CAPÍTULO 2 – NÃO SEJA UM BABACA.
Os fones encaixados nas orelhas de Park deixavam uma melodia calma penetrar sua alma agitada. A mão esquerda amparando o rosto, enquanto o cotovelo seguia apoiado na janela do metrô, o olhar perdido do lado de fora. Era um sábado frio e com aquele vento gelado, que faz os olhos arderem e o corpo se arrepiar, contrastando com o sol no dia de outono.
Parecia que Jimin estava o tempo inteiro segurando o choro iminente, queria gritar desesperadamente e se bater por ter mandado mensagens a Jungkook no dia anterior, mas sentiria mais vontade ainda de fazer isso caso não as tivesse enviado.
Engoliu a saliva que se acumulava na boca, a garganta dolorida. Os dentes rangeram quando a tela do celular brilhou, avisando que havia recebido uma mensagem, mas essa era de Taehyung, não de quem esperava e realmente queria.
A voz feminina soou no vagão, avisando que sua parada era na próxima estação. Ele se levantou, usando as mãos para ir se apoiando até ficar na frente da porta, o lugar estava vazio, apenas um senhor lia um jornal sentado, sem perceber a fraqueza que acompanhava o jovem de cabelos claros.
Assim que as portas se abriram, Jimin caminhou em direção ao parque que ficava ali perto, as mãos protegidas por uma daquelas luvas que deixa os dedos de fora. O All Star surrado do garoto de 21 anos já estava tão velho que o mesmo sentia como se pisasse descalço no chão.
O vento bagunçou os cabelos loiros já um pouco compridos, mas ele não deu importância alguma, apenas queria se sentir menos sufocado, por isso saiu de casa, porque já não aguentava mais estar "preso".
Se aproximou do parque Yeouido, já procurando com os olhos miúdos, algum banco em que pudesse se sentar. Logo que avistou, jogou-se ali, estranhamente cansado, considerando que não andou nem mesmo por cinco minutos.
Olhou ao redor, buscando algo para observar, mas aquela hora da manhã o lugar estava meio vazio, preenchido apenas pela risada de uma criança jogando basquete com o pai.
Jimin umedeceu os lábios ressecados, o fone ainda nas orelhas, agora sendo colocado no último volume, deixando o garoto incapaz de ouvir qualquer barulho externo. Sorriu para o nada, apenas porquê teve vontade, quando a música que considerava sua e de Jeon começou a ecoar nos seus ouvidos.
Mas foi um riso passageiro, que sessou logo e deixou apenas um Park chateado para trás. Passou o dedo no nariz, limpando a coriza que se acumulava. Mirou o céu e por um momento não se incomodou por ele estar sem nuvens, assim tudo parecia mais claro.
De certa forma os pensamentos do loiro eram como um céu em dias chuvosos e densos, não se podia ver nada além das nuvens, não podia deixar os raios brilhantes do sol penetrar sua penumbra característica, jamais a cabeça dele havia ficado como um céu limpo, e tudo bem, ele aceitava isso.
Pôs a mão direita dentro do bolso da jaqueta jeans, catando o maço de cigarros e o isqueiro. Pôs a droga na boca, acendendo e deixando a fumaça preencher seu pulmão, aproveitando o conforto do vício. Olhou no relógio de pulso, nove horas da manhã.
Tragou mais uma vez, esperando que quando deixasse a fumaça sair, sua agonia interna saísse junto dela. Mas tudo o que conseguiu foram minutos ignorando sua própria existência e a existência de tudo ao seu redor.
Assim que terminou, jogou a bituca no lixo que ficava ao lado do banco, pondo as mãos pequeninas nos bolsos e fechando os olhos, sentindo o calor misturado com o vento e a música nos ouvidos.
Se distraiu com isso até sentir um leve chute na sua canela direita. Abriu os olhos, confuso e se adaptando a claridade, não reconhecendo de primeira quem tinha chamado sua atenção:
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Alter Ego •jjk + pjm• HIATUS
RomanceJeon Jungkook e Park Jimin se encontram duas vezes por semana em um quarto de hotel. A única coisa em comum entre eles é a busca desesperada pela fuga da realidade cotidiana, criando um personagem nos seus encontros que foge de seus egos reais, proc...