Nada Faz Sentido

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"E agora você o está evitando a todo custo, porque não sabe o que esse garoto pensa..." o falante mexeu o canudo dentro do vidro. "Não sabe se ele está brincando contigo, se tem raiva de você, se quer te torturar ou te quer por perto..." Yeosang ponderou compreensivo por um tempo enquanto movia a cabeça serenamente e parou de tocar no canudo. "Mas você é burro, ein? Óbvio que ele gosta de você!"

Hongjoong, que estava ao seu lado na mesa da cafeteria, alargou o olhar em surpresa. O novo colega de quarto de Kang Yeosang, em Seul, ainda não estava habituado ao seu jeito um tanto quanto objetivo e sincero.

Principalmente por conta do rosto angelical.

Kang Yeosang era uma tirinha dos livros de português.

Uma quebra de espectativa: as vezes cômica, as vezes trágica.

Wooyoung, a frente dos dois, ao contrário do que Yeosang esperava, não revirou os olhos ou fez uma careta. Apenas voltou a tomar seu café de maneira cabisbaixa.

"Tem alguma opinião sobre isso, hyung?" Yeosang perguntou a Hongjoong que o olhou curioso.

"Por que quer a minha opinião?"

"As vezes pessoas de fora conseguem perceber algo que quem tem relação com o assunto não percebe... Algo como uma percepção impessoal..."

Hongjoong sorriu pela perspicácia alheia e se pôs a falar:

"Eu acho que a probabilidade de ter sido o tal de Yunho é muito baixa. Pelo que você nos disse, o San parece realmente gostar de você... Só que..."

"O que?" Kang perguntou e tomou sua bebida.

"Woo, se você descobrir ser o Yunho, vai gostar da ideia de tê-lo como par romântico?"

E o Jung pensou e pensou. Durante todo o momento dentro daquele circunscrito com cheiro de café triturado, ele imaginou inúmeras possibilidades.

Yunho era divertido, compreensível e apaixonante. No entanto, não era para si. E isso o perturbava, porque se tivesse sido antes de se aproximar de San, ele com certeza daria uma chance ao garoto alto e bobo.

Após a fala do outro, eles partiram para outras conversas:

"Vou pensar sobre isso. Obrigado, Hongjoong... Mas como estão os preparativos para a mudança?"

"Não são mais preparativos. Os pais do Hongjoong moram na antiga cidade e descobrimos que eles viriam visitá-lo, então conseguimos trazer algumas coisas mais e eu praticamente já moro aqui."

"Vocês são amigos desde a infância?" Hongjoong os questionou.

"Somos primos" os dois explicaram em uníssono.

E a conversa continuou por horas até que decidiram que era o momento de se despedirem. Hongjoong foi ao balcão reclamar sobre o uso de canudos de plástico e pedir o e-mail do café para enviar algumas matérias sobre economia empresarial e a produção de lixo e Yeosang aproveitou para fazer o que estava desejando desde a primeira conversa.

"Wooyoung"

"Sim?"

"Você é muito talentoso, inteligente e dedicado... Acho que tem capacidade de enxergar o que está debaixo do seu nariz"

Silêncio. Jung sabia que era uma preparação, amaciar o ego para depois dilacerá-lo com verdades não aceitas. Aquilo iria doer:

"Hyung..."

"Você queria que fosse o San ali, tudo bem, eu entendo... Se for o amigo dele quem estava na sala do zelador, que se dane. Faça de tudo para ser feliz, mesmo que doa um pouco nos outros. Pessoa felizes contagiam quem está ao redor delas, e você é assim: você sempre foi assim, mesmo quando o seu mundo caiu, várias vezes." falou.

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