COINCIDENTEMENTE NÓS MESMOS LUGARES

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SUN KANG

“Nada acontece por acaso, sempre haverá um propósito.”

— Você está calada demais, está tudo bem? — Thomas, perguntou enquanto encarava o nada dentro do ônibus. Escondendo minhas mãos trêmulas entre as pernas não demonstrando que algo estava acontecendo dentro de mim.

— T-Tá tudo bem sim! — Afirmei gaguejando.

— Tem certeza? Seus olhos estão um pouco arregalados, parece estar tremendo. — Fechei os olhos tentando formular uma boa resposta.

— E-Estou com frio, quero chegar em casa logo. — Dito isso Thomas, se aproximou retirando uma jaqueta jeans de dentro da bolsa que carregava e colocando-a sobre mim.

— Fica com ela, te manterá um pouco quente. — Disse encostando a cabeça no vidro da janela. Sua atitude me fez encará-lo com curiosidade.

Quando alguém (a não ser minha avó) havia sido tão gentil comigo? Voltei meus olhos para a jaqueta de jeans escuro sem qualquer tipo de estampa, na presença do silêncio que reinou ali por um certo tempo.

— Esse é o meu ponto — Tirei a jaqueta entregando ao dono dela, retirando o guarda-chuva da minha bolsa pronta para sair do coletivo.

Desci devagar do ônibus andando vagarosamente, porém minhas pernas estavam trêmulas quase bambas, meu coração começou a palpitar junto com a falta de ar e automaticamente o medo de morrer apareceu. Me encostei numa árvore pouco me importando se estava chovendo, e o guarda chuva caiu da minha mão.Estava tão apavorada que nem percebi quando ele se aproximou pegando o guarda-chuva caído e o erguendo sobre mim. Fixei meu olhar no dele vendo um sorriso formar em seus lábios estendendo a mão, segurei nela mesmo temerosa aceitando sua ajuda.

Reuni forças para caminhar ao seu lado com ele cobrindo nós dois com o pequeno guarda-chuva transparente.Tanto ele quanto eu não trocamos uma só palavra, era como se ele não sentisse curiosidade alguma sobre o que estava acontecendo comigo. Ao chegarmos em frente a minha casa, ele pegou uma das minhas mãos colocando o guarda-chuva nela, voltando a ficar sob a grossa chuva.

— Está entregue. Se cuide Sun. — Ele disse retirando o cabelo sobre os olhos.

— Thomas... Você não pode ir embora embaixo dessa chuva; venha, irei te emprestar um guarda-chuva!

— Não há necessidade, eu não moro muito distante daqui.

— Você me ajudou, me deixe te ajudar também. — Ele sorriu assentindo me seguindo até a varanda.

— Irei te esperar aqui. — Afirmei ao destrancar a porta.

Deixei meu calçado de qualquer jeito na entrada de casa, apressada em busca de uma toalha e outro guarda-chuva. Mesmo ainda me sentindo mal, sentia a necessidade de retribuir o favor, pois em uma única noite ele me ajudou duas vezes sem pedir nada em troca. Voltei a abrir a porta vendo-o de costas abraçando o próprio corpo completamente molhado, me aproximei chamando-o.

— Thomas! — ele se virou encarando minhas mãos. — Pegue! Depois você me devolve. — desviei o olhar sentindo vergonha.

— Muito obrigado! Amanhã mesmo te devolvo. — Assenti observando ele secar os cabelos de uma maneira desajeitada e rápida. Ele terminou de secar os fios e me entregou a toalha. — Até amanhã, Sun.

— Até amanhã, Thomas. — Ele abriu o guarda-chuva indo embora, mas parou se virando de repente.

— Ah, você também está molhada, entre e vá se aquecer. — sorriu antes de voltar a caminhar indo embora, porém voltou a parar, voltando correndo até meu portão. — Você está melhor? — Perguntou e pude sentir preocupação em sua voz novamente.

O Gᴀʀᴏᴛᴏ Dᴏ Cᴀʙᴇʟᴏ AᴢᴜʟOnde histórias criam vida. Descubra agora