Capítulo 24 - A estranha amiga

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Acordei com uma enorme dor de cabeça. A única coisa que nossa mãe deixou foi essa casa, era difícil pagar as dívidas sem ter ao menos terminado o colegial. Aquele puto do namorado dela nem quis ficar conosco. Levantei arrastando meu corpo, minhas pernas ainda tremiam. Meu corpo estava fraco, não como direito a uns dias, era muita preocupação.

Olhei para minha mão, ainda com os curativos do tiro que levei. Aquela mulher, Yellow Diamond, era uma mãe tão protetora.. não consigo acreditar que ela tirou todo o dinheiro que nossa mãe deixou.. ela nos roubou.. mas ninguém consegue provar. Sei que foi ela.

Quase me arrastando fui até o quarto de minha adorada gêmea. Abri lentamente a porta. Ontem, quando cheguei do hospital, dei o remédio a ela. Olhei o relógio a cômoda dela, estava quase na hora do próximo. Pelo menos com o dinheiro sujo que ganhei, deu pra comprar umas caixas.

-Está ai?- disse e me aproximei dela. A garota não se mexia.

Segurei a mão da mesma, estava quente. Ela respirava para meu alívio. Suspirei e me sentei ao chão do lado da sua cama.

-Prometi que iria te proteger, que não deixaria você ficar mal novamente. Sou uma mentirosa, uma péssima irmã. Devia ter me avisado que seu remédio estava acabando.. não.. eu deveria ter visto.- encostei a cabeça no coxão. -Fiz uma coisa ruim.. uma coisa errada.. prometi pra você que não faria.- algumas lágrimas escorreram por meu rosto. -E-eu apontei a arma para a cabeça de uma inocente...- minhas mãos estavam trêmulas. -Eu levei um tiro.. a dor nos olhos dela.. ainda me assombra. E-eu... quase fui presa.. pelo menos o dinheiro foi bom.- segurei o lençol escondendo meu rosto ao mesmo. -Desculpa, desculpa, sou uma péssima irmã, fiz tudo pois queria te ver bem. Por que você tem essa doença? Poderia ser eu.. devia ser eu.. você devia estar bem..- fiquei roçando o rosto ao lençol, deixando minhas lágrimas caírem.

Ouvi um barulho, era o toque de celular, o dela. Nossa música ainda era a mesma. Senti um aperto ao coração. Comecei a procurar o aparelho. Ao encontrar olhei quem era. Carnelian? Ela deve estar preocupada. Eu não atendi, não tive coragem. Novamente o mesmo número tornou a ligar. Tratei de desligar novamente. Mas ela persistiu. Minhas mãos trêmulas estavam confusas... respirei fundo e atendi.

-CARALHO SKINNY, POR QUE TÁ DESLIGANDO NA MINHA CARA? TO PREOCUPADA CONTIGO PORRA, NÃO VEIO PRA ESCOLA ESSA SEMANA E MUITO MENOS NO NOSSO ENCONTRO NA SEMANA PASSADA.- disse a voz irritada.

-Desculpe Carnelian. Ela não pode falar.- falei calma, porém baixo.

-O QUE ESTÁ ACONTECENDO? POR QUE ELA NÃO ATENDE O PRÓPRIO CELULAR.- parecia a ponto de quebrar seu aprelho.

-E-ela... está em coma..- não consegui continuar, eu desliguei o telefone. Minha voz estava soando mais falha do que eu imaginava.

Deixei o aparelho cair sobre o coxão. Pousei o rosto sobre as mãos. Ela era tudo que eu tinha da família. Tinha medo que ela nunca mais acordasse. Quando pequena, ela ficou um mês em coma, foi difícil pra mim. Ela teve problemas com as notas. Mas eu sempre fazia trabalho e colocava o nome dela. Está assim a quase uma semana, eu estava desesperada quando aceitei o serviço.

Um barulho me despertou para a realidade. Era hora dela tomar seu remédio. Ergui um pouco o rosto colocando o remédio e fazendo a mesma engolir com água. Tinha que colocar bem na garganta pra descer tudo. Ela se alimentava com sopa, apenas isso que conseguia dar pra ela. Acho que.. ela até está comendo mais que eu.

A campainha tocava sequei minhas lágrimas rapidamente na minha blusa larga. Melhor fingir que não estou em casa, mas a pessoa persistia. Após isso o celular de Skinny começou a tocar. Já sabia quem era, portanto não atendi. Fui até a porta e abri uma pequena fresta. Pude ver ela com lágrimas nos olhos e uma expressão furiosa pra mim.

Entre DiamantesOnde histórias criam vida. Descubra agora