Capítulo 06

2.6K 277 237
                                    

Hinata arrependeu-se de ter aberto a boca no momento em que as palavras saíram de sua garganta. Havia pedido a um homem que não lhe dava a mínima que fizesse amor com ela. Como podia se diminuir tanto assim? Era tudo culpa de Ino, que ficava colocando minhocas em sua cabeça!
Não. Sua melhor amiga não tinha nada com a história. O culpado de tudo era o próprio Naruto, por ser o homem mais bonito e irresistível que já conhecera na vida. E é claro que ela estava bêbada. Não havia dúvidas quanto a isso. Para que negar o óbvio?
Finalmente, resolveu olhar para o amigo milionário, que a encarava como se ela fosse um ser do outro mundo, tamanha a sua surpresa.

— Eu... sinto muito — ela murmurou. — Não tive a mínima intenção de chocá-lo, ou de encará-lo. Você tem razão. Devo estar muito bêbada, tanto que nem sei o que estou falando.

Ele balançou a cabeça.

— Que pena. Se você estivesse no seu juízo perfeito, eu... eu...

Hinata franziu a testa.

— Você o quê?
— Nada, nada. Vamos conversar sobre isso mais tarde, está bem? Assim que você estiver um pouco mais sóbria.
— Mais tarde? Isso quer dizer que você pretende subir ao meu apartamento?
— Claro. E por que não? Ainda é muito cedo. São só dez horas. A noite é uma criança, você não acha?

Hinata não estava em condições de achar nada.

— Além disso — continuou ele, com um sorriso nos lábios —, apesar desta sua súbita explosão de hormônios, duvido que vá arrancar minhas roupas e me estuprar.

Até que a idéia não era tão má assim. Deus do Céu, ela devia estar mais bêbada do que tinha imaginado a princípio!

— Eu... nunca fiz uma coisa como essa em toda minha vida. Bem, sempre havia uma primeira vez para tudo.

Hinata levou as duas mãos às têmporas. Aquela história ainda ia acabar muito mal. Resmungou baixinho, em seguida fez uma careta. Naruto olhou para ela, um pouco preocupado.

— Hinata? Está se sentindo bem?

Ela continuou a massagear as têmporas.

— Claro. Estou ótima.

A mentira soou falsa até para seus próprios ouvidos. Não. Ela não estava ótima. Estava péssima. Tonta, enjoada... e confusa até dizer chega. Conhecia Naruto Uzumaki há dez longos anos. Durante esse tempo todo, ele havia feito parte de suas fantasias. Das fantasias, apenas. Porque era um homem inatingível, que não pertencia ao seu mundo.
Só que ele a beijara com uma intensidade que chegara a assustar. E estava prestes a subir em seu apartamento e ajudá-la a se deitar. Ela fechou os olhos, sentindo que tudo girava à sua volta. Que Deus a ajudasse.
Quando abriu os olhos novamente, percebeu que a Ferrari já tinha entrado na garagem e dirigia-se para a vaga dos visitantes. Mas como o percurso fora curto! Por que não haviam pegado um pouco mais de tráfico? Ela ainda não se sentia pronta para ficar a sós com Naruto em sua casa. Talvez não se sentisse nunca.
Assim que abriu a porta de seu apartamento, tratou de inventar logo uma desculpa para esquivar-se dele.

— Hã... Você se importaria se eu fosse tomar um banho? Talvez a água fria possa ajudar a pôr um fim nesse meu... estado, você entende.
— Por favor, fique à vontade. E você, será que se importaria se eu fosse até a cozinha preparar um café? Não cheguei a tomar nenhuma xícara na recepção.
— Claro que não. Fique à vontade. Acho que também vou precisar de mais um pouco de café.

E, na sequência, tratou de entrar no banheiro rapidamente, antes de dizer mais alguma inconveniência.
Tinha acabado de tirar o vestido quando percebeu que cometera um erro. Na pressa de se livrar de Naruto, nem se lembrara de levar uma muda de roupa consigo. Não havia suíte em seu apartamento e o banheiro dava diretamente para a sala, onde seu amigo milionário estaria sentado, à sua espera. E agora? Ela não tinha a mínima intenção de aparecer na frente dele enrolada numa toalha.
Olhou em volta, na esperança de encontrar alguma coisa que pudesse salvá-la. Respirou aliviada ao ver um enorme roupão pendurado na porta. O roupão de Toneri, na verdade. Hinata o lavara e o colocara ali, porque havia esperado que seu dono voltasse um dia.
Será que existia uma mulher tão imbecil no mundo quanto ela? Duvidava um pouco.
Bem, de qualquer modo, tal peça inútil ao menos iria servir para alguma coisa. Grosso, enorme e desprovido de qualquer sensualidade, era o traje ideal para enfrentar Naruto Uzumaki mais uma vez.
Sentindo-se um pouco mais tranquila, entrou no box do chuveiro, abriu as duas torneiras e deixou que a água morna lavasse seu rosto e levasse embora todos os traços da cara maquiagem, juntamente com o lindo penteado que o cabeleireiro havia feito em seus cabelos. Vinte minutos depois, o espelho lhe mostrava uma imagem muito reconfortante. Ali estava uma garota pela qual apenas um homem comum e mediano poderia se interessar! Um notório playboy como Naruto, acostumado às mulheres mais interessantes que Deus colocara sobre a Terra, jamais iria lhe dirigir um segundo olhar.
Apanhou uma toalha, secou ligeiramente os cabelos e abriu a porta do banheiro. Naruto assistia televisão sentado no sofá, uma xícara de café certamente muito doce em suas mãos.

Acordo IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora