VAMOS MESMO FAZER ISSO?

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“Tem que ver pra crer
O céu nunca foi tão azul
Tão difícil deixar pra lá
Eu sempre faço isso
Então eu continuo lembrando
De uma vez sob a Lua do Cânion”

_ Essa festa está uma droga! _ Diz Jacob todo carrancudo virando o copo da bebida azul novamente na boca encarando sua recém ex namorada aos amassos com o capitão do time de Lacrosse.

_ Só diz isso porque está assistindo de camarote Alicia com seu novo pet. _ Nina, vulgo minha melhor amiga de longa data, levemente narcisista porém muito fiel, definitivamente não tem piedade na hora de dizer verdades. _ Esquece isso! _ Ele a encara com desdém e a mesma segura seu queixo o fazendo olhar para mim. _ Lembra pelo que estamos aqui, Melissa vai para porra da Flórida durante TODO O VERÃO! Ela merece mais que sua cara de corno durante a última festa juntos, não?

_ Eu te odeio. _ ele diz e em seguida a beija. Eles tem uma amizade um tanto peculiar, de maneiras que as vezes eu mesma não sei dizer o que está acontecendo. Para ser sincera, não faço ideia de como virei amiga deles. Eles basicamente me adotaram na quinta série e aqui estamos. Último verão antes da faculdade. _ De qualquer forma, foda-se! Eu mereço uma namorada melhor que ela. Uma que tenha coração e talvez uma bunda maior. _ ele dá de ombros servindo mais bebida para si mesmo.

_ Olha, vocês ainda vão me ver durante o verão. Não precisa fazer disso um evento maior que já é...

_ Sabe Melissa... Você vê pela perspectiva errada. Você precisa fazer de qualquer evento um evento maior! _ Nina sorri erguendo as sobrancelhas.

Nós estávamos na cozinha da casa de alguém que eu sequer conhecia. Nina dizia ser um velho amigo dela, mas eu tenho quase certeza de que ela também não sabe de quem é a festa.

Só estou aqui pela promessa de que seria a festa do ano e por saber que seria a última festa com meus amigos antes da faculdade.

Amanhã bem cedo vou viajar para Flórida para passar um verão em família com meus pais na casa de uma tia. Detalhe importante, eu não vejo essa minha tia há uns cinco, seis anos no mínimo e pelo pouco que me lembro não gosto muito dela ou de suas filhas.

Nós bebemos, dançamos e por algum motivo, por mais que Jacob e Nina tenham tentado, essa festa foi exatamente como as outras. As vezes eu acho que vim com defeito. Eu até tento mas esse não é o tipo de coisa que eu curto. Sempre parece legal na teoria mas na prática...

***

No outro dia de manhã meu pai me acordou bem cedo para tal viajem. As malas já estavam no carro e encararíamos oito horas de estrada até a casa da minha tia para passar um mês lá. Um longo e deprimente mês.

Só uma dica... Se encher a cara e pouco depois for viajar de carro por oito f*cking horas é melhor que escolha ir na janela e de preferência durma a viagem toda. A sensação era de que minha cabeça iria explodir e para completar o café da manhã queria voltar com tudo.

Quando finalmente chegamos eu estava derrotada. Mal podia esperar para tomar um banho e dormir, mas o que realmente aconteceu foi um jantar em família de horas a fio no qual não me pronunciei em momento algum. Todas as vezes que me perguntavam algo meus pais tomavam frente do assunto como se eu fosse dizer algo inapropriado ou sabe se lá o que.

De contrapartida minhas primas Lia e Hanna faziam questão de agir como se eu não estivesse ali. Bem, eu definitivamente não queria estar.

Depois do jantar respondi as mensagens desesperadas de Nina e Jacob e fui dormir. Essa viagem sem sombra de dúvida será a pior da história.

***

Nos quatro dias seguintes meus pais me forçaram de forma ‘gentil e nada autoritária’ à fazer amizade com minhas doces primas. O resultado foi: elas conversavam entre si enquanto eu me sentava no sofá e observava.

_ Eu tentei, tá! _ eu dizia a minha mãe. Nós duas estávamos no mercado comprando alguns legumes para o almoço. _ Toda vez que digo algo elas me tratam como se fosse burra e me deixam de lado.

_ Eu aposto que não fazem por mal. Você tem que tentar de verdade. Não adianta fingir que tentou e deixar por isso mesmo. _ minha mãe diz colocando as coisas na cesta.

_ E o que sugere? Porque eu juro para você, mais uma semana e volto andando sozinha para casa. _ digo escorando na bancada de tomates.

_ Convide elas para fazer algo que você gosta! Ache algo que vocês tem em comum.

_ Porque eu tenho que tentar me aproximar? A casa e a cidade são delas, elas que tem de ser receptivas! _ cruzo os braços erguendo as sobrancelhas indignada.

_ Melissa, só tenta. Vai ser um mês. Ou acha formas de fazer das suas férias algo bacana ou vai acabar tendo férias terríveis. _ “touché’ esse é o ponto! Não tive escolhas!” Faço cara de indignada.

_ Porque viemos para cá?!

_ Não teste minha paciência. _ minha mãe continua selecionando os legumes.
Eu brinco com os tomates quando vejo entre eles um tomate apodrecido e murcho. _ Eu te entendo... _ digo ao mesmo antes de voltar a seguir minha mãe.


Canyon Moon – Harry Styles
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