Quem não tem Cão, Caça com... - 4

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Conversei com Sakura sobre aquela conversa, os sentidos que percebi e as conclusões que cheguei. De fato. Se eu estava motivado a estar com Sasuke apenas porque ele é um alfa que desperta em mim tanto desejo quanto eu esperava, não era certo eu continuar com minha aproximação. Por isso passei um tempo com a cabeça no trabalho e apenas nele, reavaliando minha conduta com Sasuke.

Ele não demonstrou qualquer inclinação à reciprocidade sentimental, então a sensação de que luto uma batalha perdida me persegue desde aquela manhã. Passei a evitar minhas vigilâncias noturnas às terças e a ir até ao mercantil - pedia a Sakura, se não fosse muito ruim para ela, que fosse comprar o que quer que faltasse na minha casa ou na dela. Sasuke não perguntou por mim nenhuma vez, tratava minha amiga com a mesma cortesia com que tratava todas as outras pessoas.

Nenhuma mudança, nem no cheiro e nem na postura, o que me fez encucar severamente sobre o que diabo aquilo podia significar. Eu achei que ficaria sem respostas para sempre, sem entender tal coisa, mas numa tarde, quando voltei de um “atendimento em domicílio”, avaliando meu corpo para saber se havia alguma marca ou algum machucado - eu lidei com um ômega um tanto agressivo -, Sakura apareceu em meu quarto para me dar as correspondências - vulgarmente conhecidas como contas a pagar. Ela estava de sapatilhas e vestido floral, vestes distintas daquelas que é de seu costume usar no trabalho ou com o seu estilo próprio.

-Onde você estava? - ela só pode ter saído em minha ausência para usar aquelas roupas. Sakura é uma it-girl. Faz parte da sua “natureza” ser mais estilosa que eu e eu me obrigo a andar na moda porque faz parte do ofício. Minha amiga arfou de cansaço ao se sentar na poltrona e trocar suas sapatilhas por seus sapatos de salto na cor creme. - Esteve andando muito?

-Eu estava com Sasuke, num tipo de encontro se posso colocar nestes termos.

Arregalei meus olhos ao entender a palavra “encontro”. Ela saiu com Sasuke? Minha amiga foi até detrás do biombo e trocou o vestido florido por um preto bem ajustado ao seu corpo. Agora sim ela parece com a pessoa que vive batendo de frente comigo. Mas não diminui o meu terror.

-Saiu num encontro com Sasuke? Sasuke Uchiha? Do mercantil?

-Ele mesmo. Só existe um Sasuke Uchiha neste bairro, Naruto, que é soropositivo. - Sasuke contou para ela? O que Sakura fez de tão especial para que ele revele algo que levei dois anos para saber, e tão rápido assim? Não, calma. Fui eu que disse a ela. Sem surtos.

-Chamou-o para sair? - sua resposta foi positiva e isso me deixou ainda mais perturbado. Mal consegui desamarrar os sapatos. Eu sei o que é isso e eu preciso me controlar, ou será uma situação estranha para nós dois. Um ômega surtado de ciúme não é bonito de se ver. - Por que ele sairia com você? Não é querendo lhe ofender, amiga, você é incrível, até eu sairia contigo, mas…

-Não se preocupe, Naruto, eu não tenho interesse em Sasuke. Já tenho meu próprio affair e ele não tem nenhum interesse em mim. Vai por mim. Eu tentei.

Saí de meu lugar para me sentar ao lado dela.

-Tentou em que sentido?

Sakura respirou muito fundo e cruzou as pernas antes de me olhar com atenção.

-Eu me insinuei com certa elegância e eloquência, depois de ter me dito que ele é um alfa com um refinado intelecto, mas nada aconteceu. Sasuke pediu desculpas e manteve a distância de quase um metro, explicou-me que não tinha interesse em mulheres, nem homens e nem em ninguém, mas eu sei que é mentira. - franzi o cenho. Sakura ficou de pé e me observou com esperteza. - Sempre que eu te mencionava, Sasuke desviava os olhos de mim, fingindo observar a rua ou um barulho qualquer.

-Sério?

Ela assentiu.

-Ele gosta de você, Naruto, mas é um alfa intelectual e reprimido. A ideia de ser visto apenas como um objeto de desejo sexual deve ser tão repulsiva quanto para um ômega. - minha amiga buscou sua agenda e seu celular para retomar os trabalhos. Isso que ela disse faz todo o sentido do mundo. - A propósito… - digitou algo no aparelho e me fitou. - Convidei-o para jantar e ele vem.

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