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- Gustav -
Naquele dia, quando ela saiu do ônibus de turnê depois de tentar me convencer a me tratar, eu fiquei pensando muito naquilo. Eu tinha ficado super mal. Eu pensava tanto naquilo que uma hora o meu cérebro explodiu em ansiedade.
"Uma hora isso vai te matar, de dentro pra fora, lentamente, e eu não quero isso"
Eu não sabia o que ela pensava de mim. Ela nunca me falou o que pensava sobre o meu vício em drogas. E foi por isso que eu fiquei magoado.
Eu pensei que ela tinha começado a me ver de outra forma depois que eu comecei a usar drogas perto dela. Antes eu não gostava de usar perto dela, isso porque eu não sabia como ela iria reagir.
Eu sei que ela já sabia, mas não que eu usava várias.
Aquela frase simplesmente foi de fuder. Doeu. Magoou. Doeu porque saiu daquela boca. Magoou porque é verdade.
Eu sempre soube que eu teria que ter controle para não ter alguma overdose e acabar morrendo e, bom, eu já tive várias. E eu meio que quase morri várias vezes.
Isso não me preocupava tanto. Eu não me importava, mas, até ela dizer eu percebi o quanto isso é...doido.
Não realmente doido, mas, doentio.
Eu comecei a usar porque eu não queria mais encarar a realidade. Eu queria transcender meus sentimentos e entrar em transe para que a depressão, a ansiedade e a vontade de me suicidar não me invadissem.
Há um tempo atrás eu tomava até vinte pílulas em um só dia. Aquilo que era exagerar, mas ela não sabe disso. Eu nunca contei que já fui pior do que o que demostro hoje.
Eu sei que ela também tem problemas. Ela é igual à mim, mas, ela ainda encara seus problemas e não se intoxica para para-los.
Então eu lembrei do dia em que a gente se conheceu. Naquele dia em que a gente ia em um rolê. Na verdade, o grupo todo se encontrou em um lugar e depois fomos comer no Mc Donalds, mas era uma sexta e estava lotado, então a gente só pediu e fomos pra casa.
Aquele dia foi inesquecível.
" - Cadê a sua irmã? - pergunto ao Eric. Ela estava aqui à uns cinco minutos atrás.
