Reconhecimento do Inimigo

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Gotham, 1º dia, noite.

— Sucesso com as Amazonas?

— Uau! — Zatanna desfez o portal com um floreio. — Você não esperou nem eu chegar para começar o interrogatório. — ela tirou as luvas e jogou em cima da mesa. — Não, não tive sucesso. E sim, eu estou bem, Bruce. Obrigada por perguntar.

— Hum...

— Como estão os crimes em Gotham? — ela sorriu. — Muito serviço para o Cavalheir...

— O que são essas entidades e qual o nível de preocupação que devemos ter?

— A Liga está na sua cola?

— Não. Eu estou na minha cola.

— Ah sim! Solitário.

— Racional!

— Entendo. — ela suspirou. — Eu não sei o que são e acredito que temos que nos preocupar muito.

— Entrou em contato com quem?

— Desculpe, eu não lembro de termos fechado um contrato em que eu lhe devo satisfação.

— Eu estou oferecendo suporte.

— Não, você está tentando controlar a situação. — ela atravessou a sala e acendeu a lareira. — Eu não preciso do Batman, Bruce.

— Entendo. — ele se movimentou pelo cômodo. — Entrou em contato com quem?

— Eu... — ela suspirou. — Com os contatos mais importantes.

— Destino?

— Ele quem me falou sobre.

— Ravena?

— Não está interessada, já tem seus próprios demônios.

— Constantine?

— John está de "férias". — ela fez aspas com as mãos.

— Solomon Grundy?

— Eu não aprendi a grunhir.

— Ra's Al Guhl? — Zatanna suspirou.

— Eu não irei nem te responder.

— Eu...

— Não. — ela se aproximou. — Vou te dar a chance de sua saída agora. — ela apontou para a janela. — Se eu precisar, eu te chamo.

— Zatanna eu...

— Boa noite Bruce. Gotham precisa de você e acho que você não ficará muito bem se eu lhe transformar em um coelho branco.

Um último suspiro. Um farfalhar de capa e Zatanna estava sozinha no apartamento. Tentou limpar a mente algumas vezes, sacudindo a cabeça e coçando seus cabelos negros e compridos. Lembrou do rasgo na roupa, murmurou um feitiço e consertou o visual. Estralou seu pescoço e sentou-se no ar, em posição de meditação. Concentrou-se em levar sua mente até a batalha.

Os olhos vermelhos, as chamas. Vultos. Escuridão. Nada parecia estar se conectando. Quem ou o que poderia ser pior que o Caos? Tentou conectar-se com qualquer presença ou magia que pudesse ter ficado em seu corpo, desde a batalha.

— Zatanna?

— Você só pode estar de brincadeira. — ela pousou ao chão. — Achei que você estava de férias, John.

— É assim que vocês estavam chamando? — ele riu.

— Melhor do que "Retiro para corrigir a postura de um ser místico". — ela sorriu, provocante. — Muito grande, não é fácil de espalhar a notícia.

— Entendo. — ele a encarou.

— Etrigan te deixou sair? — uma explosão de fogo apareceu ao lado de John, dando lugar à um demônio. — Claro! Pode entrar. Não se preocupe com o meu carpete novo.

— Desculpe! — Etrigan rosnou.

— O que você quer?

— Algo está acontecendo. — John Constantine sentou-se no sofá, acompanhado pelo demônio.

— Morgana se escondeu. Etrigan não conseguiu falar com ela. — Etrigan comentou, curioso pelo arranjo de flores em cima da mesa de centro.

— Estão todos fugindo. — Zatanna comentou, fazendo o arranjo de flores desaparecer, antes do demônio tentar comê-lo. — E os que ainda me restam, estão negando abertamente.

— Tentou o Batman? — John perguntou e Zatanna o encarou. — Nossa! — ele ergueu as mãos, se desculpando. — Não falo mais nada.

— Preciso de alguém que vai me dar fundamentação para entender o que é aquilo. — ela disse, irritada. — E os seres com magia estão ocupados demais com esse medo maldito.

— Nós podemos ajudar.

— É. Etrigan tem fundação.

— Fundamentação, demônio. — Constantine corrigiu. — Mas é, ele tem.

— Acho que seria útil a Biblioteca da Dimensão. — Zatanna comentou.

— Não tem mais Biblioteca, Zatanna. — Constantine enrugou a testa. — Você destruiu ela. Lembra?

— Eu?

— Para proteger a magia. — John se levantou. — O que está acontecendo contigo?

— Nada. — Zatanna rodeou o sofá e foi até a porta. — Só estou cansada. — ela abriu a porta, fechou e abriu novamente, deixando uma luz calorosa iluminar o apartamento. — Vocês querem ajudar?

Os três atravessaram o portal e entraram em uma sala sem fim. Luzes douradas e vermelho sangue se movimentavam por todos os lados. Constantine arrumou o sobretudo e se posicionou atrás de Etrigan. Zatanna andou a frente, focada na única figura que podia ser vista.

— Klarion?

— Zatanna! — o menino bruxo se virou, com um sorriso amistoso no rosto. — Como é bom uma companhia. Já estava me sentindo sozinho.

— Você está aqui há poucas horas. — ela disse.

— Sim. E está sendo bem difícil.

— Onde está o gato? — John perguntou, ao fundo.

— Ele não precisa do gato na Dimensão Neutra.

— Teekl é uma gata! — Klarion se aproximou, ameaçador. — E tenha mais respeito com um Lorde do Caos.

— Tanto faz! — John provocou. — O menino aí vai ajudar em alguma coisa?

— Klarion! — Zatanna voltou a falar com o menino bruxo. — Você foi o primeiro a ver o que era esse ser. — ela suspirou. — Eu estou sem recursos e Nabu quer tomar atitudes drásticas. Você precisa nos ajudar.

— Eu nunca vi...

— Nada assim. — ela completou. — Eu sei. Todos estão dizendo a mesm... Espera!

— Você entendeu, não é!

— Nunca viu nada assim! — ela repetiu. — Algo que não se vê. Não de uma maneira só.

— É. Eu achei que você não ia conseguir.

— Zatanna? — John perguntou. — Vai nos esclarecer quem é?

— Não é quem, é o que. — ela passou por Etrigan e John. — Precisamos voltar. — um portal se abriu. — Eu sei por onde começar.

— Começar a deter esse "o que"?

— Não! — ela já tinha atravessado metade do corpo pelo portal. — Começar a reconhecer nosso inimigo.

DC - Os MísticosWhere stories live. Discover now