PRÓLOGO

414 37 177
                                    

O sangue escoava entre os vãos das taipas de madeira na varanda, era de um vermelho tão vivo que chegava doer os olhos de quem via

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.




O sangue escoava entre os vãos das taipas de madeira na varanda, era de um vermelho tão vivo que chegava doer os olhos de quem via.

Havia sido uma das camponeses que avisou sobre os gritos que ouvira da sua casa durante a madrugada. O general estava em pé, de frente para a porta entreaberta, encarando sem o menor interesse, o casebre. A manhã chegava tímida e o frio da noite ainda preenchia o ar, fazendo suas bochechas arderem a cada ricochete que lhe era desferido pelos ventos da primavera. Seu nariz tremeu levemente ao se aproximar aos poucos da entrada, o cheiro amargo de putrefação lhe invadiu as narinas, causando um incômodo. Havia poucas pessoas na rua para ver o que havia acontecido, mas ele sabia que seria questão de tempo até que a multidão preenchesse as vias estreitas de pedra seguindo rumo ao centro da cidade de Hegia, a capital do reino dos elfos.

O homem não acreditava em boatos, fofocas, cochichos ou palavras de bisbilhoteiros. E, no entanto... Apesar de estar se aproximando de uma idade avançada, Connak nunca vira tamanha urgência nas palavras de uma pessoa tão miserável para crer que não se tratava de nada. Era o motivo pelo qual havia ido ao local investigar. Perguntou a si mesmo se não estaria deixando se levar pela curiosidade, algo que chegava a lhe causar certa inquietação, sendo que na verdade poderia ser algo sem importância, do qual ele poderia ignorar e mandar um e seus subordinados para averiguar mais tarde.

De fato, teria aceitado esse pensamento, se um estranho barulho não tivesse chamado a sua atenção. Seus pés pisaram no fluído avermelhado que pintava o chão, se misturando com que a lama seca em suas botas de couro, deixando ainda mais nojentas do que já estavam. O atrito de seus passos contra o piso faziam um rangido característico, por isso tentou andar o mais lento possível. Dentro do lugar, o barulho pareceu ficar ainda mais alto e pode-se ouvir um grito, não havia sido alto, mas fez com que Connak tomasse atitudes rápidas para ver o que estava acontecendo.

A porta voou para longe com o chute que lhe fora desferido. Uma cena que não costumava ver com muita frequência lhe pegou de surpresa. Três soldados inexperientes, seguram uma moça pelas pernas. Ela tentava a todo custo se defender, mas suas ações não surtiam efeito algum e a julgar pelas correntes feitas de Mahtris* em torno de seus pulsos, o general logo soube que não se tratava de uma mulher comum. Era uma feiticeira, muito famosa por sinal. Os humanos a chamavam de Farren, embora o general elfo não soubesse dizer se era seu verdadeiro nome, mas estava a sua procura há anos. Era ela quem havia tirado sua visão do olho esquerdo e deixado uma cicatriz de presente.

Os jovens elfos riram ao ver seu superior se aproximando. Jogaram o corpo da mulher no chão, deixando sua pele clara sujar no sangue que estava por todos os lugares. Seus olhos verdes se encheram de lágrimas ao ver o homem à sua frente, estava com medo e isso estava evidente.

— Capturamos essa vadia para o senhor — era o soldado mais alto quem falava, parecia ser o líder daquele grupo e o sorriso em seu rosto não escondia isso. — Sei que a procura por anos, general. Gostaria de fazer as honras?

REINO DAS CINZASOnde histórias criam vida. Descubra agora