4.2 - Verdade!

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Quando entramos no meu quarto não digo nada me sentindo irritada, só abro o notebook em cima da cama sem me dar conta de quando você vai até minha escrivaninha vendo a máquina de escrever.

-Por que está brava? - Ele diz observando a máquina ainda e eu só consigo me sentir mais brava ainda por ele não saber minhas razões mesmo que nem eu saiba.

-Não estou - Falo seca abrindo na proposta de trabalho pelo portal da universidade.

-Está brava porque eu beijei Clara? - Então ele se vira pra mim e eu olho pra ele.

Não! néh? Procuro na minha cabeça o que me faz ficar assim mas eu me nego completamente a aceitar que é ciúmes.

-Eu só não gosto dela! - Eu mal conheço a garota, céus, a que nível eu acabei de chegar.

-Eu não tive tantas escolhas, Anjo - Ele comenta se sentando na minha cama e eu arqueio as sobrancelhas quando me chama assim e cruzo os braços - Queria que eu tirasse alguma peça? -Ele aponta pra blusa e eu dou de ombros.

-Por que não tirou? - Ele fica surpreso com minha pergunta mas depois abre um sorriso.

-Não gosto da cicatriz que tenho - Diz como se fosse sério.

-Tá - rio irônica revirando os olhos sabendo que é só uma desculpa, ele se vira de costas pra mim levantando a blusa.

-Veja.

Olho para as suas costas e me levanto com a boca levemente aberta. São quase como duas linhas uma ao lado de outra na vertical, aperto os meus olhos levando as mãos de leve até ali mas não tenho coragem de tocar.

-Como... você? 

Fico sem entender em quais condições alguém adquire duas cicatrizes tão simétricas e grandes e ainda parecem profundas, ele não responde a minha pergunta e abaixa a blusa apontando pra máquina de escrever.

-O que está escrevendo? um diário? - Ele começa a ler os rascunhos e eu deixo que ele leia, pelo visto algumas pessoas já sabem da existência desse livro, dou de ombros me levantando.

-Não um pessoal... exatamente.

Quando eu escrevia parecia que já tinha tudo pronto na minha cabeça como se eu já tivesse vivido aquilo antes, as vezes eu acho isso bizarro demais mas eu não posso negar que é verdade, parece que eu consigo me enxergar na personagem... usando aquelas roupas antigas e joias bem grandes, recebendo cartas e tendo um paletó sobre a poça de água pra que pudesse passar sobre ele.

-Como se chama seu livro?

-Skinny Love - Respondo me sentando sobre a cama.

Ele continua concentrado em ler algumas partes e parece sorrir bobo para algumas cenas, ele perde bastante tempo fazendo isso como se não se estive enjoando da leitura e de vez em quando abria mais os olhos como se se lembrasse também da cena.

Nego com a cabeça deixando de ser paranoica e sugiro pra nós fazermos o trabalho.

Por mais incrível que possa parecer nós demos uma boa dupla e depois de acabar o relatório já conseguimos começar os slides. Já era tarde, perto das 1:35 da manhã quando nos despedimos e ele saiu pela rua dentro do seu carro.

Voltei lá pra cima e depois de um banho rápido me deitei na cama pensativa novamente olhando pro teto, tem alguma coisa em você que me parece familiar... suspiro e apenas viro de lado para dormir.

                                                  :(--------): 

"O Amor pode doer as vezes, mas não é culpa daqueles que os sentem, é culpa daqueles que não o sentem. Mas nós somos leigos no assunto, não sabemos explicar direito o mais poderoso sentimento que nosso cérebro pode criar porquê nós temos medo de nos sentirmos machucados, temos medo de nos arriscar e acabar entregando tudo de nós a algo que no fim talvez só saiba causar dor. Mas se for culpar o amor, não o de meia culpa, culpe-o por inteiro ou assuma a responsabilidade, é verdade que de perto tudo é mais feio... isso porque nós temos a péssima mania de botar defeito naquilo que só foi feito pra ser observado de longe."

Acordei inspirada após escrever esse pequeno trecho no começo do capítulo, não estava nos meus planos dar um final triste mas parece que é assim que deve ser.

Passo o dia treinando a minha apresentação e acho que ela fica boa levando em consideração algumas desviadas do assunto e distrações.

No fim do dia vou até a universidade pra nossa aula teórica e quando te encontro nos corredores você me chama para perto, ando até parar na sua frente, te vendo soltar na palma da minha mão uma corrente prateada com um pingente de coração desenhado.

Abro o pingente pequeno vendo que ali tem lugar para duas fotos mas não há nenhuma ainda, levanto o olhar pra você quando não me diz mais nada e se aproxima beijando levemente a minha testa antes de sair pelo corredor.

continuo observando o pingente curiosa até que o sinal na universidade bate me fazendo lembrar que ainda tenho uma aula para ir.

Skinny loveOnde histórias criam vida. Descubra agora