PRÓLOGO – ENTRE LENÇÓIS E CIGARROS APAGADOS.
Em meio ao caos de lençóis e roupas espalhadas pelo quarto, Jimin descansava na poltrona de cor azul acero com pés de um dourado vivo. Um cigarro rolava por entre os lábios carnudos, ainda pensando se acenderia ou não. Acabou por decidir-se rápido, alcançando o isqueiro na pequena mesa de centro, feita de uma madeira escura, quase preta.
Esticou o corpo esbelto, a camisa azul maior que si subiu pelas coxas fartas, os olhos felinos miraram o amante, que vestia a calça social do outro lado do quarto, próximo a porta do banheiro, que ainda tinha as luzes ligadas após o banho do homem alto de cabelos negros e olhos de jabuticaba, Jungkook.
A boca de Jimin abriu-se, pronto para dizer algo, mas calou-se quando a voz bonita do outro se fez presente:
— Me passe a camisa, por favor? — ele não mirou o mais baixo enquanto pedia, preocupado demais em afivelar o próprio cinto de couro, mas ousou olhar para o loiro quando este não o respondeu, falando pausadamente, agora como uma ordem — Me passe o cinto, por favor.
Park Jimin levantou-se, ficando na ponta dos pés, se espreguiçando como um gato, dando um sorrisinho cafajeste e largando o cigarro, ainda sem ser aceso, no cinzeiro, fazendo o mais alto serrar os dentes, se sentindo afetado por não controlar a própria vontade de jogar o baixinho na cama e fode-lo ali mesmo como fez horas antes.
O loiro foi até o mais velho passo a passo, dando de ombros e começando a desabotoar a peça azul clara, deixando a pele pálida e imaculada a mostra aos poucos. Quando terminou, deixou a camisa cair de seus ombros, descendo por seus braços finos, ficando agora só com a parte íntima coberta pela cueca boxer branca. Capturou a roupa, segurando-a pelo dedo indicador, estendendo o braço até Jungkook, deixando a voz doce e melodiosa sair pela boca avermelhada:
— Aqui — sorriu, mostrando os dentes brancos e alinhados — Toma a sua camisa.
O mais alto não estendeu a mão para pegar, distraído demais com a tensão sexual no ambiente escuro, a única claridade vinda do banheiro. Jimin revirou os belos olhos castanhos mel com a demora de Jungkook:
— Pegue e vá embora.
O moreno finalmente catou a camisa das mãos do outro, sorrindo e dando um tapa na bunda do loiro, logo se afastando para colocá-la, indo até a frente do espelho de corpo inteiro que havia no quarto do hotel estupidamente chique em que ficavam pelo menos duas noites na semana faziam alguns anos:
— Por mais que você não acredite eu gosto de ficar contigo — Jungkook falou, enquanto fechava o botão dos punhos — Pare de agir assim.
— Eu não disse que você não gosta de ficar comigo — Jimin suspirou, caminhando de volta para a poltrona, apanhando o cigarro no cinzeiro — Eu disse que não vou vir semana que vem, apenas isso.
— E por que não? — olhou para o loiro, que acendia a droga lícita e a levava aos tão belos lábios.
— Vou estar ocupado — respondeu simples, tragando a fumaça.
— Com o que? — questionou enquanto ajeitava o colarinho e caminhava até a cama, procurando pela gravata.
— É pessoal.
Jimin levantou, ficando de costas para o mais velho e de frente para a imensa janela que ia do teto até o chão e mostrava a bonita e iluminada cidade de Seul:
— Com o que? — Jungkook deu ênfase na pergunta.
— É pes-so-al — o loiro disse as sílabas pausadamente — Eu sei que você não tem problemas auditivos, não tem necessidade de perguntar algo do qual você já escutou a resposta.
Jeon Jungkook suspirou pesadamente, mordendo a bochecha por dentro, incapaz de lidar com a malcriação do outro. Não era pai do mesmo, tampouco um namorado, mas queria saber porquê Jimin ficaria fora tantos dias na próxima semana.
E Jimin não quis respondê-lo porque bem... não tinha um motivo. Não iria encontrar o mais velho por pura birra e insatisfação com a atual relação dos dois, carregava nas costas um sentimento não correspondido, extremamente difícil de lidar, doloroso. Não estava mais satisfeito em ser o "outro":
— E quando você virá? — o Jeon pegou o celular na mesinha de centro, próximo a Jimin, acendendo a tela e vendo inúmeras mensagens da noiva, ignorou, desligando o aparelho novamente.
— Não sei — se virou para o mais alto — Eu devo vir?
— Do que você está falando? — fez cara de desentendido — É claro que deve vir.
Jimin sorriu com a resposta do outro, tragando o cigarro mais uma vez antes de amassar a ponta no cinzeiro.
Se aproximou do outro e enroscou os braços no pescoço alheio, olhando bem aquele rosto delicado mais de feições duras, o lábio de baixo mais grosso que o de cima, a cicatriz discreta na maçã do rosto, os olhos redondos e brilhantes.
Sem aquela expressão de homem mau, Jimin diria que o mais velho era apenas uma criança perdida, mas esse lado gentil e dócil, apenas as pessoas mais próximas teriam o privilégio de ver e era por isso que o loiro tinha raiva, foi por isso que ele decidiu acabar com aquele momento, se afastando e voltando a mirar a cidade lá embaixo:
— Não acho que você esteja merecendo, Jeon — debochou, com um sorriso falso estampado no rosto.
Jungkook sorriu soprado, olhando para o reflexo do mais baixo na janela:
— E o que eu preciso fazer para merecer? — cruzou os braços, salientando os músculos.
— Ir embora — Jimin mordeu o lábio inferior, não queria realmente que o mais velho fosse, céus, era tudo o que menos queria no mundo — Vá antes que eu te agarre e não te deixe ir.
Jungkook riu, um riso solto, bonito, gostoso de se ouvir, o tipo de risada que Park Jimin quase nunca escutava. Mas então ele se virou, pegou o paletó e se dirigiu até a porta, sem dizer nenhuma palavra, sem verdadeiramente se despedir, e o loiro só se virou quando o barulho da porta se fechando se fez presente, um estrondo no silêncio ensurdecedor do quarto.
E o Park quis gritar, quis dizer que Jungkook tinha entendido errado, que na verdade queria que ele tivesse ficado e que o corpo dele já era inteiro do Jeon, assim como sua alma e seu coração.
Ele quis correr e alcançar o outro e falar que não se importava de verdade, mesmo que fosse a mentira mais descarada que se atreveria a contar e ele quis chorar mais que tudo no mundo, porque doía.
Doía saber que por decisão própria não veria o amado na próxima semana, que por burrice do coração ele não queria mais ser o "outro". Não suportava ver seu Jungkook indo para os braços de outra, Não conseguia aceitar que alguém tinha o privilégio de vê-lo dando risadas bonitas e chegando cansado de um dia cheio no trabalho, podendo relaxá-lo com cafunés e talvez um filme ruim na Netflix... não importava, eles estariam aos beijos o filme inteiro, talvez fizessem amor.
Ele não suportava, porque Park Jimin adorava Jeon Jungkook e estava completamente e perdidamente apaixonado por ele.
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NOTAS FINAIS
Se você chegou aqui, muito obrigado! Essa história é muito importante pra mim e eu guardei o plot dela por um bom tempo, então de verdade espero que quem se der o trabalho de ler, goste.
Até daqui uma semana.
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Alter Ego •jjk + pjm• HIATUS
RomanceJeon Jungkook e Park Jimin se encontram duas vezes por semana em um quarto de hotel. A única coisa em comum entre eles é a busca desesperada pela fuga da realidade cotidiana, criando um personagem nos seus encontros que foge de seus egos reais, proc...