Um Velho Amigo

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[Nota inicial: fiz boa parte do capítulo com a ajuda dessa música, então podem começar escutando de fundo, se quiserem.]

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O garoto chorava. Chorava como se não houvesse amanhã. Como se depois de uma tempestade não houvesse dia. Esqueceu-se de que a noite não dura para sempre.

Sua mãe se foi. Expressar-se. Para San, era ainda mais difícil agora.

Um pesadelo indestrutível e eterno: sua findável vida sem a pessoa que mais amava no mundo.

Sentiu alguém tocá-lo no ombro. Um garoto desconhecido, que retirou o próprio cachecol naquele dia frio e enrolou-o no pescoço do Choi de quatorze anos.

No começo de sua juventude ele era uma criança imatura e feliz. Viver com a mãe e a tia era satisfatório. Um pai era algo do qual não precisava.

Ele amava o dia dos pais, porque sua tia e mãe o levavam para a pizzaria e ele comia e conversava com elas a noite toda. Naquele dia ele poderia dormir tarde, comer doces e escutar as histórias da juventude delas, que eram sempre engraçadas.

Vez ou outra, quando surgia a oportunidade, ele brincava: "Não existe mais, isso é muito velho."

Alguns tapas na cabeça, em resposta, mesmo que fortes demais, o faziam sentir vivo, amado e cuidado. Apesar de inexperiente, o pequeno San possuía uma certeza: amor não é apenas o curativo; o processo do ardor do remédio é cura também. As pessoas certas curam e tanto a mãe quanto a tia eram remédios diários apesar de todas as repreensões.

O banco escuro que sustentava San recebeu o outro.

"Não chore..." disse o desconhecido adorável. Bochechas rechonchudas e olhos calorosos. "Eu te vi lá dentro..." apontou para a sala onde as cinzas da senhora Choi estavam. "Eu tenho certeza que ela estaria dizendo para que você não chorasse."

"Como você tem tanta certeza?"

"Aquela é sua tia, certo?" O desconhecido indagou e recebeu um resposta positiva. "Eu moro só com o meu pai... A minha mãe ficou muito doente por um tempo e precisou descansar... Gosta de arte?"

San assentiu e recebeu uma foto.

"A minha mãe adorava escrever."

E então o garoto partiu sem falar mais nada.

Era a foto de um pequeno garotinho e sua mãe. Eles se pareciam. Quando San virou a foto, viu:

"Como sua mãe, desejo apenas que sorria. Pode chorar, e sentir, e sofrer, e doer. Mas faça cada sorriso valer a pena."

De mamãe. Para Jung Wooyoung.

Beautiful Boy

San dormia calmamente sobre a cama. Wooyoung não fazia ideia de que o aluno morava realmente sozinho.

Dentro da geladeira havia pratos de comida caseira para preparo rápido e sob o ímã um recado de Jongho falando que tinha recolocado a comida, pois a mãe tinha mandado.

Em cima da mesa uma sacola da farmácia descansava e Yunho dizia que se San não melhorasse, ele agrediria o amigo até que acontecesse e que os próprios pais mandaram melhoras.

Então esse era o tipo de amizade que eles tinham... Como uma família.

San parecia ser do tipo de pessoa que se entregava por completo em qualquer tipo de relacionamento. O círculo era pequeno, no entanto, extremamente forte.

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