo nem magro e nem gordo. Os cabelos loiros na metade das costas bem cuidados. E a bunda? Que bundinha redondinha para apertar. Ela é pequena perto do meu tamanho, deve bater nos meus ombros.

Grace - Os Brassard (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora